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arena ipanema

No último fim de semana, o Rio de Janeiro recebeu um torneio internacional de beach rugby. Com apenas três países concorrendo, em um torneio masculino de quatro times e um torneio feminino de duas equipes, o torneio poderia passar despercebido. Mas, não, a competição pode ter sido um marco para o rugby nacional. Com o apoio do World Rugby, Brasil, Argentina e Itália jogaram com as regras sancionados pelo World Rugby do Beach Fives Rugby, e elas chamaram a atenção.

A princípio, um jogo sem rucks, mauls, scrums, lineouts e chutes soaria estranho e teria nenhum interesse. Mas, o que se viu não foi um touch de praia, mas um jogo excitante com dois ou três tries por minuto, de passes envolventes e tackles fortes e, sobretudo, de fácil entendimento a qualquer um. Sem as formações e com os tries sendo a única forma de pontuação – reduzidos ao valor de 1 ponto, fácil de se calcular , acompanhar e torcer – o beach rugby atraiu e cativou o público presente a Ipanema. O formato do 5-a-side se provou uma grande ferramenta para se apresentar o rugby a um público novo, que não seria atingido da mesma forma pelo Rugby XV e mesmo pelo Rugby Sevens. A praia é um espaço público e não um estádio isolado da rua, onde entram apenas aqueles que já sabem sobre Rugby. O Beach Rugby atraiu os olhares de quem passava pela praia carioca naquele horário e foi atraído por um esporte diferente e instigante.

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A CBRu acertou na organização do torneio e agora é necessário garantir que essa iniciativa tenha continuidade e se torne algo ainda maior. Até os anos 90, o Rugby vivia apenas do XV no nível do espetáculo. Foi apenas no fim dos anos 90 que o sevens passou a ser valorizado como uma modalidade de competição com grande valor, e não apenas como uma modalidade recreativa voltada apenas à diversão. A situação mudou com o plano estratégico do IRB para levar o sevens aos Jogos Olímpicos, transformando-o em uma modalidade competitiva.

O beach rugby parece muito o sevens dos anos 80. Hoje, no mundo todo, não passa de um jogo recreativo, para clubes e jogadores aproveitarem o verão com rugby e diversão. Mas, o beach rugby pode ser mais. E com o Brasil como pivô e centro disso tudo. Há espaço para isso. Se bem trabalhado nos próximos anos, como já foi em 2014, o torneio do Rio de Janeiro poderia se tornar o “Hong Kong Sevens” do beach rugby. Um torneio referência, prestigiado, onde todos os países gostariam de desfilar seus atletas. O apoio do World Rugby é crucial para isso. O beach rugby tem o poder de se comunicar facilmente com o público, de entrar em um ambiente festivo e agregar o espírito do rugby ao ambiente de alegria que a praia tem. Futebol, voleibol e handebol já descobriram isso e está na hora do rugby também abraçar de vez a praia.

Hoje, o foco do World Rugby é sem dúvida que os Jogos Olímpicos sejam um sucesso. Mas, após 2016, a entidade terá ainda mais espaço para ousar e inovar. Por que não um Circuito Mundial de Beach Rugby, com o Rio de Janeiro e outros destinos já tradicionais da modalidade, como o litoral mediterrânico (em especial italiano e francês) ou as praias do Pacífico Sul?