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Brasil Paraguai 2012 

Brasil e Paraguai se enfrentaram no estádio do tradicional Nacional Atlético Clube, na cidade de São Paulo, em partida válida pelas eliminatórias do Mundial 2015 e pela permanência na elite sul-americana, debaixo de um sol muito forte. A vitória veio para os Tupis mais uma vez, a quarta seguida contra os Jacarés, mas quem esperava uma vitória fácil, se enganou.

Antes do início, índios Tupis fizeram uma dança tradicional no centro do campo, muito aplaudida pelos presentes. Cerca de 4 mil torcedores.

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O Brasil abriu o placar com Erick “Putim” Cogliandro, após o Brasil receber a bola na ponta e chutar a bola na linha de 22m até o in-goal, e mergulhar no ingoal para marcar. Ele mesmo cobrou o chute, mas desperdiçou. O Paraguai, acuado, não conseguia jogar, e se limitava a tentar ganhar terreno com chutes de fundo, mas a defesa brasileira estava atenta e não deu oportunidades para o adversário atacar.

O domínio brasileiro se manteve na partida, e Felipe “Alemão” Claro  ampliou com uma infiltração pelo centro, após uma disputa de ruck, e não encontrou oposição para marcar. Putim, de frente para os paus, converteu. Os Jacarés não se intimidaram e tiveram sua primeira oportunidade logo depois, chegaram nos 5m e conquistaram um penal, convertido por Cuttier.

O jogo seguia em um ritmo intenso, e o Brasil teve nova oportunidade aos vinte minutos, com quatro jogadores na lateral esquerda, contra apenas dois adversários. Putim avançou e foi parado pelo marcador do Paraguai, e passou para Diego Lopez, que veio no apoio, mas não conseguiu dominar a bola. Putim desperdiçou seu terceiro chute do dia em uma cobrança de penal. Mas a superioridade dos Tupis ainda era notória, e após grande arrancada de Moisés pelo centro, se livrando da marcação e apoiando no ingoal em cima da linha, saiu mais um try, após análise do TMO, o árbitro Federico Anselmo concedeu o try.

Nos minutos finais do primeiro tempo, o Paraguai diminuiu, com um try de Zarate, depois de insistirem pelo centro na base do ruck, e diminuíram com uma conversão de Cuttier. 

O jogo recomeçou e a o Paraguai logo marcou seu segundo try, com  Ortiz, depois de cobrança rápida de penal na saída de um scrum, que pegou a defesa nacional desarrumada, diminuindo a diferença para apenas quatro pontos.  O Brasil retribuiu pouco depois, com mais um try de Putim, depois de bela infiltração de Matheus Daniel pela esquerda, deixando o experiente ponta livre para marcar entre os paus.

O Brasil acordou depois do try, e voltou a crescer no jogo, apostando na linha para ganhar terreno. Gregg conseguiu uma quebra na linha adersária, mas Allan “Careca” Josefh não conseguiu a recepção. Pela direita, Martin Schaefer tentou jogada semelhante,mas não completou o passe. Os Tupis fizeram três substituições, de uma vez. Entraram Portugal, Bruno Garcia e Jonathas “Chabal” Paulo, para a saída de Martin, Alemão e Lucas Abud, o jogador mais novo da primeira linha. O Brasil seguiu no ataque e ganhou um penal, convertido por Putim, depois de duas boas tentativas de penetração na linha adversária

O Brasil acabou perdendo Putim, que sofreu um corte após choque como adversário, e deu lugar a Lucas Duque, o Tanque, que logo tratou de mostrar porque é um dos melhores jogadores do Brasil. Com grande visão de jogo, achou Matheus livre na ponta, mas não conseguiu dominar a bola. O Paraguai, já não conseguia mais avançar para o campo de ataque, e o time da casa tratou de manter a posse de bola e mandar no jogo. Tanque ampliou a vantagem com um penal, a cinco minutos do fim, dando mais segurança para a torcida que apoiou o tempo todo. O Paraguai chegou ao seu último try, após pressinoar pelo centro, e Tanque anotou mais um penal, no lance final, encerrando a partida pelo placar de 35 a 22.

O Portal do Rugby falou com os protagonistas. João da Ros “Ige” pontuou que “o jogo com o Paraguai desde 98, e sempre tivemos eles como um objetivo a ser alcançado. E agora já estamos há quatro anos só ganhando deles, mostrando que seguimos crescendo”, e acrescentou, “historicamente, o Paraguai tem uma vontade imensa e inexplicável de vencer a gente. E nós entramos duro em campo, com tackles fortes, mostrando vontade”.

“Nos focamos totalmente na partida, esperávamos um jogo difícil, e foi o que tivemos”, disse Felipe “Alemão”. Já Lucas “Tanque” lembou que o time paraguaio “é de muito embate físico, é muito aguerrido”, o que Jardel reforçou: “o scrum paraguaio é conhecido por sua força, mas hoje mostramos a nosso, e digo, saímos inteiros do jogo”. Sobre o primeiro tempo da partida, no qual o Brasil soube aproveitar suas oportunidades, Fernando Portugal ressalvou que “não podemos mais depender do acaso para fazer tries, nós temos que construir eles”.

Virgílio Neto, manager da seleção, já passada a euforia, pontuou que “podia ser melhor, podia ser bem melhor, mas já era esperado um resultado como esse, com todo o respeito aos Jacarés. Trabalhos muito, durante as madrugadas, 15 horas por dia, para que esse resultado acontecesse. Nada resiste ao trabalho. Para o ano que vem, pegar o Uruguai, pegar o Chile, e vencê-los”.

Do lado neozelandês envolvido, o técnico dos Tupis Brent Frew se mostrou satisfeito, afirmando: “gostei muito do nosso ataque, usamos muita intensidade, mas podemos melhorar na defesa ainda”. Frew frisou ainda que “não conversamos sobre vencer, conversamos sobre alcançarmos uma boa performance”. Para Frew, “foi um jogo típico de expectativas, em que muito se espera dos dois lados”. O treinador apontou como a maior força do time “a confiança no trabalho realizado. Estamos sempre nos preparando”.

Do lado paraguaio, Cuttier pontuou que “o Brasil foi bastante original no ataque, com bastante velocidade e controle de bola pelas pontas. Creio que fomos melhores nos scrums e mauls e um pouco superiores no meio campo”. O capitão Llanosa ainda ressalvou que “o forte calor atrapalhou um pouco, e o Brasil conseguiu ser forte pelas pontas”. Por fim, o técnico argentino Pedro Baraldi, ex-Puma, analisou que “pecamos muito no primeiro tempo nos tackles e na primeira linha defensiva. Com isso, o Brasil soube aproveitar os momentos e conquistar o resultado”.

Com a vitória, o Brasil disputará em maio de 2013 o Campeonato Sul-Americano A, que será realizada em Montevidéu, reunindo o Uruguai (time da casa), Chile, Brasil e Argentina. Os argentinos já estão classificados para a Copa do Mundo de 2015, e os demais jogos valerão também pelas eliminatórias para a Copa do Mundo. A equipe que terminar em primeiro entre Uruguai, Chile e Brasil enfrentará o perdedor da partida entre Canadá e Estados Unidos. O vencedor se classificará ao Mundial da Inglaterra. Já o Paraguai está fora das eliminatórias e voltará a disputar o Sul-Americano B.

 

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Placar final: Brasil 35 (19) X (10) 22Paraguai

 

Brasil

Tries: Erick Cogliandro “Putim” (2),Felipe “Alemão” Claro, Moisés Duque

Conversões: Erick Cogliandro “Putim” (3)

Penais: Erick Cogliandro “Putim”, Lucas “Tanque” Duque (2)

 

15 Tcheus, 14 Putim, 13 Martin, 12 Moisés, 11 Careca, 10 Gregg (c), 9 Alemão, 8 Nick, 7 Matias, 6 Ige, 5 Carlão, 4 Diegão, 3 Abud, 2 Nativo, 1 Jardel.

Suplentes: 16 Cocão, 17 Chabal, 18 Bruxinho, 19 Cocasso, 20 Bruno, 21 Portugal, 22 Tanque.

 

Paraguai

Tries: Zarate, Ortiz

Conversões: Cuttier (2)

Penais: Cuttier (1)

 

15 Chaves, 14 Argaño, 13 Cuttier, 12 Spinola, 11 Llanosa (c), 10 Coreaza, 9 G Bareiro, 8 Zarate, 7 C Bareira, 6 Lopez, 5 Nasser, 4 Lescano, 3 Rojao, 2 Gavigan, 1 Jara.

Suplentes: 16 G Gomez, 17 Boveda, 18 Noceda, 19 J Gomez, 20 Arizuela, 21 Ortiz, 22 Arevalo.

 

Arbitragem: Federico Anselmo (ARG)

Auxiliares: Felipe Ayala (CHI) e Jean Urrutia (CHI)

4º árbitro: Caio Carvalho

 

Melhor jogador da partida: Putim, com 11 pontos no rosto e 2 tries na conta!

 

Foto: Rafael Silva