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O Sulamericano que se encerrou no último fim de semana trouxe uma novidade na seleção brasileira. O retorno de Fernando Portugal à capitania da seleçao brasileira, depois de se retirar para tratar uma lesão em 2012. Os Tupis ficaram com a terceira posição geral, e com isso se classificaram para o Hong Kong Sevens, a principal etapa da Série Mundial de Sevens, e que vale um lugar permanente no Circuito.

Não foi a única mudança recente na vida de Portugal. O jogador também retorna ao clube que o formou, o São José Rugby, atual campeão nacional, e vai reforçar uma equipe já cheia de talentos. Sobre seu atual momento, ele conversou com o Portal do Rugby.

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Portal do Rugby: Porque você saiu do Bandeirantes, depois de cinco anos, e o que motivou esse retorno às origens?

Fernando Portugal: Minha saída do bandeirantes foi bem tranquila. Pensei muito sobre o assunto e a conclusão foi que os objetivos que eu havia traçado, quando em 2008 saí do Sao José para ir ao Bandeirantes, ja haviam sido concretizados. Ajudei na elaboração, aprovação, captação e coordenação de um projeto de categorias de base para o clube e joguei na equipe principal durante esse tempo. Criei uma relação muito boa com todos do clube, vive bons momentos, mas chegou a hora de voltar pra casa. A vida em Sao Paulo é agitada e custa caro, quero um pouco mais de calma pra conseguir me dedicar com mais empenho e qualidade nos próximos anos da minha carreira dentro de campo, como jogador. Em Sao Paulo é mais difícil. O motivo de ter escolhido o Sao José é simples, além de ser um grande clube, vencedor e com um elenco invejável, é a minha casa, onde nasci, cresci,  conheci e aprendi a jogar Rugby e onde está minha família.

PdR: Como espera que será a recepção dos velhos amigos, e como vê a concorrência para uma posição de titular entre o forte grupo que já se estabeleceu (Pedrinho, Elpídio, Moisés, Rivaldo…) desde a sua partida?

FP: A relação com grande parte do grupo do Sao José sempre se manteve. Durante estes anos joguei com vários jogadores do Sao José na seleção e a verdade é que sempre brincavam que eu deveria voltar pra casa. Sou um trabalhador do Rugby e luto pelo profissionalismo, foi isso que motivou a minha saída do Sao José e todos entenderam. E como já disseram quando souberam do retorno, “o bom filho à casa torna”.

O que me motiva são os desafios e a competição, nao será um problema para o clube e nem para nós jogadores a briga por um lugar na equipe principal. Neste ambiente esportivo/ familiar, comportamentos assim só acrescentam ao grupo.
 

PdR: O que é  a FP1? Quais as suas metas para esse projeto?

FP: Estamos trabalhando na criação de mais uma forte marca do Rugby brasileiro. Não limitamos os setores onde poderemos atuar, mas por enquanto seria um modelo de clínicas de treinamento e/ ou divulgação do Rugby, palestras e mais uma gama de produtos que ainda estamos desenvolvendo. 

PdR: Como recebeu a notícia de que voltaria a ser capitão da seleção de Sevens? Esperava essa responsabilidade depois do tempo que passou afastado? 

FP: Na verdade nao esperava mais voltar à seleção. Por um momento achei que meu tempo por lá já havia passado. Fui convocado para os torneio de Punta Del Este e Viña Del Mar, com o Gregg de capitão. Fiz meu trabalho, me envolvi novamente com o grupo e os treinadores acharam que seria a melhor alternativa me colocarem como capitão mais uma vez. É o maior orgulho e a maior honra da minha vida. Sinto o peso desta responsabilidade, respeito e tento me preparar pra isso. Foi um momento muito emocionante quando os treinadores anunciaram ao grupo que eu seria o capitão no sulamericano, mas o que me emocionou mais, nao foi voltar a ter esse cargo, mas como o grupo me recebeu. Somos uma família na seleção e apoiamos nossos irmãos. O comportamento do Gregg, que foi quem assumiu a capitania enquanto eu nao estava, foi sensacional, digno de um grande líder, que sempre coloca os objetivos do grupo em primeiro lugar. 

PdR: Você está com 31 anos. Acha que vai conseguir chegar ao Rio 2016, com o grande número de jogadores despontando nas categorias de base?

FP: Tenho alguns objetivos pessoais e nele está chegar como jogador da seleção nos Jogos Olímpicos do Rio. Minha volta para São José e a determinação de me dedicar mais à vida de atleta, tem como objetivo 2016. Se algum garoto despontar e me colocar no banco, serei o primeiro a apoiá-lo durante os Jogos. O que prometo é que se isso acontecer, poderemos estar tranqüilos com o desempenho da equipe, porque irei morder os calcanhares até que me reste uma única esperança. E, como disse, essa competição faz a equipe crescer.

PdR: Além dos cursos e de trabalhar como técnico, você comenta jogos e participa de programas de rádio, além do FP1. Pretende manter essas atividades depois que parar de jogar? Já considera essa possibilidade?

FP: Considero sim, sem dúvida nenhuma. Meu envolvimento com todos estes setores do esporte foi mais uma necessidade do que uma escolha. Na ânsia por viver profissionalmente do Rugby, tive que ajudar a criar um cenário profissional, atuando em varias frentes. Além de gostar de fazer todos estes trabalhos, reconheço que são grandes oportunidades para o futuro. 

PdR: O que acha de capitanear a seleção no Hong Kong Sevens? Acha que a seleção pode desempenhar um papel melhor do que no Sevens de Las Vegas? 

FP: Capitanear a seleção em qualquer campeonato é a maior honra que tenho na minha vida. É o esporte que amo da seleção do meu país e só isso já é imensurável. No entanto, ser o capitão de um grupo de homens que admiro e respeito e sentir esse mesmo sentimento vindo deles, é algo extraordinário. Nao me importa o cenário, o palco, a competição, ou a quantidade de público assistindo, o que me motiva e me enche de orgulho são os jogadores ao meu lado. 

Acho sim que teremos um desempenho melhor. A tendência é crescermos. Estamos em constante evolução e a medida que jogamos mais torneios com níveis mais altos, nos tornaremos mais fortes.