Pichot quando esteve no Brasil em 2019. Foto: Bruno Ruas @ruasmidia

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As próximas eleições para a presidência do World Rugby (a federação internacional), para o mandato de 2020-24, já estão marcadas para o dia 26 de abril deste ano, com os resultados devendo ser divulgados no dia 12 de maio.


Por conta da crise do coronavírus, a eleição será online e, hoje, foi conhecida a candidatura que concorrerá contra o atual presidente Bill Beaumont. É a do ídolo do rugby argentino Agustín Pichot, atual vice presidente da entidade, que, como esperado, passa para a oposição, após ter sua proposta de uma liga mundial de seleções rechaçada. Pichot é ainda o atual presidente da Americas Rugby, a entidade que congrega Sudamérica Rugby e Rugby Americas North.

Pichot tentará ser o primeiro presidente sul-americano da entidade e lançou seu manifesto, com 6 pontos centrais em seu plano:

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  • Abordar os desafios do COVID-19 como parte de um alinhamento mais amplo do calendário internacional, criando uma “narrativa convincente” para o rugby masculino e o feminino, para o XV e o Sevens. Serão consultados clubes, sindicatos e investidores privados sobre um torneio anual com 12 a 14 jogos por seleções;
    • Em outras palavras, Pichot retomará o projeto de uma liga mundial;
  •  Uma estrutura de governabilidade democrática. Um objetivo a longo prazo de eliminar o sistema de votação que hoje confere mais poder às nações mais ricas do esporte;
  • Crescimento do rugby de clubes e do rugby juvenil, que tenha foco em países emergentes;
    • Aqui, o Brasil é citado como um país a receber foco;
  • Um jogo mais seguro e empolgante, que conte com um departamento dedicado à inovação no World Rugby para analisar projetos como a tecnologia “Hawkeye” e jogo eletrônicos (video games) com a temática do rugby;
  • Instâncias que coloquem os jogadores no centro da toma de decisões, com debates sobre a redução de salários (a fim de criar sustentabilidade à modalidade);
  • Uma gestão do World Rugby ‘adequada para seu propósito’: revisar todas as estruturas internas a fim de “restaurar a confiança” no corpo diretivo da entidade.

A candidatura de Pichot não revelou quem seria seu vice. O vice da candidatura de Beaumont é o influente Bernard Laporte, presidente da Federação Francesa de Rugby.

 

Como funciona a eleição? Quem vota?

O Conselho do World Rugby é quem elege o presidente, havendo 51 votos, distribuídos da seguinte maneira:

  • Países com 3 votos cada: Inglaterra, Gales, Escócia, Irlanda, França, Itália, Argentina, África do Sul, Austrália e Nova Zelândia;
  • País com 2 votos: Japão;
  • Países com 1 voto cada: Canadá, Estados Unidos, Uruguai, Geórgia, Romênia, Fiji e Samoa;
  • Federações com 2 votos cada: Asia Rugby (federação asiática), Oceania Rugby (federação oceânica), Rugby Africa (federação africana), Rugby Europe (federação europeia), Rugby Americas Rugby (federação norte-americana) e Sudamerica Rugby (federação sul-americana);
    • Isto é, países que não têm votos diretos são representados por suas federações continentais. O Brasil é representado apenas pelos 2 votos da Sudamérica Rugby;
    • Para os países e federações com ao menos 2 votos, 1 voto é obrigatoriamente de uma representante do rugby feminino.

Com isso, dos 51 votos, 30 são destinados aos países do chamado “Tier 1”, isto é, os 10 países do 1º escalão mundial (os países que disputam ou o Six Nations ou o Rugby Championship). Outros 9 países emergentes dividem 9 votos entre si. Já as federações continentais, somadas, têm 12 votos apenas, representando juntas mais de 100 países.

A expectativa é de uma eleição acirrada. Nos bastidores, especula-se que Pichot terá o apoio dos 4 países da SANZAAR (os que jogam o Rugby Championship, isto é, Argentina, África do Sul, Austrália e Nova Zelândia, que totalizam 12 votos juntos), ao passo que Beaumont deverá dominar os votos do Six Nations (que juntos soma 18 votos). O campo de batalha também estará nas alianças com as federações continentes e as nações emergentes, onde Pichot pode acabar tendo vantagem.