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O Brasil disputa nesse fim de semana, a Copa Emirates, o primeiro torneio internacional que a seleção disputa fora do continente americano, enfrentando as seleções de Hong Kong, Emirados Árabes Unidos e Quênia.

Mas não é só o Brasil que estreia. O jogador Martin Schaefer, que retornou ao seu clube de formação, o Rio Branco Rugby Clube, neste ano, depois de anos na Europa, foi um dos destaques do time na campanha do Super 10, e chamou a atenção de Toto Camardon, que convocou o jogador para o torneio em Dubai. Assim, o jogador também vestirá sua segunda amarelinha (a camisa do Rio Branco leva as cores amarela e azul) pela primeira vez. O Blog do rugby falou com o jogador sobre seu passado e expectativas para o futuro.

Dia/mês/ano de nasc.: 18/10/1989

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Altura: 1,84m

 

Peso: 91Kg

 


Posição:
Centro

 


Clubes em que jogou:
Rio Branco Rugby e Mantova Rugby (Itália, Serie B)

 

 

 

Quando começou a jogar Rugby? Como foi esse primeiro contato com o esporte?

 

Meu primeiro jogo foi quando tinha uns 15 anos de idade. Entrei no rugby por acaso . Fazia parte do Grupo Escoteiro Bororos, que  tinha vinculo com o Rio Branco. Meu primeiro jogo foi contra  um outro Grupo Escoteiro, chamado Carajas que na época tinha vinculo com o SPAC.

 

Fizemos varios jogos no mesmo dia, inclusive misturando os times . E um dos chefes escoteiro na época (Gugu) falou que era pra eu começar a jogar. E foi assim, mesmo sem saber as regras, comecei a jogar… me falavam, que eu nao podia passar a bola pra frente, nao deixar ninguem passar por mim e nao deixar ninguem me tacklear.. e assim foi indo.. começei a treinar e a entender um pouco mais sobre o jogo.

 

Depois do primeiro jogo, fiquei "quebrado". Parecia que um caminhao tinha passado por cima de mim, ja que nao estava acostumado a esse tipo de contato fisico. Mas nem me passou pela cabeça parar.

 

 

Já teve alguma experiência no exterior? Em qual clube jogou, e a que divisão pertence?

 

Já, passei 3 anos na Italia, jogando pelo Mantova Rugby. O primeiro ano participei no juvenil e os outros dois fui convocado para o adulto como titular. O time era de serie B (3a divisao).

 

 
Quando você foi para a Itália, sentiu muita diferença no nível de jogo entre os dois países? 

 

Senti muita diferença no nível de jogo. Lá todos tem  contato com o rugby desde pequeno. No meu time, tinhamos divisao de M7, M9, M11, M15, M17, M21, Time principal e um outro de série C. Mesmo se tivesse pessoas que não jogassem bem, pelo menos tinham uma boa noção  básica. O que facilita muito o crescimento individual e do time, diferente daqui. Aqui infelizmente a maioria das pessoas entram em contato com o rugby muito tarde. O que prejudica na hora dos treinos, pois muitas vezes nao conseguimos avançar com o time por causa de jogadores inexperientes.

 


 
Como foi recebido pelos demais jogadores de lá? Passou por problemas de adaptação?

 

Fui recebido muito bem pelos jogadores. Mesmo não falando e entendendo a língua , acabei aprendendo graças a eles que vinham falar comigo e queriam me ensinar. Nao tive nenhum problema de adaptação. Todas as amizades que fiz la, foram muito fortes. Sempre me incluiam nos programas após os treinos.

 

 

 

E no retorno, como esperava encontrar o Rugby brasileiro, em termos de estrutura e de nível técnico?

 

Me afastei completamente do rugby brasileiro enquanto estive la. Nao fazia noção de como as coisas andavam por aqui. Quando voltei, achei que o rugby nao teria mudado nada. Mas pelo contrario o rugby evoluiu e muito!! Fiquei até surpreso com o quanto evoluiu. Começando pelo campeonato Super 10. Todos os times evoluiram, tem muitos novos times, inclusive  no sul do Brasil que começaram faz pouco tempo e ja estao mostrando que tem muito potencial. Tem divulgação na internet , na TV e patrocinios. Hoje , quando eu falo pra alguém na rua que jogo rugby, as pessoas ja sabem do que estou falando. Nao é como antigamente que quando eu falava que jogava rugby as pessoas perguntavam se era aquele esporte que se joga com o taco. Entao o Rugby no Brasil evoluiu muito e vai continuar evoluindo muito mais! É hora do esporte crescer no país. Temos que mostrar pro mundo, que o Brasil nao é só futebol. Existem outros esportes no país e de bom nível.

 

 
Você vê algum traço comum entre o Rugby jogado na Itália e o que é jogado no Brasil?

 

O rugby jogado aqui e na italia é parecido sim. Tem algumas diferenças. Uma delas é a velocidade de jogo. Lá eles procuram muito a velocidade para pegar o adversario desorganizado. Eles tambem investem muito na continuidade direta (off load), na qual, quando feita bem, fica muito dificil de defender. Outra coisa que diferencia bastante o rugby brasileiro com o italiano, é que la eles sao mais profissionais. O time que eu estava jogando, mesmo não sendo profissional, sendo de série B, treinávamos 3 vezes em campo e 2 vezes na academia por semana. Os atletas levam muito a sério o treino, a frequência do treino e ate mesmo o staff do time, ficava atras dos atletas quando faltavam, pra saber porque faltavam. Quando precisávamos de alguma ajuda de qualquer tipo que seja, o staff sempre estava ai pra ajudar no que fosse possível. (Fisioterapeuta, ortopedista, hospital, médicos à disposição, ajuda de custo, transporte para os jogos, pernoites em viagens e outras coisas). Pode ser que aqui falta um pouco desse profissionalismo e do empenho dos atletas. Claro que sei que é muito dificil, pois todos trabalham ou estudam e jogam rugby como hobby.

 

 

 

Logo em sua primeira participação no Super 10, já veio a convocação para a seleção. A seleção era algo que você tinha por objetivo?

Não voltei pro Brasil com intenção de entrar na seleção. Sabia que poderia ter a possibilidade mas sabia tambem que o grupo ja estava meio que fechado então não fiquei criando muita expectativa. Mas quando veio o convite para participar dos treinos, fiquei muito empolgado e daí sim virou um objetivo. Comecei a focar mais para uma futura convocação.

 

 

 

O que acha de jogar ao lado de jogadores que já são consagrados no Brasil, como os irmãos Duque, Gregg e Ramiro Mina (Mocho)?

 

Com certeza é uma honra jogar com eles e com todos aqueles que estão na seleção. E sei que ainda posso aprender e evoluir muito com eles.

 

 
Tem planos para também chegar na seleção de Seven-a-side?

 

Tenho planos de chegar a seleção de Seven sim. O estilo de jogo de 7’s é muito diferente do Rugby a 15, e eu gosto bastante, pois é um jogo onde você precisa ter muita habilidade de passe e velocidade. 

 

 
Tem planos de retornar ao exterior?

 

No momento não tenho planos de voltar ao exterior. Pretendo ficar por aqui ainda, terminar os estudos e quem sabe daqui alguns anos, voltar pro meu time da Itália pra passar uma temporada com eles de "férias" ou se tiver a oportunidade ir jogar em algum outro time no exterior.