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Durante a realização do Rio Sevens 2013, o Portal do Rugby teve a oportunidade de entrevistar Santiago Gomez Cora, técnico da seleção argentina feminina e um dos maiores nomes do Seven-a-Side mundial. A ex-estrela dos Pumas é o maior marcador de tries da história da Série Mundial de Sevens, com nada menos que 230 tries anotados. além de ser o 5º maior pontuador da competição. confira a entrevista:

 

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Portal do Rugby: Na América do sul, já tem um tempo que há domínio do Brasil no feminino, mas nos últimos anos, outras seleções vêm crescendo na modalidade, começando a trazer dificuldades ao Brasil, caso da Argentina…

Santiago Gomez Cora: Sim sim, a equipe argentina não era entrosada, não treinava, somente participava do Sul-Americano montando uma equipe que já jogava junta nos últimos anos e só um dia antes vinham a jogar juntas. Agora, com mais competições na Argentina, elas podem treinar mais e começam a usar o CT do masculino, fazendo com que este ano estejam mais competitivas.

 

Portal do Rugby: O que você destacaria na seleção brasileira feminina?

Santiago Gomez Cora: A equipe brasileira tem ótimas condições atléticas; Na hora do tacklear outras atletas por exemplo, creio que para a Argentina falta um pouco disso. O Brasil tem como destaque maior nesse campeonato a sua resistência física

 

Portal do Rugby: Na sua opinião, o que faz o Brasil ser superior a Argentina no feminino até o momento?

Santiago Gomez Cora: Brasil treina muito mais, estão organizadas, dedicam-se de verdade ao 7s, enquanto que na Argentina, como disse, treinavam um dia antes para vir a este campeonato, isso está mudando e vamos começar a nos igualar ao Brasil nos torneios internacionais, que agora está disputando o circuito (mundial) e, sobretudo, reduzir a diferença física a partir de agora que estamos treinando nossas meninas no CT.

 

Portal do Rugby: Como você enxerga que será o rugby feminino na América do Sul nos próximos anos?

Santiago Gomez Cora: Ainda está atrás do masculino, deveriam estar investindo mais. eu enxergo Brasil e Argentina aproximando-se mais e mais do nível internacional. Ainda há uma grande diferença de nível quando o Brasil enfrenta potencias como Canadá e EUA, mas creio que o Brasil está trabalhando para isso já tem alguns anos, e a Argentina vai começar o mesmo e também levar o nome da América do Sul para o resto do mundo. Os outros países estão em uma escala mais abaixo, mas de qualquer forma creio que eles vem aumentando o nível com bastante esforço e treinamento.

 

Portal do Rugby: Mudando um pouco de assunto, você construiu um grande nome no rugby mundial atuando pelos Pumas na Série Mundial de Sevens, o que você acha que mudou na Série Mundial nos tempos em que você atuou para hoje em dia?

Santiago Gomez Cora: A série vem tomando um dinamismo muito maior, os jogos estão mais rápidos, menos dependente dos valores individuais e muito mais do físico. Os jogos que duravam sete minutos por tempo hoje chegam a durar nove por causa das pausas de jogo, knock-on ou scrums. os atletas que vem melhorando suas destrezas individuais e também o aumento da diferença física no treinamento, na preparação física, que nos últimos anos vem impedindo que uma equipe amadora possa competir com os tamanhos e os físicos de uma equipe profissional

 

Portal do Rugby: Desde sua aposentadoria dos Pumas 7s, a Argentina vem perdendo pouco a pouco o status de seleção de destaque na Série Mundial. Além da sua ausência, o que mais tem faltado à Argentina para retornar as posições de destaque?

Santiago Gomez Cora: Falta haver uma continuidade de equipe, hoje está acontecendo uma transformação dentro do rugby argentino, hoje se precisa de muito mais jogadores de nível, por causa do Rugby Championship, do Pampas XV. Antes tínhamos um núcleo de 30, 40 jogadores, hoje temos um núcleo de 100 jogadores espalhados entre os Pumas, os Pampas, os juvenis, E esses jogadores quando vão jogar as competições de XV não costumam jogar os competições de 7s, que por são muitas; dessa forma não há mais uma regularidade no jogo de 7s e eu asseguro que o desenvolvimento da equipe tenha que ser pelas competições de 7s.

 

Portal do Rugby: Por fim,a nível sul-americano, outras seleções tem conseguido fazer frente a Argentina, esta que não era derrotada em uma partida contra equipes da América do Sul desde 1936. Nos últimos anos ela sofreu derrotas para o Brasil (em 2011) e Uruguai (em 2012), como você avalia esses feitos?

Santiago Gomez Cora: Há um crescimento na região, o que é muito bom, e é o desejo da Argentina que a região cresça, pois quanto melhor for à qualidade do Sul-Americano, melhor será para desenvolver nossas equipes, Argentina quase sempre participa dos torneios com a 2ª ou 3ª equipe, hoje nós viemos com a 1ª equipe para ganhar, uma prova de que o nível da América do Sul subiu.