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O sonho de atuar nos Jogos Olímpicos terminou para Daniel Gregg. Um dos grandes nomes do Rugby brasileiro pelo menos nos últimos dez anos, encerrou oficialmente seu ciclo como jogador e iniciou um novo desafio, dessa vez do lado de fora do campo.

 

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Gregg,

Em nome do Rugby brasileiro, eu te agradeço pelos anos de dedicação ao nosso esporte e desejo toda sorte nessa nova fase. A nova safra de jogadores terá muita sorte em ter alguém como você na lateral do campo, passando toda sua experiência adquirida defendendo o Brasil pelo mundo e o Niterói pelo país. Tendo jogado na mesma posição, tive você como inspiração por muitos anos e assim como muitos que te conhecem pessoalmente, estamos certos que terá muito sucesso.

 

Portal do Rugby – Você iniciou na função de auxiliar técnico da seleção de XV. Como vê esse novo desafio? Qual acha que pode ser sua maior contribuição?

Daniel Gregg – Vejo como uma oportunidade de poder continuar dentro do ambiente das seleções e da CBRu e fazer parte destes novos desafios da seleção XV. Acredito que minha experiência de 16 anos de seleção (desde 1999 juvenil) podem contribuir muito para o desenvolvimento de novos jogadores e também para ajudar os jogadores mais experientes da seleção XV. 

 

PdR – Como conciliar o trabalho de auxiliar no XV com a rotina de atleta do Seven-a-side? 

DG – Na verdade, após os torneio de Mar del Plata e Viña del Mar , no começo deste ano, fui dispensado da seleção de seven como jogador. Após uma conversa com o treinador de Seven (Andrés Romagnoli) vimos que com toda evolução dos jogadores e a necessidade de centralização de todos jogadores para este ciclo olímpico, eu não conseguiria acompanhar o ritmo treinando somente em Niterói e me juntando com a seleção dois finais de semana por mês. Realmente o ritmo dos jogadores da seleção de Seven está outro. Com quase um ano de centralização todos jogadores evoluíram muito tecnicamente e fisicamente. Por este motivo não saio da seleção triste ou chateado, mas sim com a cabeça de que estamos no caminho certo e que os mais novos, hoje tem a capacidade de substituir alguns mais velhos.

Por este motivo, poderei me dedicar mais e exclusivamente para a seleção, como treinador auxiliar . 

 

PdR – Que avaliação faz dos dois primeiros amistosos da seleção? Que aspectos considerou positivos, e o que há para melhorar no curto prazo? Qual deve ser a sua linha de trabalho frente às seleções? Algum ponto merece mais atenção?

DG – Os jogos de final de ano foram proveitosos para podermos analisar os jogadores da seleção após o campeonato nacional e também para o novo treinador (Rodolfo Ambrósio), conhecer um pouco mais o nível do Rugby da seleção brasileira. Os resultados foram bons de certa forma. Perdemos para o Uruguai que vinha de uma preparação para a eliminatória da Copa do Mundo e vencemos o Paraguai, que é sempre bom.

Concluímos que temos que melhorar o nível técnico dos jogadores e também a parte física de alguns . A proposta da comissão técnica agora é trabalhar nos fundamentos e tomadas de decisão . Fazer ”o básico bem feito”.

 

PdR – Já teve oportunidade de ver jogadores do M19? Haverá um trabalho de desenvolvimento alinhado com o adulto? E como realizar essa transição? 

DG – A linha de trabalho com o M19 será basicamente a mesma do adulto. Iremos preparar melhor os juvenis para termos melhores jogadores adultos. A transição desses juvenis será feita através das Academias Top 100 que serão Academias (mesmo modelo do PLADAR na Argentina) feitas em 6 estados brasileiros.  

 

PdR – Alguns jogadores de clubes com pouca visibilidade foram chamados, uma demanda constante dessas regiões. Essa tendência seguirá em 2015? Como conseguem avaliar jogadores dessas equipes e convocá-los?

DG – A intenção das Academias Top 100 é detectar talentos e desenvolvê-los para as seleções. Este será um trabalho do manager de cada academia. Iremos trabalhar com os jogadores em dias diferentes dos dias de treinos de seus clubes, para que eles treinem mais dias e horas por semana e assim evoluam mais rápido e com mais qualidade. 

 

PdR – Em um país tão grande, como evitar o desperdício de talentos? 

DG – O trajeto dos jogadores a partir de agora será, Clube – Academias Top 100 – Seleções.

Nos estados onde ainda não teremos Academia Top 100, a Comissão técnica fará visitas e seguirá buscando talentos.

 

PdR – Tendo vivido as principais mudanças do Rugby brasileiro dentro de campo, qual acha que será o rumo do XV e do Seven-a-side brasileiro? 

DG – O Seven está em uma crescente muito boa! A evolução física e técnica dos jogadores é visível nos torneios em que vem participando. Isso está acontecendo por conta da centralização de todos os atletas em São Paulo e São José. Acredito que a CBRu continuará fomentando este projeto mesmo depois dos Jogos Olímpicos.

No XV a preocupação é em formar “jogadores internacionais”. Sem querer desmerecer qualquer trabalho feito pelos clubes no Brasil, mas o nível de treinamento dos atletas deve ser maior. Para jogar e vencer Chile e Uruguai,  o trabalho deve ser diferenciado. A solução apresentada pelo Rodolfo Ambrosio, das Academias Top 100 será justamente para isso. Em 2008 os PLADARes foram iniciados em algumas regiões da Argentina e hoje eles colhem este fruto. Praticamente todos os jogadores dos Pumas, hoje , iniciaram o trabalho nos PLADAres.

 

PdR – Quais são suas metas para 2015?

DG – Minha meta é poder fazer um bom trabalho com os jogadores da seleção XV, ajudando o máximo possível e poder descobrir e desenvolver novos talentos aqui no estado do Rio de Janeiro, dentro da Academia Top 100 .