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ARTIGO COM VÍDEOS – O solo já virou sagrado. A Arena Barueri, mais uma vez, viu o Brasil subir mais um degrau em sua história. Nesse sábado, o torcedor que compareceu ao estádio testemunhou certamente a maior vitória da história do Rugby XV nacional – pelo menos até o momento. Os Tupis venceram sua primeira partida no Americas Rugby Championship, mas não foi qualquer vitória. O Brasil bateu ninguém menos que o líder da competição, os Estados Unidos, que já tinham feito no sábado anterior nada menos que 64 x 0 sobre o Chile. Os estadunidenses desembarcaram no Brasil com a proposta de fazer rodar seu elenco e tinham a certeza de uma tranquila vitória que lhes daria a permanência na liderança do torneio. Porém, o Brasil se agigantou e conquistou uma épica vitória já nos acréscimos da partida por 24 x 23, que poderá ter custado inclusive o título às Águias. Os Tupis deixaram com estilo o último lugar, chocando o mundo com um feito para muitos impensável até o ano passado.

 
 
Veja as fotos da partida, por Bruno Ruas

 
 

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Esta era a primeira vez que o Brasil enfrentava em sua história os Estados Unidos no XV e o jogo começou com domínio de posse de bola e território a favor dos Tupis, que logo arrancaram seu primeiro penal. Aos 7′, Daniel Sancery arrancou bonito e na sequência o Brasil conquistou novo penal, que Moisés não desperdiçou. 6 x 0, de saída.

 

O cartão de visitas do Brasil foi logo sentidos pelos estadunidenses, que tinham muito pouca posse de bola e viam os Tupis seguirem controlando as ações e o território. Aos 10′, foi a vez de Tanque garantir a infiltração, sendo detido a 5 metros do try.  O embalo era brasileiro e, aos 15′, enfim saiu o merecido primeiro try, com uma magistral triangulação em velocidade na ponta entre Stefano, Felipe e Daniel Sancery, que caiu para o primeiro try do jogo, fazendo explodir o “BaruEllis Park”.

 

Os EUA demoraram um quarto de jogo para conseguirem penetrar nas 22 do Brasil, com uma saída pelo lado cego do scrum que quase resultou em try. Mas, o Brasil esteve impecável nas formações e a arma do scrum se provou letal, com os forwards brasileiros mostrando seu poderio e Tanque, brilhantemente, achando o espaço com o dummy para cruzar o in-goal e fazer o segundo try brasileiro, 18 x 0.

 

As Águias seguiram distantes das 22 do Brasil e os Tupis mantiveram a toada, com Laurent conseguindo outro grande avanço. Foi somente aos 31′ que Bird mexeu no marcador para os EUA com penal. E, antes do intervalo, os visitantes ganharam penal, optaram pelo lateral, emplacaram um maul e trabalharam as fases até Taufete’e atropelar para o primeiro try estadunidense.

 

Antes do intervalo, o Brasil foi reduzido a um homem a menos com amarelo para Buda e o placar ficou em 18 x 8. O Brasil fechou o primeiro tempo impecável, sem perder formações e ainda roubando um scrum adversário. Os EUA não seguiram qualquer plano de jogo, parecendo atônitos pela performance brasileira e muito pouco criativos, com Tanque dominando por completo o duelo com seu scrum-half oponente e com o abertura americano aparecendo pouco para o jogo.

 

Com um homem a mais, os EUA tiveram espaço para trabalhar e logo acharam seu segundo try no recomeço da partida, com finalmente sua parelha criativa funcionando e aproveitando um corredor na defesa brasileira para avançarem em velocidade. Kruger serviu o debutante Schirmer, que finalizou o segundo try das Águias. Pouco antes, quem havia levado perigo primeiro havia sido o Brasil, com escapada de Tanque em saída de maul após lineout.

 

Moisés logo devolveu com penal para o Brasil, mas o momento era das Águias e Mike Te’o, oriundo do futebol americano, arrancou, atraiu três marcadores e serviu com offload Kruger, que caiu para o terceiro try dos visitantes, que reduziram para 21 x 20. E a curta diferença se provou perigosa, com o ritmo brasileiro perdendo em intensidade e com os EUA crescendo pela entrada de reservas mais experimentados. Aos 66′, o Brasil errou na ponta e permitiu um contra-ataque que quase resultou em try do oponente, com Stanfill não sendo capaz de apoiar a bola já dentro do in-goal.

 

A defesa brasileira provou sua imensa evolução em 2015 e resistiu às investidas americanas até, aos 73′, os visitantes conquistarem seu penal que poderia garantir a vitória, com Bird sendo preciso. Aos 76′, novo penal foi cedido para as Águias, no meio campo, mas o erro no arremate de Bird deu sobrevida ao Brasil. E ela não seria desperdiçada. Já no acréscimos da partida, a esperança de uma vitória brasileira brilhou com um penal, nada fácil, para Moisés chutar. O silêncio sepulcral dominou o estádio e Moisés fez história dando a vitória aos Tupis com um chute frio e preciso. 24 x 23, fim de jogo, e o que antes era impossível simplesmente aconteceu. O Brasil bateu o 16º país do ranking mundial.

 

“Única coisa que me vem à cabeça, agora, é todo o trabalho que nós temos feito. Eu preciso agradecer às pessoas, como os jogadores, que se dedicam nas Academias Top 100, o estafe… Este trabalho vem aumentando gradativamente. Temos muito a mostrar”, comenta Moisés. “Pensei na minha família, fiquei tranquilo e converti”, completa o camisa 10 do Brasil, sobre o lance histórico neste sábado.

 

“Não tenho nem palavras para descrever esse momento. É superação. Vencemos o time líder do campeonato. Não tenho nem palavras. Vitória histórica, neste primeiro embate contra os norte-americanos”, afirma Nick Smith, capitão do Brasil ao final do duelo.

 

No próximo sábado, o Brasil encerra sua participação enfrentando a Argentina em São José dos Campos, enquanto os Estados Unidos visitam o Uruguai.

 

Clique aqui para conferir as fotos exclusivas de Bruno Ruas.

 

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Brasil 24 x 23 Estados Unidos, em Barueri

Árbitro: Chris Assmus (Canadá) / Auxiliares: Henrique Platais e Ricardo Sant’Anna (Brasil)

 

Brasil

Tries: Daniel Sancery e Lucas Duque

Conversões: Moisés (1)

Penais: Moisés (4)

1 Lucas Abud (SPAC), 2 Yan Rosetti (CUBA, Argentina), 3 Wilton Rebolo “Nelson” (São José), 4 Lucas Piero Moraes “Bruxinho” (Desterro), 5 Luiz Vieira “Monstro” (Oyonnax, França), 6 André Arruda “Buda” (Desterro), 7 João Luiz das Ros “Ige” (Desterro) (c), 8 Nicholas Smith “Nick” (SPAC), 9 Lucas Duque “Tanque” (São José), 10 Moisés Duque (São José), 11 Laurent Bourda-Couhet (Band Saracens), 12 Martin Schaefer (SPAC), 13 Felipe Sancery (Albi, França), 14 Stefano Giantorno (San Luis, Argentina), 15 Daniel Sancery (Albi, França). 

Suplentes: 16 Daniel Danielewicz “Nativo” (Desterro), 17 Caique Silva (CUQ, Argentina), 18 Jonatas Paulo “Chabal” (Band Saracens), 19 Diego López “Diegão” (Pasteur), 20 Gabriel Paganini (Band Saracens), 21 Guilherme Coghetto (Desterro), 22 Johannes Beukes Cremer (Pasteur), 23 Robert Tenório (Pasteur).


Estados Unidos

Tries: Taufete’e, Schirmer e Kruger

Conversões: Bird (1)

Penais: Bird (2)

1 Demecus Beach (Life University), 2 Joe Taufete’e (Belmont Shore), 3 Oliver Kilifi (Seattle Saracens) (c) 4 Brodie Orth (Kansas City Blues), 5 Ben Landry (Seattle Saracens) 6 James King (Yakult Levins, Japão), 7 Aladdin Schirmer (Central Washington Wildcats), 8 David Tameilau (Life West Gladiators), 9 Niku Kruger (Glendale Raptors), 10 James Bird (Old Blue), 11 Ryan Matyas (Old Blue), 12 Andrew Suniula (CSM Bucareste, Romênia), 13 Mike Garrity (Seatlle Saracens), 14 Kingsley McGowan (Trinity College, Irlanda), 15 Jake Anderson (Olympic Club).

Suplentes: 16 Cameron Falcon (New Orleans RFC), 17 Mike Sosene-Feagai (Belmont Shore), 18 Eric Fry (Newcastle Falcons, Inglaterra), 19 Hanco Germishuys (Glendale Raptors), 20 Mike Te’o (Seleção de Sevens), 21 JP Eloff (Chicago Lions), 22 Tim Stanfill (Seattle Saracens), 23 Chad London (Glendale Raptors).

 


 

Chile cai em casa e escorrega para o última lugar

Jogando em casa, o Chile não conseguiu sair com sua segunda vitória no Americas Rugby Championship, sendo derrotado em jogo apertado diante do Uruguai por 23 x 20. Logo no começo o placar foi inaugurado com try de Favaro, recebendo passe de Palomeque para explorar espaço aberto após lateral. A sorte uruguaia mudou com amarelo recebido por Leivas. Nordenflycht, o nome dos Cóndores na partida, aproveitou para virar o placar para os chilenos com 3 penais e, antes do intervalo, o centro ainda apanhou chute cruzado de Onetto para fazer o try dos donos da casa e abrir 14 x 7.

 
No segundo tempo, Secco e Nordenflycht trocaram penais e logo o Chile seria reduzido a 13 homens com dois amarelos, que foram muito bem aproveitados por Rodrigo Silva, achando o espaço na ponta para o try uruguaio da vitória. Mais um cartão amarelo para cada time ainda foram registrados, mas o placar se manteve inalterado até o apito final. Uruguai 23 x 20 Chile.

 
No próximo sábado, o Chile encerra sua campanha recebendo o Canadá, ao passo que o Uruguai receberá os Estados Unidos.

 

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Chile 20 x 23 Uruguai, em Santiago

Árbitro: Damian Schneider (Argentina)  

 

Chile

Try: Nordenflycht

Penais: Nordenflycht (5)

1 Nicolás Venegas 2 Rodrigo Moya 3 Luis Sepúlveda 4 Nikola Bursic 5 Raimundo Piwonka 6 Cristóbal Niedmann 7 Javier Richard 8 Benjamín Soto (c) 9 Beltrán Vergara 10 Cristian Onetto 11 Ítalo Zunino 12 Francisco de la Fuente 13 Matías Nordenflycht 14 José Ignacio Larenas 15 Leonardo Montoya.

Suplentes: 16 Manuel Gurruchaga 17 Roberto Oyarzun 18 José Tomás Munita 19 Ignacio Silva 20 Ignacio Álvarez 21 Matthieu Manas 22 Pablo Casas 23 Matías Contreras.

 

Uruguai

Tries: Favaro e Silva

Conversões: Secco (2)

Penais: Secco (3)

1 Mateo Sanguinetti 2 Germán Kessler 3 Juan Echeverría 4 Diego Magno 5 Mathias Palomeque 6 Juan Gaminara (c) 7 Matías Beer 8 Alejandro Nieto 9 Guillermo Lietjenstein 10 Martín Secco 11 Leandro Leivas 12 Alberto Román 13 Andrés Vilaseca 14 Federico Favaro 15 Rodrigo Silva.

Suplentes: 16 Carlos Arboleya 17 Facundo Gattas 18 Rafael Mones 19 Gonzalo Soto 20 Juan Diego Ormaechea 21 Manuel Blengio 22 Santiago Arata 23 Pedro Deal.

 

EquipePJVED4+-7PPPCSP
Argentina XV2254104020799108
Estados Unidos1552123217711067
Canadá1453022019213953
Uruguai14530211123131-8
Brasil6510402107175-68
Chile551040173215-142

 

8 COMENTÁRIOS

  1. Fiquei super feliz em ver esta vitória do Brasil. Há tempo que digo que o Lucas Tanque é o mais completo jogador do Brasil. Se jogasse em país de nível de rugby ainda mais alto ele logo seria uns dos melhores onde fosse tambem. O irmão Moisés tambem é de nível alto. Comentei aque há dus semanas que este dois chutam tão bem quanto o David Harvey e Moiés confirmou isto novamente. Primeiro tempo ótimo do Brasil, parecia defesa das 6-Nações. No segundo tempo achei “Warrenball rugby” demais. Lauren de centro alimentado por Moisés seria melhor para o ataque Brasileiro.
    Valeria a pena a CBRu comentar a administração de árbitragem da competição que alguns sinais do árbitro foram
    estranhos como foram em outra partida que vi pela TV. Parabens Brasil… tive fds feliz… esta vitória histórica e vitorias em três competições 6-Nations do País de Gales: Adulto, M20 e feminina.