Foto: Mitre10 Cup

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ARTIGO COM VÍDEOS – A Mitre 10 Cup (o Campeonato Neozelandês) encerrou sua temporada regular neste fim de semana. Na Premiership, a 1ª divisão, Auckland, o melhor time da competição, enfrentará Waikato numa semifinal, ao passo que a outra semifinal terá Tasman contra Bay of Plenty. No Championship, a 2ª divisão, as semifinais serão Hawke’s Bay contra Taranaki e Otago versus Northland.

O grande assunto, no entanto, foi Canterbury se salvando do rebaixamento da Premiership ao vencer justamente o melhor time da competição, no Auckland, no grande clássico nacional – para o azar de North Harbour, que acabou rebaixado e jogará o Championship em 2021.

Como Canterbury conseguiu o feito? Quais os destaques da jornada? Tudo analisado e explicado neste artigo da 10ª jornada da Mitre 10 Cup 2020!

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Melhores equipes da jornada: Canterbury e Bay of Plenty

Num fim de semana que prometia ser do mais dramático possível, Canterbury e Bay of Plenty fizeram questão de subir o tom do drama para um patamar híper elevado, já que os encontros frente a Auckland e North Harbour, respectivamente, só ficaram decididos nos últimos minutos, decidindo quem ficava com o último lugar do playoff, quem garantia a manutenção e quem recebia a triste notícia da descida de divisão que acabou nas mãos da equipa de North Harbour. Comecemos pelo porquê de atribuirmos a menção de co-melhor equipa da semana a Canterbury.

A perder por quase 20 pontos de diferença frente aos super-favoritos Auckland, o elenco de Christchurch foi capaz de recuperar da diferença pontual e acabar na frente tudo isto na 2ª parte, e apesar do excessivo sofrimento sentido em cada nova bola ou cada pontapé efectuado, a verdade é que naqueles segundos 40 minutos foi possível de assistir uma equipa extremamente competente e focada na missão de garantir o máximo número de pontos.

Com Mitchell Drummond a realizar uma extraordinária exibição – foi um dos jogadores que mais lutou pela manutenção de Canterbury – e um bloco de avançados agressivamente lutadores no breakdown (destaque para os 3ªs linhas Tom Christie e Tom Sanders, que terminam em grande a época) e no scrum, foi possível aos da casa garantirem 27 pontos na segunda metade do encontro, pulsando um rugby de domínio em tudo o que concerne a ação direta do bloco avançado e confiança nos momentos decisivos, como foi no pontapé do ponta de 19 anos Chay Fihaki aos 75 minutos.

Ultrapassado este jogo de grandes emoções, quem realmente pôs fim à dúvida de quem ficava ou descia de divisão foi Bay of Plenty, equipa que o ano passado militou e ganhou a divisão Championship e foi capaz de garantir um apuramento para o mata-mata da Premiership, nesta sua primeira temporada depois da subida, enviando a formação de North Harbour de volta ao escalão secundário da Mitre10 Cup. As duas equipas mostraram excelentes argumentos nos últimos encontros da temporada e ambas mereciam ter igualmente recebido o bilhete de permanência, mas quis a sorte (para uns) que fosse o elenco dos Steamers a garantir a permanência e apuramento para as semifinais da primeira divisão do campeonato provincial neozelandês.

Começaram francamente mal o encontro, permitindo North Harbour mandar como queriam nos avançados, especialmente nos alinhamentos e maul dinâmicos (conseguiram quatro tries a partir desta plataforma), recuperando logo de seguida por meio da maior mobilidade das suas ações de ataque com Kaleb Trask a realizar uma estupenda prestação com e sem bola, governando com qualidade a partir da posição de defesa.

Mais velocidade, maior virtuosismo e uma confiança inabalável foram os elementos técnicos e mentais que acabaram por fazer a diferença quando mais importou, ou seja, nos últimos 5 minutos, altura em que North Harbour foi capaz de marcar um try que Bryn Gatland – o melhor marcador da prova na fase regular com 119 pontos – não foi capaz de converter, seguindo-se uma penalidade que Trask teve toda a calma e lucidez do Mundo para garantir os 3 pontos que puseram um fim ao dramatismo e tragédia.

5 minutos em que estiveram vários pontos em discussão e que acabaram por pender para o lado da equipas sensação de Bay of Plenty, olhando estes agora para o sonho supostamente improvável… ganhar a Mitre 10 Cup.


 

A surpresa: Northland

Improvável e inesperada a vitória da equipa sediada em Whangārei, numa das partes mais a norte da Nova Zelândia, frente a uma das formações (teoricamente) candidatas ao título da divisão Premiership da Mitre 10 Cup, submetendo aquilo que ficou uma derrota quase histórica. Northland é dos elencos mais “pobres” em termos de jogadores-referência, tendo só Sam Nock, Rene Ranger, Kara Pryor ou Tom Robinson, apresentando depois atletas menos conhecidos mas que lutam por um lugar ao “sol” Dan Hawkins, Jordan Olsen ou Lua Li, elevando a dose de trabalho árduo e focado evitando todos os anos fugir ao último lugar da 2ª divisão do campeonato de províncias da Nova Zelândia, um cenário “comum” para esta equipa de Whangārei.

Contudo, 2020 tem sido um ano atípico para o Mundo e rugby, e o facto de Northland ter conseguido o apuramento para o mata-mata da divisão Championship com a conquista de 4 pontos ante os supra-favoritos Waikato deixa antever que outras surpresas possam acontecer… mas bem, vamos ao que se passou dentro de campo.

Waikato foi algo superior no que toca à imprevisibilidade técnica, com bons momentos técnicos evocados por Liam Messa, Xavier Roe ou Quinn Tupaea, mas faltou consistência física para aguentar a maior fisicalidade de Northland, principalmente o jogo parado, em que a equipa da casa foi bastante “agressiva” nas suas conquistas, forçando penalidades a partir do maul dinâmico ou nos scrums, tendo que se dar destaque à excelente primeira linha, onde estão Lua Li, Jordan Olsen (o hooker é um ativo bem interessante e que deveria ter uma oportunidade no rugby de franquias) e Coree Whata-Colley.

Este amassar físico do bloco adversário foi essencial para elevar Northland nos momentos mais desesperantes do encontro, em especial quando Waikato se aproximou com muito perigo da área de try na reentrada da 2ª parte, só que a disponibilidade mental de Northland inspirou para uma capacidade defensiva física comprometida e inteligente, impedindo os seus adversários de conseguirem fazer os pontos necessários para se distanciarem no marcador.

Sem penalidades, sem erros e com várias doses de paciência e calma, Northland foi capaz de respirar “fundo” e recuperar a oval por dois erros de controlo de bola dos seus adversários e retomaram o tal domínio territorial, conseguindo um try aos 50′ que acalmou por completo o encontro e lhes deu a “paz” necessária para ganhar o encontro de forma merecida, podendo agora sonhar com algo mais na fase final da competição.

O MVP da rodada: Jackson Garden-Bachop (Wellington)

O abertura esteve em todas melhores jogadas de Wellington, conferiu um sentido de jogo sempre positivo e de grande velocidade, desprendendo-se daquelas amarras de ficar entregue ao jogo puramente tático, impondo uma série de acelerações de supremo nível, ludibriando bem os possíveis tacleadores para abrir espaço ou uma linha de apoio ofensivo de nível e que os Leões da capital neozelandesa para a vitória e, assim, apuramento para a fase de decisão de campeão da principal Mitre 10 Cup.

Jackson Garden-Bachop foi autor de uma assistência para tries, cinco assistências para quebras de linha de colegas da sua equipa, oito defesas batidos e cinco quebras de linha suas que deram outro gosto e vivacidade ao ataque de Wellington, abrindo então espaços na defesa de Manawatu, com os jogadores deste elenco a mostrarem-se demasiado permeáveis na hora de defender ou subir ou não em pressão. O abertura da equipa visitante foi sempre um problema, elevando-se sempre que havia uma oportunidade, impondo um ritmo alto e, por vezes, impossível de acompanhar por parte dos seus marcadores diretos, incomodando constantemente os seus adversários e transformou o domínio de Wellington em algo palpável e concreto.

Nota para Mitchell Drummond e Joe Webber, com ambos os jogadores a realizarem jogos de alta categoria, com o formação a criar três situações de try (e duas assistências) e Webber a mostrar o porquê de ser considerado um dos pontas mais incisivos e perigosos deste campeonato da Nova Zelândia.

Tasman e Hawke’s Bay confirmam favoritismo

Tasman assegurou o segundo lugar e o mando de jogo na semifinal da Premiership ao derrotar fora de casa por 26 x 20 o Otago, que acabou como o segundo colocado do Championship. O primeiro posto do Championship foi de Hawke’s Bay, que venceu duelo parelho contra Taranaki por 34 x 33. O resultado, no entanto, foi suficiente para Taranaki também ir às semifinais do Championship, ajudado ainda pela derrota de Southland contra o eliminado Counties Manukau por 25 x 17.



 

Mitre 10 Cup – Campeonato Neozelandês

Counties Manukau 25 x 17 Southland

Northland 28 x 17 Waikato

Wellington 31 x 05 Manawatu

Otago 20 x 26 Tasman

Bay of Plenty 37 x 33 North Harbour

Taranaki 33 x 34 Hawke’s Bay

Canterbury 34 x 33 Auckland

 Equipes (Províncias)ApelidosCidade(s)JogosPontos
Premiership - 1ª divisão
AucklandGullsAuckland1036
TasmanMakosNelson e Blenheim1033
bay of plentyBay of PlentySteamersRotorua e Tauranga1031
WaikatoMooloo MenHamilton1029
CanterburyLambsChristchurch1029
wellington lionsWellingtonLionsWellington1029
North HarbourHibiscusAuckland (Norte)1027
Championship - 2ª divisão
hawkes bayHawke's BayMagpiesNapier1036
OtagoRazorbacksDunedin1030
NorthlandTaniwhaWhangarei1024
TaranakiBullsNew Plymouth1024
SouthlandStagsInvercargill1016
counties manukauCounties ManukauSteelersPukekohe 1014
Manawatu TurbosPalmerston North109
- Vitória = 4 pontos;
- Empate = 2 pontos;
- Derrota = 0 pontos;
- Anotar 4 ou mais tries = 1 ponto extra;
- Perder por diferença de 7 pontos ou menos = 1 ponto extra;

- Premiership: 1º ao 4º ligares = classificação às Semifinais pelo título;
- Premiership: 7º lugar = rebaixamento ao Championship 2016;
- Championship: 1º ao 4º lugares = classificação às Semifinais pela promoção à Premiership 2016

 

Números

Maior marcador de pontos (equipe): Bay of Plenty – 37 pontos;
Maior marcador de tries (equipa): V]arias – 5 tries;
Maior marcador de pontos (jogador): Mitchell Hunt (Tasman) – 16 pontos;
Maior marcador de tries (jogador): Salesi Rayasi (Auckland) – 3 tries;
Melhor da Jornada: Jackson Garden-Bachop (Wellington);

 

Premiership – semifinais

versus copiar

21/11 – Auckland x Waikato, em Auckland

versus copiarbay of plenty

21/11 – Tasman x Bay of Plenty, em Nelson

 

Championship – semifinais

versus copiar

20/11 – Otago x Northland, em Dunedin

versus copiar

21/11 – Hawke’s Bay x Taranaki, em Napier