Foto: Taranaki

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ARTIGO COM VÍDEOS – Fim de semana bem longo de rugby pela Nova Zelândia, já que começou sexta-feira e só terminou no Domingo, onde se deu a disputa de um troféu muito especial, o Ranfurly Shield, que pertencia até sábado passado à formação de Canterbury, tendo o perdido no desafio lançado pelos irascíveis de Taranaki! Mas terá sido a equipe de Barrett&Barrett (quando Scott voltar a jogar teremos o trio a representar a mesma equipe de província) a melhor da semana? Ou esse destaque vai para os lados do Norte?

Taranaki conquista o Ranfurly Shield!

Nada melhor que conquistar logo o primeiro título da época após a 2ª jornada da Mitre10 e, ainda por mais, contra um rival de longa data, não é Taranaki? A equipe de Beauden e Jordie Barrett (as duas principais estrelas de uma equipe que ainda tem Tupou Vaa’i e Lachlan Boshier) foi capaz de conquistar uma vitória no difícil reduto de Canterbury por 23-22 e não só levou os 4 pontos como também conquistou, pela 7ª vez na sua história, o Ranfurly Shield.

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Este troféu foi criado no início do século XX e a explicação mais sucinta é de que a equipe detentora desta prata tem de defende-lo em todos os jogos em casa até ao final da temporada, podendo também lançar o desafio em jogos como visitante, mas não obrigado a fazê-lo. Ora Canterbury foi capaz de conquistá-lo em 2018 e desde então nunca tinha perdido qualquer jogo em casa na fase regular (as eliminatórias não contam como desafio de Ranfurly Shield), tendo realizado mais de 15 defesas bem sucedidas… até jogarem frente a Taranaki em 2020.

Mesmo com Richie Mo’unga (exibição mediana do abertura, que foi completamente dominado na defesa e manietado no ataque,), Mitchell Drummond (duas assistências para coroar uma exibição de grande nível do nº9), George Bridge, Cullen Grace, entre outros, Canterbury só por uma vez esteve à frente do resultado e revelou diversos problemas em tentar perceber como contornar a estratégia de kick and fetch de Taranaki, assim como fazer valer o seu maior domínio do pack de avançados, com estes a perderem o controlo do maul dinâmico ou sem impacto necessário no scrum. Mas indo ao porquê de Taranaki ter sido a melhor equipe da semana, é fácil… rugby extremamente inteligente e de controlo, optando por prescindir da defesa em blitz ou de uma pressão constantemente alta, subindo desfasadamente de forma a tentar criar a ilusão que havia espaço para jogar.

Canterbury caiu na rasteira e as suas unidades isolaram-se em demasia nas ações de ataque, ficando expostas aos especialistas de breakdown do adversário, com Lachlan Boshier a registar 7 conquistas de bola no ruck ou contacto, sem esquecer duas intercepções para Beauden e Jordie Barrett (no total). O ataque viveu entre o kick and fetch, onde Jordie Barrett se destacou no ir buscar a oval no ar, bem apoiado sempre pelo Tei Walden ou Sean Wainui, lançando depois acções rápidas que surtiram em pontos em pelo menos três ocasiões. É um estilo de jogo mais metódico, tático e que opta por esgotar as energias do adversário na defesa e em contra-ataques que forçam medidas drásticas do outro lado.

A surpresa: Auckland cai nas mãos de Ase e Saveas

A maior surpresa da ronda coube a Wellington, que depois de ter começado a época com uma derrota em casa, foi capaz de ir a Auckland garantir uma vitória bonificada e até pacífica mostrando atributos que podem levá-la a sonhar a uma nova ida à final da Premiership da Mitre10. Foi talvez o maior blockbuster da 2ª jornada, até porque de um lado estavam os irmãos Ioane, Sotutu ou Tu’ungafasi e do outro constavam os Savea, TJ Perenara ou Asafo Aumua, sendo aquele típico jogo pincelado e apimentado com o estilo Maori mesclado com o virtuosismo e genialidade do risco das Ilhas do Pacífico.

Quando se esperaria um jogo de igual para igual, surpreendentemente o resultado final ficou nos 39-21, podendo até ter sido mais largo caso Vince Aso e Billy Proctor tivessem aproveitado duas francas boas oportunidades na 2ª parte, altura em que Auckland estava algo perdida nos processos de jogo e a registrar diversos erros nas fases estáticas ou a cometer penalidades por impedimento.

Este caos tático e exibicional adveio do que se passou nos primeiros 40 minutos, já que nesse período do jogo, Wellington tinha sucesso na maioria das combinações ou jogadas, impondo um jogo ao pé atemorizante, que tanto nascia de pontapés mais recuados de Jackson Garden-Bachop ou de kicks matreiros junto ao ruck por TJ Perenara (assistência primorosa para Umaga-Jensen que apareceu bem nas costas e acelerou até capturar a oval para seguir até debaixo dos postes), com os homens de Alama Ieremia (o treinador de Auckland é um ex-All Black com mais de 40 caps) a serem apanhados desprevenidos e sem capacidade para contrariar esta sagacidade e volatilidade ofensiva de Wellington. Seis tries contra três, rugby pulsante e dinâmico contra algo mais estático e pesado e, sem dúvida, uma equipe que tanto consegue fazer algo extraordinariamente mágico num dos jogos mais esperados deste início da Mitre10.

O MVP: Mitch Hunt

Jogou e fez jogar, é isto que se espera de um abertura, especialmente um da Nova Zelândia. Tenha sido no jogo ao pé ou na construção de jogo da super equipe de Tasman (é, a par de Waikato, o elenco que melhor joga em termos de excentricidade, velocidade e capacidade de criar algo estrondoso do nada), Mitch Hunt foi a unidade mais importante dentro de campo, conferindo os mecanismos necessários para que conseguissem dominar quase por completo Northland, que nunca seriam um adversário à altura. Cinco conversões (83% de eficácia nos pontapés aos postes), duas assistências, três quebras de linha, 38 metros conquistados e uma série de pormenores técnicos que alimentaram o fluxo de ataque de Tasman ao ponto de terem conquistado uma vantagem larga desde os primeiros 10 minutos do encontro. Hunt está num momento de forma de grande nível e é uma das chaves-mestras, com Will Jordan e David Havili, da espetacularidade de jogo dos primeiros classificados da Mitre10.

Mais jogos

Waikato segue na liderança isolada da primeira divisão, cumprindo sua missão de vencer North Harbour por 41 x 19, com Damian McKenzie brilhando de novo. Já Bay of Plenty está na zona de classificação às semifinais ao vencer Southland por apertados 17 x 14.


Na segunda divisão, Otago conseguiu sua primeira vitória com 36 x 25 fora de casa sobre Manawatu, enquanto Hawke’s Bay jogou Counties Manukau à última colocação ao fazer 31 x 17.


Mitre 10 Cup – Campeonato Neozelandês

Tasman 54 x 21 Northland

Waikato 41 x 19 North Harbour

Canterbury 22 x 23 Taranaki – Ranfurly Shield

Bay of Plenty 17 x 14 Southland

Hawke’s Bay 31 x 17 Counties Manukau

Manawatu 25 x 36 Otago

Auckland 21 x 39 Wellington

 Equipes (Províncias)ApelidosCidade(s)JogosPontos
Premiership - 1ª divisão
AucklandGullsAuckland1036
TasmanMakosNelson e Blenheim1033
bay of plentyBay of PlentySteamersRotorua e Tauranga1031
WaikatoMooloo MenHamilton1029
CanterburyLambsChristchurch1029
wellington lionsWellingtonLionsWellington1029
North HarbourHibiscusAuckland (Norte)1027
Championship - 2ª divisão
hawkes bayHawke's BayMagpiesNapier1036
OtagoRazorbacksDunedin1030
NorthlandTaniwhaWhangarei1024
TaranakiBullsNew Plymouth1024
SouthlandStagsInvercargill1016
counties manukauCounties ManukauSteelersPukekohe 1014
Manawatu TurbosPalmerston North109
- Vitória = 4 pontos;
- Empate = 2 pontos;
- Derrota = 0 pontos;
- Anotar 4 ou mais tries = 1 ponto extra;
- Perder por diferença de 7 pontos ou menos = 1 ponto extra;

- Premiership: 1º ao 4º ligares = classificação às Semifinais pelo título;
- Premiership: 7º lugar = rebaixamento ao Championship 2016;
- Championship: 1º ao 4º lugares = classificação às Semifinais pela promoção à Premiership 2016

 

Números

Maior marcador de pontos (equipe): Tasman – 54 pontos
Maior marcador de tries (equipe): Tasman – 8
Maior marcador de pontos (jogador): Damian McKenzie (Waikato) – 16 pontos
Maior marcador de tries (jogador): Sevu Reece (Tasman) – 3 tries
Melhor da Jornada: Mitch Hunt (Tasman)

O pontapé de Mitch Hunt para o try de Leicester Fainga’anuku