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irlanda all blacks 2013

A Irlanda jamais havia derrotado a Nova Zelândia. A Nova Zelândia não era derrotada desde 2012, acumulava 13 vitórias seguidas em 2013 e buscava ser a primeira seleção da era profissional a vencer todos os seus jogos do ano. Antes da partida, Brian O’Driscoll, que já conta os meses para a aposentadoria, declarou que, sim, a Irlanda iria vencer os poderosos All Blacks e fazer história em Lansdowne Road. Tudo isso quase aconteceu. Quando parecia que o tabu cairia, a Nova Zelândia conquistou uma colossal vitória de virada nos acréscimos da partindo, frustrando a nação verde e atingindo a história marca de 14 vitórias em 14 jogos no ano, virando a primeira seleção na história do rugby profissional a vencer todas as suas partidas no ano. 24 x 22 em Dublin.

Em 40 minutos de jogo, os irlandeses fizeram o que ninguém no ano em meio tempo de jogo conseguiu: atropelar os All Blacks com 22 pontos somados, 57% de posse de bola e perfeição nos rucks, laterais e scrums. O Trevo começou o jogo mágico, impondo um ritmo alucinante que não foi acompanhado pelos All Blacks. Aos 4′, depois de alimentar dois rucks rápidos Conor Murray achou o espaço e cravou o primeiro try irlandês, para o delírio da torcida. 7 x 0 para dar moral.

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Os verdes seguiram impecáveis, dando as cartas. Murray acelerou o jogo para os irlandeses, que seguiram soberanos nos rucks – em trabalho perfeito dos avançados, sobretudo da terceira linha de Heaslip, O’Brien e O’Mahony. A velocidade imposta se transformou em um fulminante ataque puxado por Murray, com fases meteóricas e finalizado na potência por Rory Best, que fez o segundo try da Irlanda aos 10′. Incrível, 14 x 0.

A Nova Zelândia, atônita, esboçou uma reação, foi para o ataque e levou um duro revés. Aos 17′, Rob Kearney interceptou passe horrível de Cruden e correu quase 80 metros para anotar o terceiro try verde que, desta vez, não foi convertido. 19 x 0 que nem o mais otimista leprechaun poderia prever. Ainda assim, os All Blacks não abaixaram a cabeça e foram para cima. Primeiro, Luatua quase criar um try com lindo passe reverso, mas a Irlanda se safou. Depois, aos 25′, não teve jeito. Cruden desferiu um genial chute cruzado para Savea fazer o primeiro try neozelandês.

Qual foi a resposta verde ao try preto? Mais pressão, laterais precisos e muita intensidade nos contra-rucks, dominando o jogo de base. O resultado de uma sequência de fases rápida foi um penal a favor da Irlanda, que Sexton chutou para fazer 22 x 7, resultado final da primeira etapa histórica, com os irlandeses indo para os vestiários aplaudidos de pé por todo o estádio.

Os All Blacks voltaram bem e mais focados no segundo tempo, mantendo mais a bola sob controle. Aos 49′, Dagg investiu sobre a defesa verde, mas foi impedido de apoiar a bola por milímetros, com o try sendo anulado pelo TMO. A pressão dos Homens de Preto se seguiu e Dagg novamente teve a chance do try, mas Murray salvou o Trevo. O penal já havia sido marcado e Cruden fez mais 3 pontos para os visitantes. 22 x 10, aos 52′.

A Irlanda sentiu o cansaço de ter imprimido um ritmo tão forte ao longo do jogo e cedeu novo penal para os All Blacks, mas Cruden foi atrapalhado pelo vento e errou o arremate. Porém, o domínio era completo dos All Blacks e, aos 64′, Ben Franks finalizou com potência e mesmo sangrando a poderosa sequência de fases. Try para deixar apreensivo o Aviva Stadium. 22 x 17, Irlanda ainda na frente.

Os minutos finais foram tensos, com a Irlanda buscando sobreviver. O Trevo emplacou um bom volante, mas Barrett entrou em campo e deu uum gás extra aos All Blacks, que precisavam apenas de um try. Tudo levava a crer que os neozelandeses atropelariam para a vitória, mas a Irlanda tinha muito coração. Foi para cima, imendou um demolidor volante empurrado pela torcida e arrancou um precioso penal aos 73′, mas Sexton, tragicamente, errou o chute.

Ainda havia muito drama pela frente. A Nova Zelândia conseguiu um grande ataque aos 77′, mas, quando tinha tudo para correr para o try, Nonu derrubou a bola e, na sequência, Murray, um monstro (o homem do jogo!), desferiu o chute para o ataque que deu um ataque final precioso para o aguerrido e exaurido Trevo.

Foi no último ataque, nos acréscimos, os All Blacks produziram o “Landsdownazo”. Mantiveram a bola viva até o fim e Crotty, na ponta, cravou o try do empate para os neozelandeses, chocando os incrédulos torcedores irlandeses, que viram ir embora a história primeira vitória da Irlanda sobre os All Blacks. Na conversão, Cruden errou o primeiro chute, mas o árbitro mandou voltar o arremate por conta da interferência de dois atletas irlandeses. Na segunda tentativa,  abertura deu a vitória para os Homens de Preto. 24 x 22 e um clima fúnebre em Lansdowne Road. França quatro vezes, Austrália três vezes, África do Sul duas vezes, Argentina duas vezes, Japão uma vez, Inglaterra uma vez e Irlanda uma vez. Todos foram vítimas de um dos maiores times de rugby da história.

 

irlanda22versus copiar24all blacks

Irlanda 22 x 24 Nova Zelândia, em Dublin

Árbitro: Nigel Owens (Gales)

Irlanda

Tries: Murray, Best e Rob Kearney

Conversões: Sexton (2)

Penais: Sexton (1)

15 Rob Kearney, 14 Tommy Bowe, 13 Brian O’Driscoll, 12 Gordon D’Arcy, 11 David Kearney, 10 Jonathan Sexton, 9 Conor Murray, 8 Jamie Heaslip, 7 Sean O’Brien, 6 Peter O’Mahony, 5 Paul O’Connell (c), 4 Devin Toner, 3 Mike Ross, 2 Rory Best, 1 Cian Healy.

Suplentes: 16 Sean Cronin, 17 Jack McGrath, 18 Declan Fitzpatrick, 19 Mike McCarthy, 20 Kevin McLaughlin, 21 Isaac Boss, 22 Ian Madigan, 23 Luke Fitzgerald.

Nova Zelândia

Tries: Savea, Ben Franks, Crotty

Conversões: Cruden (3)

Penais: Cruden (1)

15 Israel Dagg, 14 Cory Jane, 13 Ben Smith, 12 Ma’a Nonu, 11 Julian Savea, 10 Aaron Cruden, 9 Aaron Smith, 8 Kieran Read, 7 Richie McCaw (c), 6 Steven Luatua, 5 Sam Whitelock, 4 Luke Romano, 3 Charlie Faumuina, 2 Andrew Hore, 1 Wyatt Crockett.

Suplentes: 16 Dane Coles, 17 Ben Franks, 18 Owen Franks, 19 Brodie Retallick, 20 Sam Cane, 21 TJ Perenara, 22 Beauden Barrett, 23 Ryan Crotty.

 

Foto: BBC