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O site Americas Rugby News, de Paul Tait, trouxe uma notícia alarmante: a Copa do Mundo de 2019 poderá não ser mais no Japão. E quem poderá receber o Mundial é a África do Sul.

 

Os problemas se somam a atolam a União Japonesa de Rugby (JRFU) nos últimos meses. Além dos problemas graves com a franquia de Super Rugby, que poderá ter suas atividades para o ano que vem canceladas, a JRFU recebeu como uma bomba o anúncio do governo japonês de que o bilionário Estádio Olímpico de Tóquio não estará pronto para a Copa do Mundo de 2019, com o projeto, que também será usado nos Jogos Olímpicos de 2020, em revisão.

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Sem o Estádio Olímpico, a JRFU foi intimada pelo World Rugby a encontrar logo uma solução, mas ainda nenhuma definição ocorreu. Com 90 mil lugares previstos, o Estádio Olímpico seria o maior estádio do país e haveria, com isso, uma redução no número de lugares disponíveis caso outro estádio fosse escolhido. O Estádio Internacional de Yokohama, com 72.000 lugares, já havia sido escolhido como uma das sedes da competição, mas poderia ser elevado à condição de primeira arena do Mundial de Rugby, mas precisaria de uma outra opção para desafogar seu calendário.

 

A ineficiência demonstrada pela JRFU alarmou o World Rugby e o site sul-africano Supersport noticiou que as conversas do World Rugby com a SARU (União Sul-Africana de Rugby) já estão em andamento para definir se a África do Sul tem condições imediatas para assumir o torneio caso o Japão não seja mais a sede.

 

Opinião:

Caso a Copa do Mundo de 2019 não seja realizada no Japão o rugby estaria diante de um genuíno retrocesso. O Mundial de 2019 seria um marco para o esporte, pois pela primeira vez a Copa do Mundo seria realizada fora de uma das oito potências tradicionais do rugby mundial, que controlaram por décadas o IRB (World Rugby): Inglaterra, Gales, Escócia, Irlanda, França, Nova Zelândia, Austrália e África do Sul. Para o rugby se tornar um esporte genuinamente global tal movimento para fora dos velhos bastiões é crucial, não apenas como gesto simbólico, como também para abrir novos mercados.

 

Mesmo sem o Estádio Olímpico, o Mundial do Japão tem muito mais lugares disponíveis do que teve a Copa do Mundo de 2011 na Nova Zelândia. O Estádio de Yokohama tem 12 mil lugares a mais que o Eden Park de Auckland, e os neozelandeses só tiveram mais um estádio com capacidade de pelo menos 40 mil espectadores, o estádio de Wellington. O Japão tem ainda outros quatro estádios com capacidade igual ou superior ao do estádio de Wellington.

 

Todos os estádios do Japão somados, incluindo o Estádio Olímpico, teriam 500 mil lugares disponíveis. Entre as opções para sua substituição está o estádio de Saitama, na grande Tóquio, com cerca de 60 mil lugares, e o estádio Ajinomoto de Tóquio, com 50 mil assentos. Isto é, a Copa do Mundo de 2019 ao redor de 450 mil lugares entre todos os estádios estariam disponíveis. Na Nova Zelândia, todos os estádios de 2011 totalizam pouco menos de 320 mil lugares, enquanto os estádios de 2015 juntos somam pouco mais de 580 mil lugares, mas a maioria deles com calendário apertados por conta do futebol inglês. Haveria uma perda, sim, mas não o bastante para ser tão alarmante a ponto de tirar do Japão o Mundial. O problema certamente está na confiança. O World Rugby perdeu a confiança na JRFU por conta dos atrasos e, ainda presente, o lobby das velhas nações tradicionais do rugby é sempre forte para que um país que não é tradicional no esporte seja punido mais severamente. O momento é delicado, para dizer o mínimo.

 
Foo: Estádio de Yokohama. FIFA.com