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Nesta quarta-feira, o Audax São Paulo Esporte Clube – antigo Pão de Açúcar -, na Zona Sul de São Paulo, recebeu um evento histórico: uma clínica com ninguém menos que cinco atletas dos All Blacks, invictos no ano de 2013. O evento organizado pela AIG e apoiado pela CBRu trouxe ao Brasil Kieran Read – capitão dos All Blacks em boa parte de 2013 e finalista do prêmio de melhor jogador do mundo deste ano -, Julian Savea – também candidato a melhor do mundo -, Beauden Barrett, Jeremy Thrush e Francis Saili, que realizaram junto dos jogadores da seleção brasileira uma clínica com 60 jogadores premiados por concurso realizado pela CBRu. Após a clínica, houve uma coletiva de imprensa seguida de um jogo-treino de touch rugby entre os cinco neozelandeses e os Tupis.

Para conferir as fotos do evento, por Gustavo Gaiofato, clique aqui.

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Haka, samba e rugby

O evento foi bem descontraído e os presentes tiveram amplo acesso aos jogadores, que desde cedo já distribuíam autógrafos e davam atenção aos jovens. A ONG Meninos do Morumbi abriu o evento presenteando os neozelandeses com uma apresentação de música e dança, que envolveu os All Blacks, com Savea e Saili sambando junto das brasileiras. Os All Blacks, por sua vez, presentearam o público com uma apresentação do haka, bem próximo de todos (um dos pontos altos do dia).

A clínica teve sequência e os 60 premiados pela Confederação puderam realizar o sonho de estarem em campo e treinarem junto de seus ídolos. Os All Blacks mostraram por que são os melhores do mundo: com exercícios simples, mas executados com perfeição, mostraram que no rugby o trabalho bem feito vale mais do que qualquer malabarismo. Foram treinos de passe, corrida e apoio, que ficarão na lembrança dos participantes.

 “É único poder estar com os jogadores mais badalados do mundo. Eles dividiram o treino com atividades diversificadas: passes, posicionamento, movimentação. Treinaram o simples, mas com perfeição, o que faz deles os melhores”, ressaltou Rezão Gomes, do Pirituba.

“Ter três ou quatro dicas dos caras é único. Claro que tem a tietagem, que é sempre bom, mas a experiência de poder estar frente a frente com um jogador desse nível é sem comparação”, apontou Leandro Buba, do Pirituba. “Fiz o vídeo na quarta-feira e fui chamado. Foi único poder estar com eles. Ainda não caiu a ficha. Você vê os caras na TV, é uma oportunidade única na vida”, comentou Eduardo, do Pinda Rugby.

“Todo mundo deveria ter mandado o vídeo para participar, porque não foi difícil. Foi uma clínica que valeu muito a pena, deu para sentir a humildade dos All Blacks e até recebi uma bola do Savea para fazer try no touch, vai pro currículo! Foi uma grande iniciativa da CBRu e das empresas envolvidas”, lembou Marcelo Amato, do Tornados de Indaiatuba.

No fim, a seleção brasileira participou de um descontraído jogo de touch com os neozelandeses, em dois times misturados, que terminou com muitos tries para os dois lados.

 

Rio 2016, Mundiais e muito mais

A coletiva de imprensa contou com muitos jornalistas, mostrando o sucesso do evento. Na primeira questão, Beauden Barrett respondeu sobre o crescimento do rugby no Brasil, afirmando que “o rugby no Brasil está em boas mãos e é ótimo ver a paixão dos jogadores pelo esporte”.

Perguntamos a Kieran Read e Julian Savea sobre suas nomeações para o prêmio de melhor jogador do mundo, cujo vencedor será anunciado nesse fim de semana. Ambos se disseram muito honrados. “É o trabalho de todo um time magnífico”, ressaltou Read. Um dos grandes momentos dos All Blacks no ano foi certamente a vitória sobre os Pumas em La Plata. “Foi excitante vir à América do Sul. Na Argentina, foi impressionante ver como a torcida deles empurra o time, parece que estão dentro de campo”.

Os Jogos Olímpicos de 2016 foram outro tema central da coletiva. Mesmo com os elencos de XV e de sevens dos All Blacks separados, Savea lembrou que já jogou pela seleção de sevens – em 2009 – e que, claro, gostaria de estar no Rio. “Ainda não foi decidido sobre 2016 e há um grupo forte no atual time de sevens”. Evidente, a Copa do Mundo de 2015 vem antes do Rio 2016 e Barrett assegurou que “estamos preparados já para o Mundial, mas não é ainda nossa pensamento. Os All Blacks jogam pensando no presente, focando-se sempre no hoje parao time evoluir sempre”.

 

Por trás do evento

O embrião da ideia de trazer os All Blacks ao Brasil vem de algum tempo. “Durante a Copa do Mundo de Sevens, em Moscou, estava conversando com um amigo meu Bob, diretor da USA Rugby, que é também patrocinada pela AIG. O presidente mundial da AIG estava lá e eu e o Eduardo Mufarrej fomos lá conversar com ele, apresentando a janela de oportunidade que é o Rio 2016, para montar um evento envolvendo o rugby brasileiro. Fechamos a negociação entre AIG, CBRu e NZRU para trazer o Kieran Read, que é também do Crusaders, e outros All Blacks, o que é muito legal para todos os rugbiers, sobretudo para os jovens, que podem chegar perto de seus ídolos”, comentou Sami Arap, presidente da CBRu, que acrescentou “mas não queremos que a parceria pare por aí. Estamos negociando a possibilidade de apólices de seguros para atletas e novas vindas de jogadores profissionais para o Brasil. Além disso, estamos firmando uma parceria também com a NZRU”.

Lícian Tomimatsu, superintendente de marketing da AIG no Brasil, comentou que a iniciativa de trazer os All Blacks ao Brasil surgiu no início do ano, com a ideia de aumentar em todo o mundo a divulgação do time que é patrocinado pela empresa. “O Brasil é um mercado muito importante e trazer os All Blacks para o Brasil foi uma grande oportunidade. O Brasil receberá as Olimpíadas em 2016 e o rugby voltará aos Jogos, o que tornou a ideia mais atrativa. O Brasil é o segundo país a receber os All Blacks sem estar recebendo uma partida oficial deles (o primeiro foi Dubai [Emirados Árabes]. Ele saíram do roteiro e da agenda só para este evento”.