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ARTIGO COM VÍDEOS – Os jogos contra a Alemanha são importantes para avaliarmos virtudes e defeitos da seleção brasileira que se prepara para o “Seis Nações das Américas”. Flávio Mazzeu, treinador tricampeão da Copa Cultura Inglesa por São Paulo, nos enviou sua análise do último jogo, já pensando no desafio do Pacaembu. Confira!

 

O Brasil vive um momento diferente. A seleção está enfrentando um adversário novo e desconhecido, propício para testar nosso rugby em um novo nível. O time de Ambrosio conta com treinamentos diários em academias, um campeonato nacional de boa qualidade, com densidade de jogos nunca visto antes pelo rugby nacional. Temos jogadores recrutados de nível internacional e contamos com uma com gestão administrativa referência no ambiente esportivo do país. Já o adversário também apresenta qualidade, mas com dificuldades similares aos dos Tupis. Mas, como é natural, dificuldade na montagem da equipe aparecem e é hora de analisarmos aspectos do jogo brasileiro, a fim de apontar para problemas que devem ser trabalhados daqui em diante.

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Logo no inicio da partida de Blumenau, pudemos ver equilíbrio entre as formações fixas, com sequências de controle da posse e recuperação entre ambas as equipes. Após o chute de saída dos Tupis, recebemos um chute direto para fora do campo e nosso line-out apresentou o primeiro ponto que iria dar o resultado final do placar. Um lançamento ruim devolveu a bola aos alemães, que avançaram o terreno, tanto no jogo aberto de mãos, como no jogo aéreo, e se aproveitando da indisciplina dos Tupis.

 

No lançamento lateral, tivemos alguns problemas ao decorrer do jogo, tanto no elevador como na cobrança do hooker.




 

Ao longo do jogo, viu que o Brasil preferiu jogar rápido com a linha quando obtém a posse mas a mesma não correspondeu da forma esperada, mesmo quando consegue uma boa posse a partir da formação.


Na defesa, e principalmente na continuidade entre os forwards, tivemos enormes dificuldades em conter o avanço do pack alemão, assim como quando decidimos defender o maul ou disputar no ar.


O scrum brasileiro foi o ponto forte do jogo ofensivo, com excelente postura corporal, superando e empurrando os oponentes diversas vezes, inclusive com diversos penais a favor. Na defesa, no entanto, as trocas na formação acabaram acarretando problemas no segundo tempo.



 

O ponto fraco Tupi foi jogo aberto com a posse de bola. O que fazer? Como fazer? O time apresenta dificuldades enormes em manter a bola no ruck, tanto por falta de apoio como pelas apresentações ruins da bola, executando chutes em momentos em que supera a defesa alemã. Erros de passes cruciais e entradas em contato quando há superioridade numérica  evidente também fazem parte de um quadro negativo das tomadas de decisão. Com isso, o Brasil passa pouco tempo com a bola e não cria chances de entrar ao in-goal adversário.

 

Nos melhores momentos ofensivos, decidimos ir em busca de pontos pelo chute ou perdemos a bola em poucos rucks.

Outro ponto importante durante o jogo foi o jogo aéreo, com alguns excelentes momentos do Brasil, com belos chutes de box kick, criando boas oportunidades. No entanto, em outros momentos houve péssimas recepções e chutes no mínimo equivocado, com os Tupis errando na tomada de decisões e perdendo a posse sem um bom ganho de terreno (ou oferecendo um mark aos adversários).

 

Os alemães chutam com mais calma e tranquilidade, organiza espaço para o chutador e prefere chutes em que possam disputar a posse, o primeiro try sai de um chute rasteiro bem organizado seguido de falhas na captura e defesa de base.

 

 

Expectativas do jogo no Pacaembu

  • – Manter o excelente trabalho no scrum, na defesa e desenvolver melhor a cobertura interna dos forwards e do scrum-half;
  • – O line-out. Ajustar o lançamento e explorar o jogo aberto para manter a posse, evitando o lado mais distantes dos forwards e tentando um maul ofensivo, pois os alemães não esperam por isso, baseados no jogo de Blumenau;
  • – Na defesa, preparar-se para o fundo e o meio do corredor, defender melhor o maul e pressionar o abertura para não dar tantas facilidades ao chute;
  • – O jogo aéreo, primando pelo número menor de erros na recepção de bolas altas e verificando o momento exato do chute, tanto para disputa como para ganho de terreno;
  • – O jogo aberto defensivo, pois os alemães devem acreditar novamente no pack de forwards, defendendo na base dos rucks com melhor postura pré-contato e se preparando para os passes no interno do portador.
  • – O jogo ofensivo, ajustando os passes, principalmente a saída do chão, acreditando nos nossos carregadores de bola, apoiando nos rucks com uma boa apresentação e atacando com ferocidade para testar mais os tackles dos alemães. No último jogo, testamos pouco a defesa dos visitantes e acredito que os Tupis podem fazer muito mais do que apenas jogar pelo terreno através de chutes. Algumas vezes estivemos próximos do placar, mas distantes todo o jogo do try. Marcar tries no Pacaembu é vital.

 

Foto: Cristiano Andujar/FOTOJUMP

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