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ARTIGO OPINATIVO – O futuro do rugby internacional nunca foi tão debatido como neste ano. Apesar da compreensão equivocada no Brasil sobre a popularidade do rugby mundo afora, a verdade é que a bola oval ainda está distante de seu potencial. O rugby ainda não se tornou um esporte verdadeiramente global em termos de popularidade, ainda preso demais nas nações do chamado Tier 1. É fato também que progresso foi alcançando em nações como o Japão e os Estados Unidos, mas ainda há um longo caminho para a nossa bola oval trilhar nesses países. Nos EUA, o rugby ainda é um mero desconhecido em meio a tantos esportes profissionais e na Ásia, tirando no Japão e em Hong Kong, ele é quase nulo. No Brasil obviamente nosso caminho ainda é longo igualmente.
Uma das maiores falhas do rugby mundial em sua busca por grandeza e popularidade é a sua quase ausência do mundo do divertimento virtual. Ligas e federações ainda precisam evoluir demais e aprender muito com o futebol europeu e com os esportes americanos quando o assunto são sites e redes sociais. Mas definitivamente a mais grave ausência do rugby está nos jogos eletrônicos.
O século XXI é a era do video game. Os games se tornaram uma poderosa indústria que já explodiu também como esporte competitivo. Milhões de dólares fluem na América do Norte, Europa e sobretudo Ásia – e também no Brasil – ao redor dos e-sports, com ligas de esportes convencionais – como futebol, futebol americano ou Formula 1 – desenvolvimento rapidamente competições profissionais a partir de seus próprios games.
Hoje, o esporte atlético e sua “cópia” eletrônica estão intimamente conectados. E os jogos eletrônicos são um dos mais preciosos meios de popularização de uma modalidade pensando em sua comercialização, em seu marketing, na criação de ídolos. Vender uma liga para a TV é hoje apenas um pedaço de todas as oportunidades de comercialização. Outra cada vez mais importante é o licenciamento de jogos eletrônicos. As gerações mais jovens não apenas seguem seus ídolos dos gramados nas redes socais e os assistem na TV ou internet. “ogar o video game do esporte que se gosta é uma poderosa forma de se criar vínculos com os ídolos, de se conhecer os atletas da vida real e se familiar com os times.
Esta é uma falha imperdoável do rugby atual. Não temos bons games de rugby. E são poucos os que existem, sendo lançados com problemas de jogabilidade e por produtoras alternativas. É incrível que um esporte que já teve seus jogos eletrônicos produzidos pela gigante EA Sports tenha perdido tão importante parceira.
O rugby entrou cedo no mundo dos games, com jogos de boa qualidade para velhos consoles dos anos 90, como este abaixo do Mega Drive.
A série de games chamados Jonah Lomu, lançado em 1997, foi um estouro e nas Copas do Mundo seguintes a EA Sports fez excelentes jogos, como Rugby ’06 e ’08, considerados por muitos os melhores até hoje.
Mas, aquilo que poderia ter seguido o caminho de games como o FIFA, o NBA Live e o NFL Madden acabou morrendo. Uma década depois, a gigante dos game de esportes ainda não retornou ao rugby. Os jogos criados por outros estúdios para a Copa do Mundo de Rugby em 2011 e 2015 foram verdadeiros desastres – em 2015, o jogo OFICIAL da competição sequer tinha os nomes verdadeiros dos atletas da Inglaterra, país sede, e ganhou nota 19 de 100 no Metacritic.
Deveria se tornar prioridade para o World Rugby se somar às ligas de rugby profissionais e criar uma série de games robusta, que efetivamente entregue um produto de boa jogabilidade e orientado para o marketing da bola oval – ligas e atletas do mundo real devidamente licenciados para se tornarem um meio de engajamento de novas gerações com os clubes, seleções e jogadores da elite de nosso esporte.
Confesso que não sou um jogador. Mas quando criança e adolescente joguei muitos (muito!) jogos de esportes, sobretudo FIFA. Uma das coisas que eu mais gostava – como viciados em esportes – era ter os times que eu gostava e os jogadores licenciados, sentir que o jogo era completo.
O rugby precisa de um game de alta jogabilidade, que contenha as principais seleções do mundo e suas competições: algo perto de 30 seleções masculinas (as que sonham com a Copa do Mundo + British and Irish Lions e Barbarians), 12 seleções femininas (as da Copa do Mundo, seguindo os passos do FIFA), ao menos 6 ligas de clubes (Super Rugby, Top 14, Premiership, PRO14, Champions Cup e MLR) e a Série Mundial de Sevens (sempre me recordo como era legal o FIFA 97 com futsal… quem é da minha idade, lembra? Era uma ótima variação dentro do mesmo game). E quem sabe ainda abrir alguns times históricos? Poder jogar com Jonah Lomu, Jonny Wilkinson, Gareth Edwards… Nada de outro mundo.
Em paralelo, jogos como “Mario e Sonic nos Jogos Olímpicos”, jogando rugby sevens, são essenciais para atingir outro tipo de público – o que não é viciado em esportes – e gerar algum interesse pela bola oval.
Se a força do mercado não trouxe o interesse ainda para a criação de bons jogos de rugby, poderia caber ao World Rugby a faísca de tal ignição. Nossa bola oval já está ficando atrás dentro do universo que já não é mais o futuro – é o presente mais óbvio. 2019 seria o ano para dar o salto adiante, afinal, é ano de Copa do Mundo de Rugby e é no JAPÃO, uma potência no mundo dos games. Vamos perder essa oportunidade?
Por enquanto o melhor jogo de rugby ainda é o Rugby 08, mas dos atuais o melhor é o Rugby Challenge 3. A produtora deixou disponível a edição dos times e camisas e por isso não os jogadores não enfrentam problemas de licenciamento. Graças aos mods, dá pra jogar com seleções e times recentes, mas a comunidade por enquanto está parada na temporada passada e certamente só volta perto da Copa do Mundo. A jogabilidade é boa, mas muitos reclamam de alguns bugs. Recomendo a pesquisa