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Mundial de Sevens 2013 no Brasil
Brasil no Mundial de 2019
Brasil em um tal de Gran Prix de Rugby Sevens
Mais de 500mil crianças jogando Rugby
60 mil praticantes no Brasil
Mais de 23 milhões de pessoas interessadas em Rugby, com 3,2 milhões de fãs do esporte
Franquia brasileira no Super Rugby
Franquia brasileira na Currie Cup

A lista de promessas audaciosas (e mentiras para os ingleses da World Rugby verem) vai longe, ao que se somaram recentemente um torneio de franquias sul-americanas (e o endosso à Pro Series, como fica?) e um possível amistoso entre Springboks X All Blacks no Brasil (esse último em aparente devaneio da imprensa sul-africana) e o público que acompanha o esporte vai embarcando junto a cada nova promessa sensacionalista, se deixando levar por uma grandeza que simplesmente ainda não temos ao invés de cobrar ações que fortaleçam o Rugby em cada estado.

Dentre todas as promessas, uma que já ficou lá longe e aparenta ser cada vez mais distante é a de fortalecimento de Federações e Clubes um dos pontos levantados na então recém-fundada CBRu.

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Enquanto escrevo esse artigo, leio um email em que a CBRu fala que a derrota da seleção M18 “representa um necessário choque de realidade” e “falta de foco evidente da CBRu, federações e clubes” na categoria.

Para uma entidade que tem um cadastro de todas as jogadoras M18 atuando no país, falar em choque de realidade sobre o cenário precário das categorias de base femininas (e as masculinas também, mas como eles já internalizaram uma seleção M20, não precisam mais investir nisso) é uma piada. Clubes e Federações tentam há anos com variado grau de sucesso, mas vendo a entidade que rege o país enfraquecer elencos e torneios alheios, fica difícil crer que algo bom PARA TODOS vai sair daí.

Jênios.

Enquanto celebramos a vitória do Brasil M20 sobre a fraca equipe de Tilcara (galera, nem tudo que vem da Argentina é Puma), Uruguai vence Fiji e Portugal ficou com o vice no Troféu Mundial da mesma categoria

Com investimento em base.
Valorizando os clubes.

Sonhar é bom, mas ter um pé na realidade é fundamental para criar um plano factível para alcançar objetivos maiores. Arregaçar as mangas e investir no longo prazo, algo tão incomum na cultura do país, e que parecia o caminho dos novos e modernos gestores do Rugby nacional é a única forma de criar um esporte sustentável.

Se a base tivesse sido o alvo desde o início, há quase 10 anos, quem sabe onde essa grande geração que já está mostrando que tem tudo para ir longe, poderia chegar?
Será que teríamos perdido o M18 feminino com um time montado às pressas e com pouquíssimo treino?
Será que as Yaras poderiam chegar em um Mundial com chances reais de lutar por um título?
Será que precisaríamos apostar em planos mirabolantes de franquias na África se tivéssemos um Rugby interno forte?
Será que teríamos uma base real de novos clubes surgindo por todo o país?
Será que com o crescimento da base de jogadores, surgiria o interesse real do público local em acompanhar jogos?
Será que com isso, aumentaria o interesse na transmissão de jogos pela TV?
Será que assim poderia se gerar novas fontes de renda e tornar o esporte mais independente de Leis de Incentivo?

Não sabemos, e provavelmente não vamos saber nunca.

Até a próxima conquista “histórica”

6 COMENTÁRIOS

  1. Concordo, Daniel. Esporte não se faz de cima pra baixo (algo que o Victor pensa ser possível no video que fez sobre a liga sulamericana). Esporte como negócio não dá certo para todos os esportes e em todos os países (é impossível todos os esportes serem lucrativos ao mesmo tempo num mesmo país aos olhos fos empresários). Precisamos de esporte e não de mais “produtos esportivos”.

    PS: não sabia que o Tilcara era o “XV de Piracicaba” do rugby argentino. Heheheheh

  2. O problema de depender da iniciativa privada é justamente o foco em resultados (uma lógica que não funciona para um esporte que está se estruturando). Sério, porque se o foco fossem os clubes então a federação paulista (para ficar no exemplo local) poderia sediar jogos no Espéria, na Portuguesa, no Pinheiros, na Hebraica, não? (Perdão se estão dizendo besteira)

  3. Fico satisfeito que pelo menos alguém esteja dizendo estas coisas, pelo menos no rugby.

    É fácil perceber passamos um período de euforia, de maquiagens do marketing, do governo, da economia. Parecia tudo possível, o dinheiro estava fácil. Em todos os esportes.

    Espero que os envolvidos reflitam, não levem pro pessoal e tomem as melhores decisões, mesmo que isso implique em frustrações. Não os conheço mas eles tem minha solidariedade. Carregar um piano desses não é fácil.

  4. Ocorre que muitas Federações acham lindo criar números e não boas instituições, de que adianta ter 4 divisões e não ter Rugby Infantil? Uma cidade como SP deveria ser separada por regiões e ter isso na distribuição da base que deveria ser formada em escolas. Entre no site da URBA e veja onde jugar? Como exemplo. Á Argentina aproveitou a popularização via os mundiais e com isso conseguiu atender a demanda nas crianças que procuraram o esporte. Aqui querem seguir o caminho do vôlei e ter uma seleção competitiva e nada de clubes ou base.

  5. Como podem pensar em rugby profissional se nem as estruturas são profissionais,ta cheio de gente que não paga nem a mensalidade e ainda fica chorando para pagar,ex-praticantes que não levam uma bola de rugby para jogar um touch e indiretamente inserir as pessoas nesse esporte.
    Enfim,minha opinião(espero que eu esteja equivocado) é que falta interesse dos praticantes e um pouco mais de pé no chão da parte da confederação!