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O campo do SPAC recebeu a final da Copa do Brasil neste sábado, dia 5, valendo para o campeão o direito de disputar a partida de repescagem com o ultimo colocado do Super 10, o BH Rugby, por uma vaga no maior torneio nacional em 2014. A final foi entre times de dois extremos geográficos. O Charrua, time de Porto Alegre, Rio Grande do Sul, vinha de vitória sobre a Poli, uma das favoritas na competição. Já o Alecrim, de Natal, do Rio Grande do Norte e se classificou após triunfo sobre o Goianos. A partida aconteceu numa chuvosa tarde na zona sul paulistana, com o time nordestino saindo com uma expressiva vitória e com o inédito título, histórico para todo o rugby nordestino.
O jogo começou agitado, com domínio breve do Charrua que mantinha a posse da bola. Mas, aos 3 minutos, em uma bela interceptação do ataque do time gaúcho, o camisa 6 do Alecrim, Rafael Goes, roubou a bola e correu livre para o primeiro try da partida, convertido pelo camisa 10 esmeraldino, Francisco Sanchis. Atrás do placar, o time do sul corria para empatar o jogo, pressionando do time do Alecrim nas formações fixas. O time potiguar, no entanto, conseguia conter a força gaúcha, mas cometia alguns penais que colocavam a equipe do Charrua de volta a pressioná-los, com mais posse de bola e boas jogadas de linha. Contudo, a história do jogo começou a mudar. O time nordestino conseguiu a afastar o perigo e pressionar com chutes o conjunto porto-alegrense, que encontrava dificuldades em elaborar contra-ataques, fortemente pressionados pela linha esmeraldina.
A pressão foi premiada com a primeira oportunidade de um penal para o Alecrim, aos 20 minutos de jogo. A chance, contudo, não foi aproveitada, mas o time nordestino manteve um ótimo jogo de contra-ataques rápidos e com um trabalho de handling de alto nível. Aos 26 minutos, o jogo já havia mudado de figura: agora, quem mantinha controle era o time esmeraldino, que atacava e pressionava o time gaúcho. Aos 29 minutos, o Alecrim ampliou a vantagem com mais um try, dessa vez marcado pelo pilar da seleção Danilo “Vermelho” Lima, após uma série de fases feitas pelos forwards dos Periquitos. O try foi convertido e o jogo partiu para o intervalo com esse resultado: 14 x 0 para o clube de Natal.
O segundo tempo começou de novo equilibrado, com o jogo truncado no inicio. Dessa vez, quem mantinha a posse da bola era o Alecrim, mas o Charrua conseguiu boa pressão nas 22 potiguares. Aos 5 minutos de segunda etapa, o camisa 9 do Charrua, Guilherme Silva, recebeu cartão amarelo e desfalcou o time gaúcho contra o veloz ataque esmeraldino. O Alecrim se mostrava mais calmo e construía seus ataques com mais fluidez e precisão, mas perdeu seu pilar Danilo “Vermelho” Lima por cartão amarelo. Todavia, nao tardou para mais um amarelo ser mostrado aos gaúchos e a vantagem numérica se transformou em mais um try do Alecrim, marcado por Francarlos Gaspar, não convertido por Francisco Sanchis. O terceiro try foi um duro golpe no Charrua, com o Alecrim passando a dominar o jogo por completo.
Aos 29 minutos, o Alecrim ampliou o placar com mais um tento marcado por Francarlos, em jogada sensacional pelo meio, escapando de dois tackles e dando mais dois side-steps para chegar ao in-goal gaúcho. Mesmo pressionando fortemente, o Charrua ainda marcou o try de honra aos 35 minutos, com Bruno Pedroso, resultado de um chute mal executado pelo time potiguar. Gabriel Bolzan o converteu. Mas, o Alecrim ainda conseguiu marcar mais um no final do jogo, e de novo por Francarlos Gaspar, marcando um hat-trick na partida. O try foi convertido e o juiz apontou o centro de campo, para a festa do time do Nordeste, campeão da segunda divisão nacional!
Danilo “Vermelho” ressaltou a relevância do título: “é de importância indescritível, especialmente pensando no trabalho que temos no nordeste, onde é muito difícil a pratica do esporte e seu incentivo, percorrendo até mil quilômetros para poder disputar um bom jogo e vir até São Paulo e vencer um clube da categoria do Charrua do Rio Grande do Sul, que vem crescendo bastante, só nos motiva cada vez mais. E é demais pela garra que o pessoal do nordeste tem para correr atrás de jogar e manter esse time fantástico”. Acerca do crescimento do rugby nordestino com essa conquista, o selecionável, ex-Rio Branco, apontou que “subindo ao Super 10, acho que ganhariamos uma incrível credibilidade e visibilidade com o publico local. Acredito que com a possibilidade desse acesso mostraremos que o rugby nordestino tem vez na disputa de torneios cada vez maiores em âmbito nacional. Quanto ao apoio ao esporte, hoje o Alecrim é um dos times que mais recebe apoio e estamos trabalhando cada vez mais duro com as divisões de base e o apoio nas escolas para conseguir fazer um bom projeto de inclusão, porque é um lugar pobre ainda e achamos que temos muita condição de crescer e não somente formar novos rugbiers, mas também melhores cidadãos.”
Acerca da derrota gaúcha, o experiente Uary aponto que “o time do Alecrim jogou melhor, jogamos bem até, mas eles foram indiscutivelmente melhores. Agora é pensar no próximo ano e pensar que faremos uma campanha melhor ainda, ou seja, sermos campeões”.
O Portal do Rugby elegeu Francarlos Gaspar, do Alecrim, como o destaque da partida. Para o Charrua, o destaque foi o asa Uary Gondim.
Escrito por: Gustavo Gaiofato
Copa do Brasil – Final
Alecrim 33 x 7 Charrua
Local: SPAC, São Paulo, SP
Alecrim
Tries: Francarlos (3), Rafael Gois, Vermelho
Conversões: Francisco Sanchis (4)
Charrua
Try: Bruno Pedroso
Conversão: Gabriel Bolzan (1)
