Estádio do Redcliffe Dolphins. Foto: Dolphins NRL

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A NRL, o campeonato australiano de Rugby League, o mais rico do mundo na modalidade, deverá ser expandido para a temporada 2023. A liga iniciou neste ano seu estudo de viabilidade de uma expansão no número de times e quer aproveitar o período de renovação nos contratos de TV (2022) para efetuar a expansão.

No momento a NRL conta com 16 equipes (15 australianas e 1 neozelandesa) no último mês ainda a direção da liga deixou claro seu desejo de ter uma nova equipe – a quarta – no estado de Queensland. Com isso, o ano de 2021 será intenso com relação ao assunto da criação de uma nova equipe.

A cidade escolhida seria Brisbane, capital do estado, que já conta com um time, o Brisbane Broncos. No entanto, a NRL deseja ter um dérbi na cidade, que é seu segundo maior mercado – atrás de Sydney. Esta seria a primeira expansão desde a admissão do Gold Coast Titans em 2007.

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Há no momento quatro candidaturas em Brisbane, das quais três são ligadas a equipes tradicionais que jogavam a velha Brisbane Rugby League (BRL). São elas o Redcliffe Dolphins (que acaba de reformar seu estádio com apoio do governo local), representando o norte da cidade; o Ipswich Jets (que prometeu se rebatizar com um nome aborígene), representando o oeste da cidade; e o Brisbane Firehawks, representando o leste (e vinculado ao tradicional Easts Tigers). Para além dos três, ainda há a candidatura independente do Brisbane Bombers, que concorreu com o Gold Coast Titans por lugar na NRL em 2007, foi ressuscitado e se vale do fato de não representar uma região específica de Brisbane (mas partiria do zero em termos de torcida).

 

A história do League em Brisbane

Até 1994, a atual NRL era conhecida como NSWRL, isto é, a liga de New South Wales, estado cuja capital é Sydney. A mudança de nome só ocorreu em 1995, mas desde os anos 80 a NSWRL buscava se tornar a liga nacional.

Até aquela época, o Rugby League na Austrália contava com várias ligas regionais, com duas se destacando: a NSWRL, baseada em Sydney e fundada em 1908; e a BRL, baseada em Brisbane e fundada em 1922. Isto é, as ligas das duas maiores cidades australianas onde o Rugby League é o esporte mais popular.

Mais rica, a NSWRL começou a fundar equipes fora de Sydney nos anos 80, com o Canberra Raiders e o Newcastle Knights. Em 1988, a NSWRL deu o passo decisivo rumo a se tornar a liga nacional ao criar uma equipe em Brisbane, o Broncos, destinado a representar a cidade, contratar o melhores jogadores da BRL e se colocar acima das rivalidades dos clubes da cidade.

Deu certo, a NSWRL virou NRL e se impôs sobre a BRL, que se tornou uma liga secundária até desaparecer em 1997. Hoje, vários dos clubes que jogavam a BRL (como o Easts Tigers, o Redcliffe Dolphins e o Ipswich Jets) disputam a Queensland Cup, liga considerada a segunda divisão australiana. A BRL renasceu em 2016 como liga de desenvolvimento.

 

Alguma outra cidade? Perth, certamente

Outra candidatura forte, que poderia resultar numa 18ª equipe para a NRL, é o Western Bears, que seria baseado em Perth, no extremo oeste da Austrália. Perth é a quarta maior cidade do país e não conta com um time na NRL. No momento, a candidatura é uma parceria da iniciativa local com o North Sydney Bears, tradicional clube de Sydney, fundado em 1908 e que jogou a NRL até 1999. O clube ainda conta com torcedores fieis, mas vê poucas chances de conseguir retornar se tiver uma candidatura baseada em Sydney, pois a cidade já tem 9 equipes. Os Bears venceram a NRL em 1921 e 1922.

O que é o Rugby League

O Rugby League é uma modalidade do rugby que nasceu em 1895 no Norte da Inglaterra. Na época, o rugby (o Rugby Union) proibia o profissionalismo no mundo todo, mas um grupo de clubes ingleses se opôs à proibição de pagamentos a jogadores e romperam com a federação inglesa, formando uma liga independente. A fim de mudar a dinâmica do jogo e torná-lo mais aberto, a liga passou a promover mudanças nas suas regras, criando uma modalidade distinta, jogada com regras diferentes. O League, no entanto, se difundiu fortemente apenas no Norte da Inglaterra e na Austrália, onde é mais popular que o Union. O esporte ganhou popularidade ainda na Papua Nova Guiné (país da Oceania onde é o League e não o Union quem reina) e, em menor dimensão, na Nova Zelândia e em algumas partes da França.

As entidades que organizam o Rugby League no mundo não têm ligações com as entidades do Rugby Union. A federação internacional do League é a International Rugby League (IRL) – Federação Internacional de Rugby League. No Brasil, a entidade que organiza o League é a CBRL – Confederação Brasileira de Rugby League.

Quais as principais diferenças do League para o Union?

  • O League é jogado por 2 times de 13 jogadores cada, com 4 reservas, sendo que um atleta que foi substituído poderá retornar a campo. A modalidade reduzida principal é o Nines, de 9 jogadores de cada lado;
  • No League, o try vale 4 pontos, a conversão 2, o penal 2 e o drop goal (chamado também de field goal) 1 ponto;
  • Não existem rucks. Quando um atleta sofre o tackle, é seguro e vai ao chão o jogo é parado. O atleta com a bola é liberado, rola a bola com os pés para trás e o jogo é reiniciado. É o chamado “play the ball”;
  • Cada equipe tem direito a realizar 5 vezes o play the ball e, na sexta vez que um atleta é derrubado, a posse da bola troca de equipe. É a chamada “Regra dos 6 tackles”. Com isso, é comum após o 5º tackle a equipe com a posse da bola chutá-la;
  • Se a equipe defensora tocar na bola entre um play the ball e outro a contagem de tackles é zerada. Quando uma equipe com a posse de bola comete um erro de manuseio e a bola troca de posse o primeiro tackle é considerado “tackle zero” e a contagem se inicia apenas após ele;
  • Não há lineouts. A reposição da bola que saiu pela lateral é feita a partir de um scrum. Penais chutados para a lateral são cobrados com free kick;
  • Na prática, os scrums não possuem disputas, pois a equipe que introduz a bola na formação pode introduzi-la diretamente no pé de sua segunda linha. Porém, a equipe sem a bola pode tentar empurrar a formação para roubar a bola (o que é raro de acontecer);
  • Não existe o mark. Com isso, chutes no campo ofensivo são frequentes;
  • Um chute dado atrás da linha de 40 metros do campo de defesa que saia pela lateral após a linha de 20 metros do campo ofensivo é chamado de “40/20” e premia a equipe chutadora com a manutenção da posse da bola e com a contagem de tackles zerada;
  • A numeração dos atletas no League muda. Os números mais altos são para os forwards e os números menos são para a linha. O fullback é o camisa 1 e o pilar o 13, por exemplo;