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owens sapolu

Leandro Luccas Santos, o Mamute, estudante de Educação Física da USP e atleta do SPAC, nos enviou um texto de sua autoria com o título: “Até que ponto entendemos os valores do rugby?”. Pois bem, a discussão está lançada, dê sua opinião. O texto, que não é de autoria do Portal do Rugby, estimula a autocrítica e a reflexão.

 

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Não sou nenhuma autoridade no assunto, ainda não completei 5 anos de rugby na minha vida, mas noto que o rugby no Brasil cria alguns preconceitos que deveriam estar superados pelos valores que nosso esporte passa.

O ódio ao futebol é talvez a primeira coisa que aproxime alguém para o rugby por aqui. Adoramos dizer que somos mais machos, aguentamos porrada o jogo inteiro, que temos valores no esporte que propagam a idéia de união, amizade e respeito. Mas eu vejo conflitos nesses quesitos.

Durante o Super Bowl, maior evento esportivo anual do mundo, a quantidade de companheiros da modalidade tentando dizer que o rugby era o pai do futebol americano, que não usamos equipamentos, que nosso jogo exige mais porque não para, etc. Em qualquer escândalo do futebol, a mesma coisa acontece. Rivalidade entre times eu compreendo e tem que fazer parte; rivalidade entre esportes já queima vários dos princípios do rugby, pior sendo essa uma rivalidade unilateral: só da nossa parte.

Talvez a urgência que temos de expandir o esporte nos faça adotar essa postura. É muito tentador usar desses argumentos para elevar nosso esporte. Quando vemos o Nigel Owens usar por mais de uma vez que um jogador de rugby se parece com um de futebol comemoramos como se estivéssemos marcando um try. Não critico a postura do árbitro nesses momentos, mas sim como usamos esses e mais outros momentos do esporte.

Nas redes sociais os posts sobre rugby são para mostrar lesões e cortes que acontecem em acidentes de jogos ou cara fechada e postura com os braços cruzados para demonstrar masculinidade. A própria CBRu já deu um péssimo exemplo dos valores do esporte no momento que sua página no Facebook ultrapassou a página da confederação brasileira de judô, fazendo uma capa em que um atleta de judô tomava um ippon. Pra mim é uma coisa muito simples: não se divulga o esporte – seja qual for – com intimidação. O MMA ficou 20 anos tentando mudar a imagem de selvageria para um esporte de alto rendimento.

Quando o assunto é rugby league talvez seja pior que futebol. É o esporte que dificilmente aprendemos a gostar, embora os grandes nomes do rugby union atualmente foram jogadores de rugby league. A inclusão de times de rugby league no Espírito Santo já tem críticas por achar um desperdício de tempo enquanto o rugby union está crescendo.

Fica apenas a preocupação para a formação das bases futuras já que nós somos os responsáveis – pois nenhuma instituição reguladora do rugby union está se preocupando com isso até hoje – se passamos valores verdadeiros ou com hipocrisia.

Escrito por: Leandro Luccas Santos