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ARTIGO COM VÍDEO – A sina continua. Não bastou a melhor campanha disparada da temporada nem o mando de jogo na decisão. O Hurricanes, mais uma vez, frustrou sua torcida e deixou escapar o título inédito do Super Rugby. A final foi contra a outra única equipe da Nova Zelândia que jamais havia vencido a competição, o Highlanders, que emergiu vitorioso na capital do país coroando seu rugby aberto e ofensivo, liderado pelo nome da temporada Aaron Smith. 21 x 14 em uma decisão de tirar o fôlego e festa em Dunedin, que pela primeira vez na história festejou o mais importante título do Hemisfério Sul. O extremo sul da Nova Zelândia, de origem escocesa e com a menor população entre todas as franquias do Super Rugby, é o novo rei da terra do rugby.

 

A euforia em Wellington antes da final era contagiante, com muita emoção no ar, pelas despedidas de Conrad Smith e Ma’a Nonu, que fizeram época com o Hurricanes, apesar de jamais terem conquistado um título com a equipe, e pelas homenagens ao ídolo falecido Jerry Collins. A festa estava armada, mas o Highlanders não fora avisado.

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O jogo começou muito intenso, com o Highlanders imprimindo muita velocidade. Os primeiros pontos saíram logo aos 4′, com Lima Sopoaga anotando o primeiro try da partida. O Hurricanes teve a chance de empatar na sequência, mas Beauden Barrett desperdiçou o primeiro penal a favor dos donos da casa. O duelo esperado entre os aberturas, valendo a camisa 10 dos All Blacks, começou bem distinta, com Barrett balançando nos chutes, enquanto Sopoaga mostrava confiança.

 

Apesar do ritmo acelerado, o domínio de posse de bola e território foi pendendo a favor dos Hurricanes, que mantiveram sua constância da temporada. Aos 15′, Savea arrancou pela ponta e colidiu com Naholo, que conseguiu recuperar para os visitantes. O time de Dunedin foi para cima, manteve a bola viva e mostrou o fino de seu rugby, trabalhando a bola em velocidade. O jogo seguiu eletrizante e foi a vez de Milner-Skudder ser detido pela retaguarda azul, que mostrou saber lidar com a força dos Hurricanes nas pontas, neutralizando as jogadas dos aurinegros pelos lados do campo.

 

Com vento contra, Barrett desperdiçou mais uma chance de penal e o peso da disputa com Sopoaga começou a pesar contra o 10 dos ‘Canes. Mais abusado na partida, Sopoaga respondeu com tentativa de drop goal, mas não foi feliz. Barrett voltou a perder penal fácil e, aos 28′, Sopoaga arrematou belo penal do meio campo para ampliar a frente dos visitantes, 6 x 0. Apesar de mais posse de bola, o Hurricanes padecia de velocidade e foi Perenara que assumiu a condução da equipe na segunda parte do primeiro tempo, acelerando o lado amarelo. O ímpeto de Perenara foi premiado aos 36’, com o Hurricanes emplacando boa sequência no campo ofensivo para o scrum-half enxergar Ma’a Nonu livre do lado cego do ruck e servir o primeiro try do jogo, com o poderoso centro mergulhando no in-goal azul. Barrett, contudo, jogou fora a conversão e manteve os ‘Landers em vantagem, 6 x 5.

 

A resposta do time do sul foi fulminante e, aos 38′, os visitantes roubaram bola no lateral, fizeram boa série de fases até Aaron Smith se infiltrar e abrir a bola encontrando Elliot Dixon, nomeado depois o jogador da partida, que puxou quatro homens para cima de si e cravou uma pintura de try no limite. 13 x 5. Superior na batalha dos rucks e do turnovers, o Highlanders fez aquilo que já havia mostrado ao longo do ano, soube jogar com menos posse de bola e deixou pouco espaço para o oponente explorar, punindo-o com um jogo rápido de contra-ataques.

 

O Hurricanes começou melhor o primeiro tempo com Barrett tirando o peso das costas para converter seu primeiro penal. Porém, o que parecia ser a reação dos amarelos não foi confirmada e, aos 46′, Naholo, que havia acabado de garantir uma bela defesa salvando seu time, finalizou bela linha de passes do Highlanders, cravando o segundo try para dar um banho de água fria dos anfitriões, 18 x 8, mas sem conversão.

 

Barrett respondeu com penal certeiro aos 53’, enquanto dois minutos depois foi a vez de Sopoaga falhar em penal na capital do vento. O abertura dos ‘Canes melhorou após o intervalo e passou a criar mais. Aos 61’, os donos da casa tiveram a chance de ouro em mãos , mas Savea cometeu kn0ck-on desastroso na hora de finalizar a linha de passes perfeita dos ‘Canes. O time amarelo crescia, fazendo jus à sua temporada, marcada sempre por ótimos finais de partidas.

 

Aos 66′, Sopoaga errou e entregou penal para Barrett colocar de vez os donos da casa no páreo, 18 x 14, e emoção pela frente. Contudo, a defesa do time de Otago mostrou suas credenciais e seu pack, apesar de pouco badalado e sem nenhum All Black, deu uma lição de como neutralizar o melhor time da temporada. Aos 70′, o Highlanders fez um falso maul e conquistou uma preciosa posse de bola. Barrett, aos 73’, fez bela jogada para os ‘Canes, mas o momento era dos ‘Landers, que cresceram e garantiram o domínio territorial nos minutos derradeiros. Sopoaga deixou o campo e Marty Banks correspondeu. O camisa 23 conseguiu grande infiltração e serviu Geldenhuys, mas o sul-africano dos Highlanders perdeu um try quase feito por lindo tackle de Savea. Os visitantes seguiram dominando a posse e Banks teve algumas chances para arriscar o drop goal até finalmente fazê-lo aos 77’. 21 x 14. Os minutos finais dramáticos fizeram o Hurricanes derreter, sem conseguir a manutenção da bola para emplacar a virada. O Highlanders controlou as ações no fim e emergiu campeão, calando o lotado Westpac Stadium.

 

Foi apenas a quinta vez na história do Super Rugby, e a primeira desde 2007, que um visitante venceu a grande final. O Highlanders só havia disputado até hoje uma final, em casa, em 1999, quando fora derrotado pelo Crusaders. E seu retorno às decisões não poderia ser melhor.

 

Super Rugby logo

Super Rugby – Liga da África do Sul, Austrália e Nova Zelândia

Final

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Hurricanes 14 x 21 Highlanders, em Wellington

 

Hurricanes

Try: Nonu

Penais: Barrett (3)

15 James Marshall, 14 Nehe Milner-Skudder, 13 Conrad Smith (c), 12 Ma’a Nonu, 11 Julian Savea, 10 Beauden Barrett, 9 TJ Perenara, 8 Victor Vito, 7 Ardie Savea, 6 Brad Shields, 5 James Broadhurst, 4 Jeremy Thrush, 3 Ben Franks, 2 Dane Coles, 1 Reggie Goodes.

Suplentes: 16 Motu Matu’u, 17 Chris Eves, 18 Jeffery Toomaga-Allen, 19 Callum Gibbins, 20 Blade Thomson, 21 Chris Smylie, 22 Rey Lee-Lo, 23 Matt Proctor.

 

Highlanders

Tries: Dixon e Naholo

Conversões: Sopoaga

Penais: Sopoaga (2)

Drop goal: Banks (1)

15 Ben Smith (c), 14 Waisake Naholo, 13 Malakai Fekitoa, 12 Richard Buckman, 11 Patrick Osborne, 10 Lima Sopoaga, 9 Aaron Smith, 8 Nasi Manu (c), 7 James Lentjes, 6 Elliot Dixon, 5 Alex Ainley, 4 Mark Reddish, 3 Josh Hohneck, 2 Liam Coltman, 1 Brendon Edmonds.

Suplentes: 16 Ash Dixon, 17 Daniel Lienert-Brown, 18 Ross Geldenhuys, 19 Joe Wheeler, 20 Shane Christie, 21 Gareth Evans, 22 Fumiaki Tanaka, 23 Marty Banks.

 

Lista de campeões do Super Rugby (desde 1996)

1 – Crusaders (Nova Zelândia) – 7 títulos

2 – Blues (Nova Zelândia) – 3 títulos

Bulls (África do Sul) – 3 títulos

4 – Brumbies (Austrália) – 2 títulos

Chiefs (Nova Zelândia) – 2 títulos

6 – Highlanders (Nova Zelândia) – 1 título

Reds (Austrália) – 1 título

Waratahs (Austrália) – 1 título

 

Lista de campeões desde a era Super 10 (desde 1993)

1 – Crusaders (Nova Zelândia) – 7 títulos

2 – Blues (Nova Zelândia) – 3 títulos

Bulls (África do Sul) – 3 títulos

Reds (Austrália) – 3 títulos

5 – Brumbies (Austrália) – 2 títulos

Chiefs (Nova Zelândia) – 2 títulos

7 – Highlanders (Nova Zelândia) – 1 título

Waratahs (Austrália) – 1 título

Lions (África do Sul) – 1 título

 

Lista de campeões por país desde 1996

1 – Nova Zelândia – 13 títulos

2 – África do Sul – 3 títulos

Austrália – 3 títulos

 

Lista de campeões por país desde 1993

1 – Nova Zelândia – 13 títulos

2 – Austrália – 5 títulos

3 – África do Sul – 4 títulos

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