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Reino Unido bandeira

Com o Jubileu de Diamante da Rainha Elizabeth II, o Portal do Rugby te ajudará a entender melhor os termos que apareceram nos noticiários de domingo e suas relações com o rugby.

 

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Rainha… de quem?

Afinal, Elizabeth II é rainha de quem? Da Inglaterra? Do Reino Unido? Da Grã-Bretanha?

A resposta é simples: a Rainha Elizabeth II é a Chefe de Estado do Reino Unido da Grã-Bretanha e da Irlanda do Norte, isto é, do reino formado por Inglaterra, Escócia, País de Gales e Irlanda do Norte, reconhecido como tal pela ONU (Nações Unidas), com o nome de reduzido de Reino Unido. O termo Grã-Bretanha se refere à ilha onde estão Inglaterra, País de Gales e Escócia. Na região ainda se localizam outras 3 dependências da Coroa, não incorporadas ao Reino Unido: Ilha de Man, Jersey e Guernsey. Juntas da Grã-Bretanha elas formam as chamadas Ilhas Britânicas.

Mas não é apenas do Reino Unido que Elizabeth II é soberana. Nada menos que 16 estados independentes que no passado fizeram parte da Império Britânico ainda reconhecem constitucionalmente a monarca inglesa como sua Chefe de Estado. São eles: Austrália, Nova Zelândia, Canadá, Belize, Jamaica, Antigua e Barbuda, Bahamas, Barbados, Granada, São Cristóvão e Névis, Santa Lúcia, São Vicente e Granadinas, Papua Nova Guiné, Ilhas Salomão e Tuvalu. No entanto, em todos esses países, o poder da monarca é reduzido – sendo governados por seus primeiros-ministros, chefes-de-governo -, garantindo a independência deles do Reino Unido.

E não para por aí. Como o Reino Unido ainda possui soberania sobre alguns territórios não incorporados, os chamados Territórios Britânicos Ultramarinos, a monarquia britânica ainda reina sobre Gibraltar, Ilhas Cayman, Ilhas Turks e Caicos, Anguilla, Montserrat, Ilhas Virgens Britânicas, Bermuda, Ilhas Malvinas (Falklands), Santa Helena, Território Britânico do Oceano Índico e Ilhas Pitcairn. Tais países possuem independência no campo esportivo, podendo formar suas próprias seleções, caso possuam população e estrutura suficientes. No caso do rugby, Bermuda, Ilhas Cayman e Ilhas Virgens Britânicas são filiadas ao IRB e inclusive podem disputar as Eliminatórias para a Copa do Mundo. As Ilhas Turks e Caicos, por sua vez, são filiadas à NACRA (Associação de Rugby da América do Norte e Caribe).

A Rainha Elizabeth II também é a chefe da Comunidade de Nações (Commonwealth of Nations), organização internacional formada pelos países do antigo Império Britânico, e governadora suprema da Igreja da Inglaterra (Igreja Anglicana).

 

Reino Unido e Irlanda, a história política e esportiva

Em 1603, o Rei Jaime I (James I, para os ingleses, James IV, para os escoceses), então Rei da Escócia, herdou a coroa da Inglaterra, unificando as coroas dos dois reinos. Gales já havia sido anexado legalmente à Inglaterra no século XVI, na forma de principado. Apesar de unidas sob a mesma coroa, Escócia e Inglaterra só passaram a constituir um mesmo Estado em 1707, com o Act of Union. À época, a ilha da Irlanda já era possessão da coroa inglesa, conquistada nos séculos XII e XIII, e unida à coroa no século XVI. Em 1800, um novo Act of Union garantiu à Irlanda o status de nação constituinte, com o estabelecimento do Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda.

O nome se deve às duas principais ilhas que compõem o país: a ilha da Grã-Bretanha (onde estão Inglaterra, Escócia e Gales) e a ilha da Irlanda (onde hoje estão a República da Irlanda e a Irlanda do Norte). Até 1920, o Reino Unido foi formado por três países constituintes: Inglaterra, Escócia e Irlanda, sendo que Gales, governado pelas leis inglesas, tinha certa autonomia como nação.

Quando as uniões de rugby foram formadas, no século XIX, Escócia, Irlanda e País de Gales tinham garantida autonomia para fundarem seus próprios órgãos dirigentes e suas seleções nacionais. O nome Home Nations foi designado pelo fato de serem os lares das nações que formavam o Reino Unido.

Escoceses, irlandeses e galeses são povos com filiações étnicas distintas dos ingleses. São eles povos celtas, falantes (ao menos originalmente) de línguas celtas, enquanto a origem dos ingleses é anglo-saxã, isto é, germânica. Portanto, o sentimento nacionalista e, muitas vezes, separatista dessas nações aflorou. Em 1917, os irlandeses se levantaram contra o domínio da coroa e proclamaram a independência reconhecida em 1922. O estabelecimento como república se deu em 1949, com o completo desligamento da coroa britânica.

Distinção importante dos irlandeses com relação aos ingleses é a religião. Tradicionalmente, a Irlanda tem uma maioria católica, ao passo que a Inglaterra tem maioria anglicana, que não reconhece a autoridade do papa, sendo o monarca britânico a autoridade. O movimento separatista irlandês não contou com o apoio de seis condados do norte da ilha, de maioria anglicana. Esses condados (que representavam a maioria dos nove condados da região de Ulster) formaram a Irlanda do Norte, que permanecia parte do Reino Unido, agora chamado de Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda do Norte. Entretanto, apesar da separação política ter ocorrido, a separação no rugby não ocorreu. Os norte-irlandeses permaneceram fiéis à União Irlandesa de Rugby, que passou a representar as duas unidades políticas da ilha. Portanto, a seleção de rugby da Irlanda representa tanto a República da Irlanda como a Irlanda do Norte. O futebol, por sua vez, formou organizações e seleções separadas para cada Irlanda.

 

British and Irish Lions

A despeito da formação separada das uniões de rugby de Inglaterra, País de Gales, Escócia e Irlanda, e da existência de selecionados autônomos dos quatro, o desejo de representar no rugby a unidade do reino levou à formação de uma seleção unificada das quatro Home Nations, que seria formada para realizar giras pelos países do Hemisfério Sul. Ao longo de sua história, os Lions são jogaram apenas com as grandes seleções do Sul, mas seu calendário é orientado por tais partidas.

Em 1888, nasceu a seleção das British Isles, para viajar à Austrália e Nova Zelândia. O time recebeu o apelido de Lions (Leões) em 1924, em sua gira pela África do Sul. No entanto, a sua oficialização só se deu em 1950, tornando-se os British Lions. Em 2001, para evitar ambigüidades, o nome oficial do selecionado foi alterado para British and Irish Lions, deixando claro que os irlandeses não são britânicos, mas participam da equipe.

A próxima reunião dos Lions será em 2013, para a gira pela Austrália.

 

British and Irish Lions