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ARTIGO COM VÍDEO – Chicago virou a terra da quebra dos tabus centenários. Depois que o Chicago Cubs venceu a World Series de beisebol pela primeira vez em 108, neste sábado foi a vez da Irlanda vencer pela primeira vez em sua história – e em 111 anos de confrontos – a Nova Zelândia: históricos 40 x 29, desde já para muita gente o resultado mais importante do rugby irlandês. Eram 27 derrotas até então dos irlandeses contra os All Blacks – e apenas um empate, em 1973.
Exagero? Pode até ser, mas os All Blacks foram aos Estados Unidos como os detentores do recorde mundial (entre nações do primeiro escalão do planeta oval) de vitórias consecutivas, 18, batido no fim do mês passado contra a Austrália. O “time a ser batido” armou-se com um grupo forte, mas o heróico Trevo ousou e, comandado por um treinador neozelandês, Joe Schmidt, optou por, desde o início do jogo, atacar os All Blacks, que mostraram serem humanos e não conseguiram deter o motivo time irlandês.
Mais de 62 mil pessoas compraram seus ingressos para irem ao Soldier Field verem o maior time de rugby do mundo, mas quem brilhou foi o time do coração de muitos americanos, cujas famílias vieram da irlandeses décadas – ou até já séculos – atrás. Em campo, quem largou na frente foi o Trevos, com Sexton aproveitando a primeira chance de penal, aos 4′. Mas, logo na primeira boa chance de try, a Nova Zelândia mostrou sua força protocolar, com Moala cruzando o in-goal, depois de Naholo romper a defesa.
A Irlanda, no entanto, não se deixou abater e contou com o amarelo logo na sequência para o pilar kiwi Joe Moody, que deixou os All Blacks cedo com um homem a menos. Aos 8′, os verdes souberam capitalizar em lateral a 5 metros do in-goal, formando maul devastador para Jordu Murphy anotar o try – confirmado após TMO pouco conclusivo.
O Trevo cresceu e não quis jogar na defensiva. Aos 16′, Rob Kearney rompeu a defesa neozelandesa e CJ Stander finalizou o segundo try no pick and go, no último lance com os All Blacks ainda com 14 homens. Recomposta, a Nova Zelândia não desperdiçou sua primeira chance de penal com Barrett, mas Sexton teve chance de responder logo depois para a Irlanda e foi preciso.
A igualdade de 15 jogadores de cada lado não desequilibrou o jogo, como esperado, a favor dos All Blacks. Foi a Irlanda que assumiu o protagonismo, chegando a acomular mais de 70% de posse de bola e território, sem deixar o famoso contra-ataque dos Homens de Preto dar as caras. O prêmio veio aos 33′, com Conor Murray achando o buraco entre o ruck e Aaron Smith para disparar rumo ao terceiro try verde. Impensáveis 25 x 08 no primeiro tempo.
E o segundo tempo começou perfeito – em um dia perfeito – para a Irlanda. Aos 48′, o pack irlandês voltou a dar as cartas, emplacou um maul e Murray abriu rápido até Zebo receber na ponta para fazer o quarto try verde.
Nada restou a Steve Hansen senão efetuar trocas, em um dia pobre de muitos de seus astros – em especial de Aaron Smith, desfocado em sua volta aos gramados após o incidente de indisciplina. A resposta neozelandesa, como esperado, foi rápida, com Dane Coles rompendo a defesa e servindo Perenara com offload aos 52′ para o segundo try kiwi. E os fantasmas de vitórias sobre os All Blacks que escaparam no segundo tempo voltou a assombrar a Irlanda quando, aos 56′, Beauden Barrett achou o espaço e serviu Ben Smith para o terceiro try com lindo offload. 30 x 22 no placar e muito jogo pela frente.
Entretanto, os ares de novembro em Chicago claramente são diferentes. Murray assumiu a responsabilidade em penal pouco depois e abriu mais 3 pontos para os verdes, acalmando os ânimos do lado celta. A estrela de Schmidt também brilhou e o treinador tirou Sexton para colocar como abertura o jovem Carbery, que debutava nesta noite com a camisa irlandesa. Mas, nesse momento foi outro debutante, o neozelandês Scott Barrett, irmão de Beauden, que roubou a cena, rompendo a defesa verde para o quarto try dos recordistas mundiais, que reduziam a desvantagem para inquietantes 33 x 29, com 15 minutos ainda pela frente.
A Irlanda não se abateu e ousou. Aos 75′, a falta de medo dos celtas e o erro de julgamento neozelandês premiou os verdes. Em ataque irlandês, Savea recuperou a bola, mas não quis se desfazer dela em zona de perigo. A Irlanda ganhou scrum, Heaslip saiu da formação e desferiu um passe brilhante para Henshaw cravar o try da vitória verde. Pela primeira vez na história, a Irlanda vence a Nova Zelândia: 40 x 29!
No próximo sábado, a Irlanda festejará em casa recebendo o Canadá, ao passo que a Nova Zelândia visitará a Itália. Entre as seleções que disputam o Six Nations ou o Rugby Championship, ainda Argentina, Escócia e Itália jamais derrotaram os All Blacks. O feito é raro e digno de toda a festa para a Irlanda.
Irlanda 40 x 29 Nova Zelândia, em Chicago (Estados Unidos)
Árbitro: Mathieu Raynal (França)
Irlanda
Tries: Murphy, Stander, Murray, Zebo e Henshaw
Conversões: Sexton (2) e Carbery (1)
Penais: Sexton (2) e Murray (1)
15 Rob Kearney, 14 Andrew Trimble, 13 Jared Payne, 12 Robbie Henshaw, 11 Simon Zebo, 10 Johnny Sexton, 9 Conor Murray, 8 Jamie Heaslip, 7 Jordi Murphy, 6 CJ Stander, 5 Devin Toner, 4 Donnacha Ryan, 3 Tadhg Furlong, 2 Rory Best (c), 1 Jack McGrath;
Suplentes: 16 Sean Cronin, 17 Cian Healy, 18 Finlay Bealham, 19 Ultan Dillane, 20 Josh van der Flier, 21 Kieran Marmion, 22 Joey Carbery, 23 Garry Ringrose;
Nova Zelândia
Tries: Moala, Scott Barrett, Perenara e Ben Smith
Conversões: Beauden Barrett (3)
Penais: Beauden Barrett (1)
15 Ben Smith, 14 Waisake Naholo, 13 George Moala, 12 Ryan Crotty, 11 Julian Savea, 10 Beauden Barrett, 9 Aaron Smith, 8 Kieran Read (c), 7 Sam Cane, 6 Liam Squire, 5 Jerome Kaino, 4 Patrick Tuipulotu, 3 Owen Franks, 2 Dane Coles, 1 Joe Moody;
Suplentes: 16 Codie Taylor, 17 Ofa Tu’ungafasi, 18 Charlie Faumuina, 19 Scott Barrett, 20 Ardie Savea, 21 TJ Perenara, 22 Aaron Cruden, 23 Malakai Fekitoa;
Os pequenos também jogam
Enquanto Chicago festejava, no lado menos glamouroso das seleções pequenas do rugby, outras oito seleções europeias estiveram em campo pelas Eliminatórias para a Copa do Mundo de 2019.
Pelo Rugby Europe Trophy, o “Six Nations C”, a Ucrânia conheceu sua segunda derrota elástica em dois jogos, perdendo agora em casa para a Holanda por 54 x 12, em jogo de nada menos que 7 tries para os laranjas, que já colocaram os ucranianos em má situação.
Uma divisão abaixo, a Rugby Europe Conference 1 teve três partidas. Pelo Grupo Sul, Israel estreou vencendo a Croácia por 23 x 16, ao passo que pelo Grupo Norte vitórias de Suécia sobre Luxemburgo, fora de casa, por 19 x 00, e da Lituânia sobre a Letônia, em clássico báltico, por 11 x 06.
Rugby Europe Trophy – 2ª divisão da Rugby Europe – Eliminatórias para a Copa do Mundo de 2019
Ucrânia 12 x 54 Holanda, em Lviv
Seleção | Jogos | Pontos |
---|---|---|
Portugal | 5 | 24 |
Holanda | 5 | 15 |
Suíça | 5 | 13 |
Polônia | 5 | 12 |
Moldávia | 5 | 6 |
Ucrânia | 5 | 0 |
- Vitória com menos de 3 tries de diferença = 4 pontos;
- Empate = 2 pontos;
- Derrota por 5 pontos ou menos pontos = 1 ponto
- Campeão - classificado à Repescagem de Promoção contra o último colocado do Rugby Europe Championship (1ª divisão) e classificado ao mata-mata da Repescagem Europeia das Eliminatórias para a Copa do Mundo de 2019;
- Último colocado - Rebaixado à Conference 1 (3ª divisão);
Rugby Europe Conference 1 – Grupo Norte – 3ª divisão da Rugby Europe – Eliminatórias para a Copa do Mundo de 2019
Luxemburgo 00 x 19 Suécia, em Luxemburgo
Lituânia 11 x 06 Letônia, em Siaulai
País | Apelido | Jogos | Pontos |
---|---|---|---|
Nova Zelândia | All Blacks | 6 | 30 |
Austrália | Wallabies | 6 | 13 |
África do Sul | Springboks | 6 | 10 |
Argentina | Pumas | 6 | 05 |
Rugby Europe Conference 1 – Grupo Sul – 3ª divisão da Rugby Europe – Eliminatórias para a Copa do Mundo de 2019
Israel 23 x 16 Croácia, em Netanya
Equipe | Cidade (Estado) | Pts | Etapa 1 | Etapa 2 | Etapa 3 | Etapa 4 |
---|---|---|---|---|---|---|
Curitiba | Curitiba (PR) | 79 | 18 | 18 | 25 | 18 |
Niterói | Niterói (RJ) | 77 | 21 | 25 | 06 | 25 |
São José | São José dos Campos (SP) | 75 | 25 | 21 | 08 | 21 |
SPAC | São Paulo (SP) | 57 | 15 | 15 | 15 | 12 |
Delta | Teresina (PI) | 47 | 04 | 12 | 21 | 10 |
Band Saracens | São Paulo (SP) | 46 | 10 | 10 | 18 | 08 |
Desterro | Florianópolis (SC) | 38 | 12 | 08 | 12 | 06 |
Charrua | Porto Alegre (RS) | 35 | 06 | 04 | 10 | 15 |
Vitória | Vitória (ES) | 22 | 08 | 06 | 04 | 04 |
BH Rugby | Belo Horizonte (MG) | 12 | 03 | 03 | 03 | 03 |
Toledo | Toledo (PR) | 4 | 02 | 00 | 02 | |
Melina | Cuiabá (MT) | 3 | 00 | 02 | 00 | 01 |
Leoas da Paraisópolis | São Paulo (SP) | 3 | 01 | 02 | ||
USP | São Paulo (SP) | 1 | 01 | 00 | 00 | 00 |
Centauros | Estrela (RS) | 1 | 01 | |||
Goianos | Goiânia (GO) | 0 | 00 | 00 | ||
Tsunami | São Paulo (SP) | 0 | 00 | 00 | ||
Guarulhos | Guarulhos (SP) | 0 | 00 | 00 | 00 | |
Maringá | Maringá (PR) | 0 | 00 | |||
Wallys | Louveira (SP) | 0 | 00 | |||
Rio Rugby | Rio de Janeiro (RJ) | 0 | 00 |
Foto: ©INPHO/Billy Stickland