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Sexta e sábado de decisões no Hemisfério Sul, com as quartas de final do Super Rugby! Saiba o que esperar dos quatro jogaços que vem por aí. Infelizmente, a ESPN não  exibirá nenhum jogo na TV, restringindo-se somente ao Watch ESPN. As transmissões na TV devem voltar somente para as semifinais.

 

Na sexta-feira, os Brumbies, da Austrália, recebem os Highlanders, da Nova Zelândia, em duelo da pior campanha da primeira fase contra a segunda melhor. No sábado, é a vez dos melhores da temporada regular, os neozelandeses dos Hurricanes, receberem o outro time de pior campanha, os sul-africanos dos Sharks. Depois, os Lions, melhores da África do Sul, encaram os Crusaders, da Nova Zelândia, donos sexta campanha. Por fim, encerrando o sábado, os Stormers, segundos na África do Sul, medem forças com os Chiefs, terceiros na Nova Zelândia. Quem leva?

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Brumbies contra Highlanders, duelo de realidades distintas na sexta

Abrimos esta prévia com o primeiro jogo entre Brumbies e Highlanders, que abrem as disputas na sexta-feira. Nesta temporada, os dois times se enfrentaram por uma vez, a 30 de abril, com uma vitória a pender para o lado dos neozelandeses (23-10). Os australianos de Canberra têm confirmado o regresso de David Pocock para este encontro… poderá ser providencial este regresso? Outra nota vai para poder ser o último jogo de Stephen Moore com a camisa dos Cavalos Selvagens, pois na próxima temporada será um koala de Queensland. Em relação ao jogo, o favoritismo recai nos campeões em título que têm tido uma subida exponencial neste final de época. São 4 derrotas (menos uma em relação a 2015), em que duas foram com equipes que estariam, à partida, fora da corrida à fase final, os Blues e Reds, os Guerreiros de Dunedin perderam ainda frente aos Sharks (14-15) e Hurricanes (27-20), em jogos que tiveram a vitória na mão, mas por motivos diferentes acabaram por sair derrotados. Por outro lado, tiveram grandes vitórias como o 17-16, na 2ª jornada, frente aos Canes’ ou 25-15 frente aos Chiefs, na última jornada. Um rugby de pressão, que “oferece” a oval aos seus adversários, dando uma falsa liberdade e vantagem inexistente, uma vez que a defesa inteligente (87% de eficácia no tackle) em que obrigam o ataque adversário a cometer erros e a sair para a “frente” e arrancar pontos. São das equipes com menos metros (1500 mts, em 14º lugar) e só com 50 tries (7º posto), mas Lima Sopoaga aparece no 3º posto de melhores marcadores (166 pontos) ou o facto de Malakai Fekitoa ser o “rei” dos offloads (31).

 

Ter os “irmãos” Smith & Smith ajuda a garantir sempre uma boa vitória, com Matt Faddes (grande final de temporada), Malakai Fekitoa ou Elliot Dixon (a facilidade como sai a jogar, tem conquistado fãs do asa dos Highlanders). É uma equipe unida, de raça e que acredita na vitória… mas do outro lado estão os Brumbies, que apesar de uma temporada q.b. (só no último jogo é que conseguiram confirmar o apuramento) vão ter a oportunidade de tentar chegar ao ceptro de campeão. David Pocock foi sempre das melhores unidades, com o sempre show dos turnovers (13), onde as 100 tackles em 10 jogos (desde 28 de Maio que não joga pela franquia) ou 2 tries, demonstram o seu impacto nos Cavalos Selvagens. Outras unidades a seguir: Matt Toomua (falha 20% das suas tentativas de tackle mas é uma unidade credível), Tevita Kuridrani, Tomas Cubelli (o formação Puma tem uma qualidade inegável), Rory Arnold ou Stephen Moore. O estilo de jogo passa por posse de bola, com os avançados a tentarem avançar no terreno através dos alinhamentos ou com entradas no canal 1 (curto) ou para o 3. Há problemas claros na formação ordenada e será nesse ponto que os Highlanders vão tirar pontos… a equipe neozelandesa tem 97% de sucesso nessa área, enquanto que os Brumbies têm 88%. Será este um dos pontos de vantagem dos Highlanders?

 

Hurricanes favoritos na largada de sábado contra os Sharks

Conseguirão os Tubarões fazer frente a uma nova grande tempestade dos Furacões? Bem a 7 de Maio, os Sharks deram uma “dentada” gigante nos neozelandeses, com uma vitória por 32-15, num dos jogos mais equilibrados em termos de números (47-53 de posse bola). Na verdade, essa derrota obrigou aos vice-campeões a terem outra postura, não perdendo qualquer jogo a partir daí, com 5 vitórias em 5 jogos… entre elas: Hurricanes 27-20 Highlanders ou 35-10 frente aos Crusaders. Tem sido uma época para a equipe de Welligton, com Julian Savea em baixo de forma (6 tries em 13 jogos), mas onde Ardie tem feito uma diferença bem interessante na 3ª linha. O asa vai para a sua 3ª temporada ao serviço dos Hurricanes, onde os 5 tries, 5 assistências, 165 tackles (só 15 falharam o alvo) ou 17 quebras de linha (tem só menos 1 que um dos melhores pontas deste ano, Patrick Osborne), entre outros números, fazem dele dos melhores jogadores desta temporada. Ardie aproveita os rucks mal formados para escapar-se e encontrar o espaço necessário para fazer try ou assistir um colega seu. Tem sido um ano em cheio para o irmão de Julian, que finalmente estreou-se nos All Blacks (marcou um try no segundo jogo frente ao País de Gales).

 

Os Hurricanes têm sido uma equipe de altos e baixos, com um rugby dominador, “agressivo” e que procura a velocidade para criar as situações necessárias para obter pontos. Beauden Barrett não é um “mestre” como chutador, mas no jogo corrido é uma ameaça constante (7 tries e 8 assistências), seja a jogar com a oval nas mãos ou à procura da intercepção (este ano já conseguiu três tries de intercepção)… os Hurricanes não gostam de ficar à espera da oval, procuram a cada momento a recuperação de bola e por vezes a defesa subida, com uma pressão imediata, abriu-lhes certos problemas, como aconteceu frente aos Sharks. A equipe de Durban quando teve Lambie (falha a fase final por só ter feito 3 jogos pelos Sharks quando precisava de 4), foi jogando sempre no erro do adversário (similar aos Highlanders, mas com outras nuances) e, sempre que possível, apontavam aos postes para conquistar pontos atrás de pontos. Mas sem Lambie como será? April não tem um pé tão eficaz e potente como Lambie, o que vai obrigar aos Sharks a tentar sair mais da sua “bolha” e arriscar em ações penetrantes. Não será nada fácil, mas se Jordaan e Esterhuizen, um dos melhores pares de centros, jogarem poderão equilibrar a partida. Não são uma equipe de marcar tries (40, 14º nesse sector em 18 equipes), mas as vitórias apareceram e garantiram-lhes a vaga no mata-mata. Porém, a vantagem está toda nos Hurricanes que vão jogar em casa, têm a equipe a 100% e a vontade de voltar a uma final vai levar aos Tubarões entrar numa “tempestade” de Rugby.

 

Os melhores da África do Sul contra os maiores campeões da liga: Lions x Crusaders

O grande jogo das quartas de finais talvez: os Leões geniais versus os Cruzados controladores. Um jogo tremendo se espera… seja pelos Lions liderados por aquela dupla de médios, composta por Faf de Klerk e Elton Jantjies ou pela temível 3ª linha dos Crusaders, com Jordan Taufua, Matt Todd e Kieran Read. Um jogo de impactos e sacrifícios, entre um objeto inamovível e uma força imparável… qual será o resultado? Os Lions têm 71 tries marcados, ocupando o topo do Super Rugby, onde aquela dupla de centros, entre Rohan Janse van Rensburg e Lionel Mapoe já reúne 17 tries sendo uma das melhores, senão a melhor de toda a competição. Van Rensburg e Mapoe procuram quebrar linhas de defesa (vale a pena ver como é que Mapoe trabalha para quebrar a linha de defesa, onde a velocidade e a passada larga juntam-se a uma visão de jogo interessante) e dar grandes vitórias aos seus Leões. Sem Warren Whitley, que está lesionado desde o último jogo dos Springboks, como será a avançada dos Lions nestes quartas de final? A grande unidade e um dos melhores jogadores desta época, é Faf de Klerk, o hábil, enérgico e inteligente nº9 que conquistou esse lugar não só nos Lions mas também nos boks’. Quando comparado com o melhor formação do Super Rugby, Aaron Smith, François tem mais tries (4 contra 1 de Smith), menos duas assistências (9 para 11), mais metros percorridos (318 contra 197), mas não é um placador tão participativo como Aaron Smith (o nº9 dos Highlanders tem 72 tackles em 14 jogos, enquanto Faf tem 29 no mesmo número de encontros) sofrendo, até, mais turnovers (que podem traduzir-se em erros de passe, bolas perdidas no ruck ou knock-ons). Como será a dupla entre Klerk e Jantjies? Conseguirão destruir a super defesa dos Crusaders?

 

Os Cruzados de Christchurch têm 88% nas tentativas de tackle, ocupando o 1º lugar da competição nesse parâmetro. Matt Todd é o melhor placador da equipe com 158, seguindo-se Kieran Read com 110 e Jordan Taufua com 100, com cerca de 90% de tackles confirmadas. É uma equipe que sabe mexer a oval, ocupando o 1º lugar em offloads (Read, Crotty, Nadolo e Dagg abusam deste aspecto, com dos melhores lances de todo o Super Rugby) e faz questão de não desperdiçar uma boa oportunidade para brilharem. Mas, nem tudo são boas notícias… a última derrota contra os Hurricanes por 32-10 frente aos Hurricanes, expôs alguns dos problemas dos Cruzados que quando não conseguem ultrapassar a última barreira, abrem espaços suficientes para sofrer pontos comprometedores. Vale a pena reverem esse jogo para perceberem aonde estão os erros numa defesa em que o trio de trás – que é de elevada categoria – por vezes criam rupturas, minimamente, problemáticas. Johnny McNicholl, Nemani Nadolo e Israel Dagg, não comunicam sempre bem subindo um sempre mais rápido do que suposto, e quando apanham uma equipe que tem bons focos de imaginação, sofrem tries desnecessários. O favoritismo recai para os Lions que, pela temporada que fizeram, merecem esse destaque e a passagem… mas os Crusaders são os maiores campeões de sempre do Hemisfério Sul com 7 conquistas desde 2000. Que melhor do que ganhar um campeonato após a saída de Richie McCaw e Daniel Carter?

 

O Cabo das Tormentas aguarda os neozelandeses: Stormers contra Chiefs

Stormers e Chiefs encerram as quartas de final no sábado no estádio de Newlands, na Cidade do Cabo. Os Stormers fecharam a primeira fase com a segunda melhor campanha entre os sul-africanos e com a quarta melhor campanha geral, somando justamente o mesmo número de pontos que os Chiefs, da Nova Zelândia, que entraram na rodada final como líderes, mas acabaram em terceiro lugar entre os neozelandeses após caírem contra os Highlanders. Será o primeiro duelo entre os dois lados neste ano e a expectativa é das mais altas.

 

Apesar das campanhas muito próximas, os Chiefs tiveram mais vitórias, 11, contra 10 dos Stormers, que acabaram capitalizando com mais bônus conquistados. A vantagem do time de Waikato se verifica também no número de tries marcados, com os Chiefs ocupando o segundo lugar geral, com 68, ao passo que os listrados de Western Province marcaram somente 49 tries, ficando em oitavo lugar, na frente somente dos Sharks entre os times que avançaram. O ataque avassalador dos Chefes passa muito por um esquema moderno de jogo empregado pelo técnico Dave Rennie, de busca constante por espaços e de recusa de rucks, induzindo o jogo sempre aberto e contando com os excelentes Damian McKenzie, fullback, e Seta Tamanivalu, centro, dois dos vice-líderes da lista de anotadores de tries da temporada, com 9, além do ponta James Lowe, que também aparece entre os top 10 da maioria das estatísticas ofensivas. McKenzie ainda tem o segundo melhor número de corridas, 193, com um total de 1190 metros ganhos, e lidera o ranking de defensores batidos, 62. Rennie evita a todo o custo as disputas dos rucks, e joga suas fichas em tackles eficazes – e seu terceira linha Sam Cane lidera os tackles do Super Rugby, com 173 – e na defesa de subida rápida com pressão.

 

Os Stormers, por sua vez, não têm atletas despontando ofensivamente nos rankings, mas despontam coletivamente sobretudo na defesa. O time do técnico Robbie Fleck é uma fortaleza no jogo de contatos, tendo a terceira melhor defesa – com somente 9 pontos sofridos a mais que os Sharks, donos da melhor de defesa de toda a liga. Os críticos podem dizer que o fato dos Stormers terem caído em uma conferência menos desafiadora do que a neozelandesa ofereceu vantagem defensiva ao time do Cabo, mas o fato é que as Tormentas seguem sua tradição de apostarem em seus chutadores – com bom desempenho do jovem Jean-Luc Du Plessis nos arremates – e na força de seus homens de frente. Um estilo bem diferente do usado por seus oponentes desse sábado. Com 86,8% de sucesso nos tackles – desempenho melhor que o dos Chiefs – aliado a disciplina – com somente 3 amarelos em 15 jogos, o segundo time mais disciplinado – os Stormers avançaram na competição sem sustos, apesar de não terem desempenho destacável nas formações.

 

No geral, o mando de jogo favorece os sul-africanos, mas o desempenho até aqui confere favoritismo aos neozelandeses.

 

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Super Rugby – Liga de Argentina, África do Sul, Austrália, Nova Zelândia e Japão

Quartas de final

Sexta-feira, dia 22 de julho

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05h00 – Brumbies x Highlanders, em Canberra – Watch ESPN AO VIVO

 

Sábado, dia 23 de julho

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04h35 – Hurricanes x Sharks, em Wellington – Watch ESPN AO VIVO

 

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11h30 – Lions x Crusaders, em Joanesburgo – Watch ESPN AO VIVO

 

12h30 – Programa – World Rugby TV – ESPN+ – Inédito

 

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14h10 – Stormers x Chiefs, na Cidade do Cabo – Watch ESPN AO VIVO

 

*Horários de Brasília

 

Escrito por: Francisco Isaac e Victor Ramalho

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