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rfu-logo(1)Inglaterra

Símbolo: Rosa

População: 53.000.000

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Capital: Londres

Continente: Europa

Principais títulos: Copa do Mundo (2003) e Six Nations (26 vezes)

Mundiais disputados: Todos

Melhor campanha em Mundiais: Campeã (2003)

Copa do Mundo de 2011: Quartas de final

Caminho para o Mundial 2015: Classificada antecipadamente como uma das 12 melhores da Copa do Mundo de 2011

Técnico de 2015: Stuart Lancaster

2015: Grupo A

18/09 – x Fiji – Histórico: 5 jogos, 5 vitórias. Último jogo: Inglaterra 54 x 12 Fiji, em 2012 (amistoso);

26/09 – x Gales – Histórico: 126 jogos, 58 vitórias, 56 derrotas e 12 empates. Último jogo: Gales 16 x 21 Inglaterra, em 2015 (Six Nations);

03/10 – x Austrália – Histórico: 43 jogos, 18 vitórias, 24 derrotas e 1 empate. Último jogo: Inglaterra 26 x 17 Austrália, em 2014 (amistoso);

10/10 – x Uruguai – Histórico: 1 jogo, 1 vitória. Inglaterra 111 x 13 Uruguai, em 2003 (Copa do Mundo);

 

Hoje encerramos nossas prévias das seleções da Copa do Mundo com a Inglaterra, país-sede da competição e uma das favoritas ao título. Os ingleses chegam a seu terceiro Mundial jogado em casa, depois de 1991 e 1999, que foram divididos entre Inglaterra e as demais nações do velho Cinco Nações (atual Seis Nações). Em 2015, pela primeira vez, a Inglaterra receberá sozinha a competição (ou quase sozinha, pois Gales ainda receberá alguns jogos), e os olhares estarão ainda mais fixos sobre a Rosa, que luta por seu segundo título da Copa do Mundo, o que a colocaria em igualdade histórica com Nova Zelândia, Austrália e África do Sul, as bicampeãs. Jamais o Hemisfério Norte venceu um Mundial atuando em casa, com o único título sendo ganho pela Inglaterra em solo australiano. Na única final até hoje disputada no mítico Twickenham, a Inglaterra esteve lá, em 1991, e caiu diante justamente dos Wallabies. Em 2015, as lembranças daquele Mundial e o peso da pressão por um resultado positivo em casa recairá forte sobre os comandados de Stuart Lancaster.

 

A história do rugby inglês se confunde com a história do próprio esporte, uma vez que foi na Inglaterra onde tudo começou. E, como esperado, a seleção inglesa conquistou os dois primeiros anos de disputa do Home Nations (antes de virar Cinco Nações), em 1883 e 1884. Mas, a concorrência dos vizinhos não tardaria e, com a separação do rugby league, que ceifou dos quadros da seleção inglesa os grandes jogadores dos clubes dos operários do norte industrial, a Inglaterra viu de longe a taça por muitos anos, acumulando 17 anos sem conquistas na virada do século, quebrados apenas em 1910, logo após a inauguração, em 1909, do estádio de Twickenham, que marcou uma nova era para a seleção, com públicos recorde ano após ano. Apesar do reencontro com os títulos, com Grand Slams em 1921, 1923 e 1924, sob a capitania de Wavell Wakefield, a Inglaterra sofreu com um jejum de vitórias sobre suas poderosas colônias do Hemisfério Sul, derrotando pela primeira vez os Wallabies apenas em 1928 e os All Blacks somente em 1935 – já os Springboks caíram pela primeira vez contra os ingleses somente em 1969.

 

No pós-Segunda Guerra Mundial, a Rosa voltou a prosperar nos anos 50, com títulos do Cinco Nações em 1953, com o grande John Kendall-Carpenter, 1957 (com Grand Slam, seu primeiro desde 1928) e 1958. Novo título viria em 1963, mas a ascensão de França e Gales impôs novo jejum à Rosa, que só voltaria a levantar sozinha a taça em 1980, sob a liderança do segunda linha Bill Beaumont, com direito a Grand Slam. Nesse período, apesar do jejum, os ingleses comemoraram vitórias sobre os Springboks, em 1972, e All Blacks, em 1973. O título de 1980 foi uma exceção e a Inglaterra só voltaria a erguer a taça europeia em 1991. A entrada na era da Copa do Mundo foi sofrida, com fraca campanha em 1987 e eliminação nas quartas de final, mas uma verdadeira revolução estava em curso no rugby do país, com a criação da liga nacional – atual Premiership – em 1987, que viria a transformar a qualidade dos times ingleses, agora munidos por atletas que passaram a contar com um calendário muito mais competitivo do que o velho modelo de amistosos e pequenas copas que antes reinava no amadorismo do país. O título do Cinco Nações de 1991 restaurou a confiança dos ingleses para o Mundial seguinte, quando brilhou uma talentosa geração de Will Carling, Rob Andrew, Jeremy Guscott, Rory Underwood e Jason Leonard. Jogando um rugby com muita qualidade no jogo de mãos e chutes inteligente, uma moderna Inglaterra emergiu, alcançou a final da Copa do Mundo de 1991 e decepcionou em Londres na decisão contra os australianos.

 

Ainda assim, o momento marcou o início de uma nova era para uma Inglaterra que deixava à sombra de seus vizinhos talentosos para voltar a brigar pelo topo do mundo. Novos Grand Slams viriam em 1992 e 1995, levando a Inglaterra novamente entre as favoritas ao Mundial, e, apesar da qualidade de seus homens, a Rosa caiu na semifinal diante do poderoso time neozelandês. O crescimento da liga inglesa com o profissionalismo, a partir de 1995-96, assegurou a continuidade da evolução da Rosa, que voltou a cair nas quartas de final em 1999, contra a África do Sul, mas se reergueu, conquistou os Six Nations de 2000, 2001 e 2003 e foi à Austrália como uma verdadeira máquina de vitórias em 2003, com um pack poderoso de Martin Johnson, Phil Vickery e Jason Leonard, passando como um rolo compressor pelos adversários e uma linha de muita categoria, cujo grande expoente fora Jonny Wilkinson, perfeito no jogo de chutes. Na grande final, a revanche contra a Austrália aconteceu, graças ao try de Jason Robinson – oriundo do rugby league, quebrando a velha barreira existente entre os dois esportes – e os pés de Wilko.

 

Porém, o nível não foi mantido pelos ingleses, que declinaram nos anos seguintes, com seguidas lesões de Wilkinson e aposentadorias de alguns nomes importantes. A seleção voltaria à final da Copa do Mundo de 2007, aos trancos e barrancos, após despachar a França na semifinal, mas a África do Sul roubou o bicampeonato inglês em final polêmica e sem tries. Desde então, a Inglaterra seguiu em contínuo processo de renovação, sempre dando mostras de que estaria pronta para voltar ao topo, mas fracassando sistematicamente em dar um passo decisivo adiante. Desde 2003, apenas um título do Six Nations foi conquistado, em 2011, no mesmo ano em que a Rosa naufragou retumbantemente na Copa do Mundo, sendo eliminada nas quartas de final por uma França em crise.

 

Sob o comando do técnico Stuart Lancaster, a Inglaterra reencontrou sua boa forma e passou a desempenhar um rugby cada vez mais moderno, de muita velocidade e com homens de linha físicos e muito ofensivos, mas os problemas constantes em se encontrar uma dupla ideal de scrum-half e abertura e a incapacidade de criar um pack de forwards consistente e dominante nas formações vem mantendo os ingleses fora das conquistas. O trabalho do treinador começou quase perfeito em 2012, quando uma jovem, remodelada e promissora geração derrotou a Nova Zelândia e pôs fim a uma série histórica de vitórias dos All Blacks. Em 2015, a Inglaterra novamente entrou entre as favoritas ao título do Six Nations e abriu o torneio com vitória memorável sobre Gales em Cardiff, mas se viu derrotada pela Irlanda, que a dominou no pack e nas formações, e deu adeus ao título. Nos amistosos, os ingleses novamente voltaram a preocupar seu torcedor com uma atuação ruim diante da França em Paris, que lhe custou uma alarmante derrota antes do Mundial.

 

A Inglaterra caiu no chamado grupo da morte da Copa do Mundo e estará por um fio tanto de vitórias impactantes contra Austrália e Gales, que poderão dar à Rosa embalo para acreditar no título, como de um vexame histórico, pois derrotas plausíveis contra os dois oponentes poderiam eliminar a Inglaterra pela primeira vez em um Mundial na primeira fase, e em casa. A margem para erros é mínima e as consequência drásticas em um grupo tão complicado, que ainda tem Fiji como rival perigoso na abertura da competição – além do Uruguai, que não deverá complicar a vida dos anfitriões.

 

Tanto Gales como Austrália são oponentes nivelados com os ingleses. Os Wallabies aparecem como os favoritos do grupo, após superarem os All Blacks no Rugby Championship, enquanto os galeses vão a Londres com o peso da derrota em casa no Six Nations – e muita gana pelo troco. As três seleções têm pontos em comum, com mais problemas no desempenho de seus packs, em especial nas formações, mas muita qualidade nas suas terceira linhas, com força no breakdown, e em seu jogo aberto com os 3/4s.

 

Os ingleses não vivem hoje um momento empolgante na primeira linha. Joe Marler, Mako Vunipola, Dan Cole e David Wilson são todos bons nomes, mas o scrum inglês ainda não é a velha máquina dominadora de outro tempos, ao passo que a segunda e a terceira linhas vem sofrendo nos laterais e na indisciplina. As atenções estarão sobre Billy Vunipola, Chris Robshaw, Tom Wood e Courtney Lawes, cuja qualidade é inquestionável, capazes de muita pressão no breakdown, mas o momento ainda é de provarem que podem jogar com a eficiência de uma campeã mundial. O peso dos jogos contra Gales e Austrália desgastará o elenco fisicamente caso avance ao mata-mata, o que poderá ser um grande problema para as quartas de final – sobretudo se o adversário for a África do Sul, que deverá estar no caminho da segunda colocada do grupo da morte.

 

As camisas 9 e 10 ainda precisam de seus donos, o que preocupa o torcedor inglês. Ben Youngs e Danny Care têm altos e baixos, mas se focados poderão ser muito úteis na construção de uma Inglaterra ofensiva e abusada. Para a 10, Owen Farrell e George Ford brigam pela vaga, com a pressão sobre no jogo de chutes pairando sobre ambos. Os centros e as pontas parecem ser o ponto alto do time, com nomes como Henry Slade, Jonathan Joseph, Anthony Watson, Jack Nowell e Jonny May arrancando aplausos sempre, enquanto Sam Burgess pouco a pouco também vai ganhando seu espaço sempre com muita potência.

 

No embalo de “Swing Low, Sweet Chariot” a Inglaterra chega forte ao Mundial caseiro, mas ainda com mais dúvidas a responder do que com resposta prontas a dar. O time de Stuart Lancaster é forte, tem talento, e é superior à geração de 2011. Resta ganhar a confiança que um time aspirante a título necessita. A falta de conquistas recentes pode ter seu peso contrário, mas as esperanças são grandes com relação ao XV da Rosa atual. O desafio está dado. Será que os anfitriões o aguentam?

 

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