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Nesta quarta-feira, o Portal do Rugby suspenderá por tempo indeterminado suas atividades regulares. Foram 13 anos de trabalho diário e ininterrupto, com publicações 365 dias por ano cobrindo o rugby no Brasil e no mundo.

O papel do Portal do Rugby nesses 13 anos foi muito além de divulgar o esporte. Nós efetivamente atuamos com o intuito de movimentar o ecossistema do rugby nacional em todas as frente, de criar um mercado consumidor mais sólido para o esporte, de disseminar conhecimento e estimular o senso crítico, de criar cultura esportiva, de promover identidades do rugby nacional e combater a exclusão. Tudo sempre pensando a longo prazo. Um trabalho que deveria ser obrigação de outros, inclusive.

Fizemos nossa parte ao darmos exposição a federações, competições, clubes, atletas, árbitros, treinadores. Alimentamos a paixão dos fãs, impulsionamos a divulgação de eventos e transmissões, ajudamos colaboradores a se desenvolverem como produtores de conteúdo e, claro, promovemos o debate intenso de ideias. Também lançamos uma loja online que apoiou a criação de marcas que promovessem o estilo de vida do Rugby e que pudesse se tornar uma fonte de renda adicional para clubes, tão carentes de receitas. Cobrimos todos os níveis de rugby: internacional, nacional (das 5 regiões, dos 27 estados), masculino, feminino, juvenil. Seleções, clubes, projetos sociais. XV ou 7, Union ou League. Fizemos coberturas no Brasil e no exterior. Acompanhamos seleções brasileiras no exterior mesmo quando elas mal tinham espaço na TV brasileira, quando poucos se importavam. Geramos estatísticas, mapeamos o rugby brasileiro, abordamos sua história, discutimos seu futuro.

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Hoje, o Portal do Rugby opta por respirar. Interrompemos a regularidade de nosso trabalho pela primeira vez em 13 anos. Nosso futuro será repensado com a certeza de que cumprimos bem um papel. Fique de olho em nossas redes sociais porque eventualmente poderemos publicar algum material especial, de tempos em tempos. Porém, o certo é que fechamos um ciclo. Um Portal do Rugby ativo 365 dias por ano, cobrindo toda a bola oval, já não é mais possível.

Um ciclo composto por mais de 23.000 artigos, mais de 3 mil tabelas de resultados, classificações, artilheiros e campeões. Mais de 113,8 mil Tweets. Mais de 4180 posts no Instagram, fora os Stories e Reels. Mais de 380 lives e reportagens via YouTube. Mais de 250 programas de podcast. Algumas dezenas de milhares de fotos…

Por 13 anos, temos o orgulho de afirmar que fomos o registro da história do esporte em nosso país. Um veículo para a entrada e, sobretudo, a retenção dos fãs do rugby, alimentando a paixão pela ovalada e deixando para a posteridade o legado de que nosso esporte foi devidamente comunicado e que sua história poderá ser revisitada no futuro.

Os 9 anos seguidos nos quais recebemos o prêmio Troféu Brasil Rugby de melhor cobertura da modalidade, sempre eleitos por voto popular, são prova de que fizemos nossa parte pelo crescimento do rugby brasileiro. Porém, a prova maior está no dia a dia, num trabalho incansável, sistemático e comprometido com o esporte, que só foi possível graças a uma equipe abnegada, a colaboradores dedicados e com o espírito do rugby, e, claro, aos fãs e apoiadores.

Obrigado a todo mundo que nos apoiou e colaborou com nosso trabalho.

 

Pano de fundo histórico

Quando o Blog do Rugby nasceu em 2008, o propósito era de preencher lacunas de um esporte que carecia de cobertura. Quem viveu o rugby brasileiro nos anos 90 e 2000 e se importava genuinamente com o futuro do esporte sabia como era difícil divulgar o rugby e se informar com qualidade sobre ele. Alguns que viveram o rugby nessa época seguem com o péssimo hábito de não quererem e não se importarem em conhecer a realidade de presente do nosso esporte Brasil afora. Esses, jamais entenderão a importância de uma mídia especializada. Ainda assim, o rugby de 2008 era o rugby dos novos clubes, do boom do esporte, de fôlego e mentes em renovação, com um mundo de caminhos e possibilidades pela frente. Um universo de constantes decisões e apostas a serem feitas com o futuro do esporte em jogo, em todas as frentes, em todas as dimensões. A circulação das informações era uma lacuna que precisava muito ser preenchida.

O rugby em 2008 já havia crescido muito e nada tinha a ver com o rugby dos anos 80. No início do século XXI, o rugby não era mais um esporte 80% paulistano. Com a internet, a TV por assinatura, o intercâmbio crescente com o exterior, o rugby ia se espalhando por todos os estados, atingindo uma comunidade cada vez mais heterogênea. O rugby já não era mais um esporte monopolizado pelos homens. Era também um esporte feminino. O mundo mudava e exigia também mudança de mentalidade, ideias e fôlego novo no trabalho em prol do rugby.

Não tardou para o Portal do Rugby se tornar um site, com atuação ampla nas redes sociais. Com trabalho áudio visual diversificado. Aos textos, fotos e tweets se somaram vídeos, podcasts, infográficos. Até exposições e e-books.

Em 2010, sabíamos perfeitamente que nosso projeto era de longo prazo e nosso trabalho sempre teve essa mentalidade. Entretanto, o que ficou claro é que enquanto trabalhávamos com o longo prazo em mente e com a vontade de contribuir com o desenvolvimento de todo o ecossistema do rugby, essa visão não era compartilhada por muitos. Na última década houve muito imediatismo em nosso rugby e o resultado é um ecossistema que estagnou em várias frentes essenciais.

Da parte da liderança da Confederação, falou-se muito em jogarmos a próxima Copa do Mundo, a próxima Olimpíada, e esqueceu-se de formar público e o futuro do esporte. Da parte de muitos clubes, a cabeça está no imediato, no próximo jogo, ao invés de unir forças para viabilizar um produto atraente. Seria injusto generalizar. Muita gente fez sim o trabalho pensando no longo prazo e se dedicou a seu desenvolvimento. O trabalho não é nada fácil. Porém, a batalha para se colocar as mentes e corações do rugby no longo prazo ainda não foi vencida. Ao menos não quando o assunto é a comunicação do esporte. Ainda fala mais alto o imediatismo.

Num mundo inundado pela desinformação, que já trouxe ao rugby o oportunismo desonesto nas redes sociais, uma cultura de rugby sólida necessita de um trabalho sério e comprometido com o registro do esporte em todas as frentes, com a difusão de informação, conhecimento, paixão.

1 COMENTÁRIO

  1. MUITO OBRIGADO POR TODOS OS ANOS DE NOTICIA!!!
    MUITO OBRIGADO pela parceria, pelo canal aberto para gente se comunicar, pelo apoio e pela oportunidade de por um tempinho ter sido o revisor dos artigos!

    Valeu Vitor, HP, Telefone, todo mundo que contribuiu pro Portal!

    Abraços,

    LEP