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Na qunta-feira, dia 6 de dezembro, será realizada a 131ª edição do Varsity Match inglês, o tradicional duelo anual entre as seleções da universidades de Oxford e Cambridge. No ano passado, a vitória ficou com o time azul marinho de Oxford, mas quem detém o maior número de conquistas são os azuis claros de Cambridge. Costumeiramente disputado na segunda quinta-feira de dezembro, o Varsity Match opõe as duas mais importantes universidades da Inglaterra, arquirrivais em tudo, do remo às ciências, do rugby às artes. 

O jogo não terá transmissão ao Brasil.

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The Varsity Match

O Varsity Match teve início no longínquo ano de 1872, um ano depois da primeira partida internacional de rugby da história, o Inglaterra x Escócia de 1871. Trata-se, pois, de um dos mais antigos duelos do rugby mundial. O confronto chegou à sua 130ª edição em 2011, tendo sido interrompido apenas durantes as grandes guerras mundiais. A equipe de rugby de Oxford foi fundada em 1869, ao passo que a de Cambridge nasceu justamente em 1872. Vale lembrar que a Universidade de Cambridge foi o berço do football association (o futebol), responsável pela formulação das primeiras regras do esporte, em 1848, o que explica ter demorado mais que Oxford para aderir ao rugby. Desde então, o rugby union se tornou um dos pilares esportivo das duas universidades, e o Varsity Match um momento único da vida das duas instituições.

Desde 1921, o Varsity Match é disputado no templo sagrado do rugby inglês, o estádio de Twickenham. A escolha dos jogadores que servirão às seleções de suas universidades é feita no final do verão, cabendo ao capitão (eleito no final do ano), aconselhado por um técnico, a escolha. As duas equipes realizam jogos de preparação antes do grande encontro. Oxford enfrenta, desde 1914, o Mayor Stanley XV; e Cambridge joga contra o Steele-Bodger’s XV, desde 1948 – em homenagem a Steele Bodger, ex-capitão de Cambridge e presidente dos Barbarians. Esses dois times são combinados de jogadores selecionados especialmente para enfrentar os dois times.

São no total 20 times de rugby em Cambridge e 29 em Oxford, representando seus repesctivos colleges, dos quais os atletas são selecionados. Oxford atua com suas tradicionais camisas na cor azul marinho, ao passo que Cambridge veste suas camisas listradas na cor azul claro e branco, e ambos são apelidados de Blues (azuis, em inglês). Por isso, os Varsity Matches também são chamados de “Clash of the Blues”, o “Choque dos Azuis”. 

Foram até agora 130 edições do Varsity Match, com 61 vitórias de Cambridge, 55 de Oxford e 14 empates.

Varsity Rugby Trailer 2012 from Jack Wills on Vimeo.

 

Brasil no Varsity Match

Um brasileiro de nascimento já atuou no grande jogo do rugby universitário mundial. Em 1963, Collin Allan, na época com 21 anos, defendeu a equipe de Cambridge, tendo o apelido de “o Pelé do Rugby”. Allan, nascido na cidade paulista de Barretos, era apontado na época como uma das maiores em 20 anos, de acordo com reportagem da Folha de S. Paulo, de 9 de fevereiro daquele ano.

Em 2007, outro anglo-brasileiro, Juliano Fiori, atuou por Cambridge, e fez os pontos da vitória da equipe celeste.

No atual time de Oxford, três atletas participam do Projeto Um Rio (OneRio), projeto social que vem desenvolvendo a prática do rugby em comunidades carentes do Rio de Janeiro.

 

Brasil contra Oxbridge

Esporadicamente, um combinado denominado Oxbridge é formado, unindo atletas de Oxford e de Cambridge. Em 1971, Oxbridge veio ao Brasil, e enfrentou a Seleção Brasileira. O duelo foi realizado no dia 24 de julho, no SPAC, em São Paulo, e terminou com vitória inglesa por 53 x 8, sendo notícia nos principais jornais brasileiros.

O Brasil jogou com: Brian Keen, Alan Bath, Daniel Dupont, Francis Walker, Roger Budden, Philip Appleton, Erhardt Post, Philip Cooper (David Ford), Philip House, Frank Frankel, Barry Williams, John Bennett, Hugh Murdoch, César Alves e Colin Allan.

Murdoch e o ex-Cambridge Collin Allan fizeram os dois tries brasileiros. Na época, o try valia apenas 3 pontos. Allan ainda foi autor de uma conversão. O árbitro daquela partida foi Leslie James Hepburn, um dos princiáis do quadro de arbitragem brasileiro na época.

 

Seleções nacionais 

Durante a era amadora do rugby mundial, a diferença técnica entre os clubes e as universidades de Oxford e Cambridge era inexistente, e centenas (literalmente!) de atletas de ambas as universidades serviram suas seleções nacionais. O período entre o início das competições internacionais e a Segunda Guerra Mundial assistiu a uma forte presença dos atletas de Oxbridge nas seleções das Home Nations (Inglaterra, Escócia, Irlanda e País de Gales), sobretudo no XV inglês, e, claro, nos prestigiosos Leões Britânico-Irlandeses (British and Irish Lions). Com o profissionalismo, a possibilidade de um atleta que esteja atuando por Oxford ou Cambridge chegar a uma seleção nacional de peso é mínima, mas o prestígio dos dois times não foi, de forma alguma, diminuído. No entanto, ainda é fato frequente atletas de seleções nacionais terem atuado em algum momento no Varsity Match, inclusive das grandes potências.

Dentre os grandes nomes que atuaram por Oxford e ainda estão em atividade por grande clubes e seleções estão: Simon Danielli (Escóci), Anton van Zyl (sul-africano que atuou pelos Barbarians em 2010, Kevin Tkachuk (Canadá), e Stan McKeen (Canadá, ainda atuando na universidade). Do lado de Cambridge, Dan Vickermann (Austrália) e David Quinlan (Irlanda) são os principais em atividade. 

Nos anais da história, atuaram por Oxford alguns brilhantes jogadores que marcaram época. Dentre eles: o Príncipe Alexander Obolensky (russo que atuou pela Inglaterra nos anos 30, e que chegou a enfrentar o Brasil), os ingleses Ronald Poulton-Palmers (década de 1910), Richard Sharp (capitão inglês na década de 60), Simon Haliday, Stuart Barnes (décadas de 80 e 90) e Phil de Glanville (década de 90); os galeses Gareth Davies (décadas de 70 e 80) e Vivian Jenkins (década de 30); os escoceses John Bannermann e Dan Drysdale (década de 20), o irlandês David Humphreys (década de 90 e 2000), o canadense Gareth Rees (década de 90), o australiano Joe Roff (décadas de 90 e 2000), o neozelandês Anton Oliver (décadas de 90 e 2000) e o sul-africano e italiano Nick Mallett (décadas de 90 e 2000)

Por Cambridge, atuaram mais de 20 atletas que vestiram a camisa dos Lions. Os principais foram os ingleses Carl Aarvold (década de 30) e Rob Andrew (décadas de 80 e 90), o galês Harry Bowcott (décadas de 20 e 30), o escoceses Arthur Smith e Gordon Waddell (décadas de 50 e 60), o irlandês Mike Gibson (década de 60) e o japonês Ginnosuke Tanaka (década de 1890, introdutor do rugby no Japão). 

 

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