Foto: Auckland Rugby

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ARTIGO COM VÍDEOS – Como diz o título do artigo, a tabela da divisão Premiership (1ª divisão) da Mitre10 Cup (o Campeonato Neozelandês) sofreu uma grande surpresa, pois Canterbury caiu para o último lugar e está em perigo de despromoção. Enquanto isso, Otago ascende ao 1º lugar do Championship (a 2ª divisão) e fica em boa posição para garantir uma semifinal e final no seu recinto, graças a uma derrota de Hawke’s Bay na luta dos Bay’s!

A melhor equipe da rodada: Auckland

A fase final da Mitre 10 Cup está cada vez mais próxima e Auckland enviou (mais) um sério aviso a tudo e todos que quer e pode chegar ao título de campeão, e basta ver a maneira como desmancharam por completo os seus rivais de Waikato, equipa que inclusive já esteve nos primeiros lugares da divisão Premiership desta competição. O início até pode ter sido mais atribulado para Auckland, com os de Waikato a serem os primeiros a conseguir pontos mas o domínio territorial esteve quase sempre nas mãos da equipe da casa, empurrando os seus adversários para os últimos 20/30 metros durante largos períodos de tempo e os tries acabariam por naturalmente chegar com o mesmo nome a surgir por três ocasiões… Salesi Rayasi. Antes de irmos à exibição individual do ponta – foi excelente a finalizar, só que não é suficiente para ser considerado o melhor atleta da semana – é fundamental explicar como se processou o tal domínio do lado vencedor.

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Começou pela excelência na conquista da linha de vantagem, forçando pequenos erros na defesa de Waikato, com estes a permitirem um retroceder ligeiro no contacto e que originou uma certa desorganização, principalmente no avançar ou recuar do três de trás, um detalhe procurado pelos alvianil de Auckland, pois mal surgiu um excessivo espaço nas costas da linha de defesa, Harry Plummer e Zarn Sullivan (prestação completa do defesa) iniciaram uma série de ataques através do jogo ao pé, especialmente pelos grubbers, surgindo Salesi Rayasi em modo rampage a colher a oval em duas dessas situações.

Portanto todos os tries de Auckland tinham o mesmo “final”, pontapé e a alguém a antecipar-se à oposição, sendo que o “início” veio tanto pelas fases estáticas (seja alinhamentos ou scrums) ou espontâneas, setores dominados por completo por Auckland, enquanto o “meio” era a capacidade de decisão e de timing de quem chutava a bola, construindo o caminho até à conquista dos 5 pontos e liderança a duas jornadas do fim. É neste momento o elenco com melhor registro de vitórias nos últimos cinco encontros, a par de Otago, e tem o potencial para recuperar uma “coroa” que já foi sua nos últimos anos.

 

A surpresa: Otago

Começa a ser um “problema” o que joga a formação de Otago, pois ameaçam seriamente a subida de divisão e voltar assim a um campeonato que merece a sua presença. Para quem tem dúvidas disto, é só ver como foram capazes de derrotar Canterbury no recinto destes, num duelo disputado até ao suspiro final como podem ver pelos highlights. Durante boa parte do encontro assistiu-se a um encaixe de forças, com trocas de pontapés de penalidade, existindo poucos espaços para surgirem os tão cobiçados tries, sendo que a postura de Otago na defesa foi por um lado extraordinária, com uma reação rápida e explosiva na reposição defensiva, e por outro foi fulcral para o que se viria a passar na segunda metade do encontro.

Pegando novamente na arte de defender, Otago foi procurando não só meter o adversário no chão como de recuperar a bola no contacto ou no breakdown, exigindo a Canterbury que colocasse mais apoios ao portador de bola e assim deixar a equipe algo “vazia” na linha, um pormenor bem explorado no contra-ataque imediato dos homens de Otago, com Samuel Fischli e Josh Dickson a caçarem com excelência a oval, levando ao primeiro try.

Os da casa sentiram o toque e entraram numa onda de decisões precipitadas que acabaram por só ajudar ao jogo de paciência e reação do lado visitante, acabando estes por recuperar o controlo de jogo em penalidades e assim lançarem novas ações de ataque, surgindo também um pormenor decisivo para a vitória de Otago: imprevisibilidade. Enquanto Canterbury parece ter perdido aquele engenho artístico para fazer coisas especiais com a bola em seu poder, Otago tem quatro ou cinco nomes com largas qualidades nessa competência, a começar em Vilimoni Koroi, o melhor da jornada para o Fair Play.

O defesa foi autor de um dos melhores tries individuais da época (minuto 2:53 dos highlights) e impôs uma eficácia e assertividade total na recepção dos pontapés venenosos de Brett Cameron ou Fergus Burke, devolvendo-os com a mesma excelência ou a arrancar para cima do bloco defensivo contrário, uma característica necessária para arrancar os 4 pontos neste embate. Ninguém esperava pela vitória de Otago, e o facto destes estarem a desafiar tudo e todos nesta época deixa uma esperança concreta para o que se seguirá no final desta época.

O MVP: Vilimoni Koroi (Otago)

Três jogadores destacaram-se nesta 8ª jornada da Mitre 10 Cup, pelas melhores razões mas com argumentos diferentes: Salesi Rayasi foi o único a conseguir um hat-trick, tendo ainda sido do seu pé que nasceu o último try de Auckland; Kaleb Trask concretizou 17 dos 22 pontos na vitória de Bay of Plenty sobre Hawke’s Bay, impondo um ritmo excelente a partir da sua posição de nº15; e Vilimoni Koroi, outro defesa que encantou a plateia graças a uma série de truques saídos dos seus pés, completando ainda com uma visão de jogo de gênio que elevou a letalidade do ataque de Otago para um nível alto.

Dos três escolhemos o internacional All Blacks dos 7’s como o Melhor da Jornada, não só pelo poder em fazer pontos mas também para criar soluções de ataque impensáveis para o elenco de Otago, onde a sua panóplia de skills fez diferença quando a sua equipe mais precisava, especialmente na altura em que Canterbury pressionava no meio-campo adversário. O lance que está exposto após este parágrafo foi só um dos vários detalhes que encheram a prestação do nº15 nesta ronda, alterando por completo com o destino final de Otago na visita ao campo de um dos emblemas mais difíceis de derrubar da história do rugby neozelandês.

 

Tasman na cola de Auckland, Bay of Plenty e North Harbour respiram

Nos demais jogos, destaque maior para Tasman, vice líder após derrotar o quarto colocado Wellington em duelo na parte de cima da tabela: 19 x 03, mantendo Tasman na perseguição a Auckland. Já Canterbury lamentou as vitórias de Bay of Plenty sobre Hawke’s Bay (22 x 17) e North Harbour sobre Northland (24 x 08), que lançaram Canterbury à lanterna.



No Championship, Counties Manukau e Manawatu, os dois últimos colocados, venceram Taranaki (31 x 17) e Southland (24 x 12) para manterem esperanças de irem às semifinais.

Mitre 10 Cup – Campeonato Neozelandês

Canterbury 16 x 23 Otago

Wellington 03 x 19 Tasman

Auckland 31 x 10 Waikato

Bay of Plenty 22 x 17 Hawke’s Bay

Northland 08 x 24 North Harbour

Manawatu 24 x 12 Southland

Taranaki 27 x 31 Counties Manukau

 Equipes (Províncias)ApelidosCidade(s)JogosPontos
Premiership - 1ª divisão
AucklandGullsAuckland1036
TasmanMakosNelson e Blenheim1033
bay of plentyBay of PlentySteamersRotorua e Tauranga1031
WaikatoMooloo MenHamilton1029
CanterburyLambsChristchurch1029
wellington lionsWellingtonLionsWellington1029
North HarbourHibiscusAuckland (Norte)1027
Championship - 2ª divisão
hawkes bayHawke's BayMagpiesNapier1036
OtagoRazorbacksDunedin1030
NorthlandTaniwhaWhangarei1024
TaranakiBullsNew Plymouth1024
SouthlandStagsInvercargill1016
counties manukauCounties ManukauSteelersPukekohe 1014
Manawatu TurbosPalmerston North109
- Vitória = 4 pontos;
- Empate = 2 pontos;
- Derrota = 0 pontos;
- Anotar 4 ou mais tries = 1 ponto extra;
- Perder por diferença de 7 pontos ou menos = 1 ponto extra;

- Premiership: 1º ao 4º ligares = classificação às Semifinais pelo título;
- Premiership: 7º lugar = rebaixamento ao Championship 2016;
- Championship: 1º ao 4º lugares = classificação às Semifinais pela promoção à Premiership 2016

 

Números

Maior marcador de pontos (equipe): Auckland – 31 pontos;
Maior marcador de tries (equipe): Auckland – 4 tries;
Maior marcador de pontos (jogador):
Maior marcador de tries (jogador): Salesi Rayasi (Auckland) – 3 tries;
Melhor da Jornada: Vilimoni Koroi (Otago)