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No último domingo, A equipe do Guanabara RFC fez história no campo da UFF ao derrotar o Niterói e sagrar-se campeão invicto do Campeonato Fluminense de Rugby. A equipe do Guanabara já havia derrotado o Niterói na 1ª fase por 12 a 6 e, na decisão, voltou a derrotar o rival, desta vez por 24 a 15.

A hegemonia da equipe Niteroiense perdurava desde 1982, quando a mesma dividiu o titulo com o Rio Rugby (em 2011, a equipe do UFF Rugby foi campeã fluminense, mas é cabível lembrar que naquele ano as equipes se fundiram e foram mantidas duas equipes da parceria para aquele campeonato).

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Com a conquista, o Guanabara levantou seu primeiro titulo estadual, ou o segundo considerando o título do extinto Guanabara RFC, equipe que encerrou as atividades nos anos 80 e que serviu de inspiração para atual equipe.

A partida teve como jogo preliminar a disputa de 3º lugar entre o Rio Rugby e o Volta Redonda. Após um 1º tempo equilibrado com um placar de 10 a 3 para os cariocas, o Rio Rugby ditou o ritmo de jogo na etapa final e derrotou a equipe da Cidade do Aço por 34 a 10.

As 15h35, o árbitro João Mourinha  deu inicio a decisão entre Niterói e Guanabara e os rubro-negros não tardaram a mostrar disposição com um try de Locke aos 5′, sem conversão, abrindo o placar em 5 a 0. Não tardou para o jogo mostrar que seria de nervosismo e ânimos exaltados; Aos 11′, Davi Grael leva cartão amarelo, em vantagem numérica, o Guanabara consegue seu try aos 12′ por Marlon, Gabriel Maia converte e coloca os guanabarinos a frente do placar, 7 a 5.

O jogo seguiu em ritmo equilibrado no meio de campo, com ambas as equipes criando chances de furar a defesa adversária,  Aos 18′, o Guanabara consegue um try penal, Gabriel Maia não desperdiça a conversão e abre 14 a 5 para a equipe carioca.

O jogo recomeça com bastante nervosismo entre as equipes e muitos penais cometidos para ambos os lados, aos 21′, Campolina desperdiça a chance de diminuir com um penal para o Niterói e o jogo começa adquirir mais velocidade.

Por volta dos 28′, uma lesão na costela tira David Grael temporariamente de campo, e, apesar do esforço do niteroiense em retornar a campo, uma nova dividida o retira em definitivo de campo, privando o Niterói de um dos seus maiores pontuadores. O jogo prossegue com muitas animosidades entre os jogadores, culminando em um cartão amarelo para Clayton Vanelli.

Com a vantagem numérica agora ao seu favor, o Niterói manteve a pressão sobre os guanabarinos, que não deixaram barato contra-atacando com velocidade, no apagar das luzes do 1º tempo, Diogo Grael consegue um try para o Niterói, sem conversão, levando o placar de 14 a 10 para o Guanabara no intervalo.

A partida reiniciou de forma semelhante igual havia terminado a etapa inicial, com muito nervosismo e animosidades entre as equipes se refletindo em campo, o Niterói voltou a desvantagem numérica após um cartão amarelo para Diogo Grael, Gabriel Maia desperdiça o penal conseguido com a falta e o jogo prosseguiu  a todo vapor.

Ainda com a vantagem numérica, o Guanabara conseguiu ampliar com um try de Fred por volta dos 50′, abrindo 19 a 10 de vantagem, Os niteroienses pouco puderam fazer quando Diogo Grael retornou do cartão amarelo pois Maurinho recebeu a advertencia e tornou a colocar os rubro-negros em desvantagem numérica.

O jogo prosseguiu com velocidade e o Guanabara novamente soube explorar a vantagem numérica com um try de Clayton Vanelli, abrindo 24 a 10 para o Guanabara, os ânimos exaltados não tardaram a chegar fora das quatro linhas, tendo lugar um desentendimento entre torcedores e reservas do Niterói com a comissão técnica do Guanabara, obrigando o juiz João Mourinha a interromper temporariamente a partida.

O jogo prosseguiu turbulento e, após uma falta, Clayton Vanelli, que já possuía um cartão amarelo, recebeu o cartão vermelho, deixando as equipes temporariamente em numero igual de atletas, O Niterói voltou a crescer no jogo e, com o retorno de Maurinho, buscou ditar o ritmo da partida.

Os últimos 15 minutos de partida foram seguidos da pressão niteróiense sobre o Guanabara, que buscava se defender como podia dos velozes ataques rubro-negros e, quando podia, contra-atacava e segurava o jogo no campo de defesa adversário. a situação do guanabara foi ficando mais dramática com os cartões amarelos para Marlon e Rhuam, havendo momento em que a equipe carioca chegou a estar com apenas 12 em campo.

O Niterói conseguiu converter a reação em pontos tardiamente. Aos 36′, Maurinho anota para os niteroienses mas,  em um angulo difícil, não houve conversão; tornando mais difícil alcançar o placar da equipe carioca. O Niterói manteve a forte pressão até os minutos finais, mas o extenuado Guanabara conseguiu impedir quaisquer novos pontos dos rubro-negros até o apito final, decretando o fim da partida em 24 a 15.

O Portal do Rugby optou por não eleger melhor jogador em campo, em vez disso prefere destacar a desnecessária violência dentro de campo  (e até mesmo fora dele), que vai na contra mão de todos os valores do nosso amado esporte.

Declarações:

“Esse título, esta conquista, é algo muito especial. eu jogo há mais de 20 anos e nunca fui campeão, joguei no Rio Rugby, um pouco no Niterói na época também, depois no Guanabara. em 20 anos é a 1ª vez que sou campeão…Esses garotos novos não tem noção do que é ser campeão, é muito difícil ser campeão sem jogar no Niterói”

Nico, capitão do Guanabara, sobre a conquista do campeonato

“Nosso segredo foi ter um técnico profissional; Por sorte, um técnico francês que se casou com uma brasileira e que está aqui no rio há quase um ano, e que o cara é um técnico nível IRB 3, um técnico destes é muito difícil de encontrar no Brasil, nos trouxe uma rotina, uma disciplina, uma técnica que mudou totalmente a técnica do time, mas basicamente é o mesmo time do ano passado. Nisso a gente vê a importância da parte técnica, do respeito, da disciplina, do treinamento…O segredo é este, uma parte técnica muito bem formada, muito profissional.”

Nico, capitão do Guanabara, sobre a preparação do Guanabara neste campeonato.

“A gente vai tentar representar bem o Rio no nacional, o estado do Rio tem 3 times no nacional, agora é todo muito junto para tentar ter resultado a nível nacional, tanto o Niterói no Super 10 como a gente e o Rio Rugby na Taça Tupi(…) espero que possamos representar bem o estado nesta nova fase, então a gente vai continuar lutando para o rugby no Rio de Janeiro crescer e aparecer melhor a nível nacional, eu acredito.”

Nico, capitão do Guanabara, sobre os desafios da equipe no 2º semestre

“tivemos um longo caminho de 8 meses, muito trabalho técnico e físico, especialmente a adesão dos jogadores para respeitar o trabalho no Guanabara, por isso hoje chegamos no objetivo de ser campeão (…) Nosso ponto forte é que temos um grupo muito forte com jogadores de qualidade, com coletivo e que se dedica aos objetivos (…) Nosso objetivo é ser campeão da Taça Tupi”

Olivier, técnico do Guanabara, sobre o trabalho desenvolvido na equipe

“Ninguem consegue manter uma hegemônia por muito tempo, a não ser que faça um trabalho muito bom, mas mesmo assim, sempre tem um time, uma equipe melhorando. hoje, apesar da derrota do Niterói, a gente jogou bem, não jogou o que poderia jogar, mas jogou bem, começamos o jogo muito bem, mantendo o nosso padrão tático, logo no começo a gente conseguiu fazer try, mas quando a gente ficou atrás do placar, ficou uma pressão sobre nós que a gente não havia tendo ao longo do campeonato. a gente sempre conseguiu ficar um pouco a frente do placar ou mais próximo do placar, ficávamos em um posição mais confortável . eu acho que no final do jogo a questão psicológica caiu um pouco com relação a estar atrás do placar, acho que isso fez com que a gente não jogasse 100% nossa tática de jogo, a tática do time do Guanabara era muito boa mas eu acho que essa falta de tática do Niterói influenciou um pouco mais. O Guanabara tem todo o mérito da vitória, realmente jogou melhor do que o Niterói, vem evoluindo demais, os jogadores deles estão numa evolução muito boa e eu acho que essa quebra de hegemonia é muito bom por um lado para o crescimento do rugby no estado porque antigamente o Niterói era o vilão a ser batido, a 8 anos atrás a gente ganhava de placares de 100 pontos de diferença, 50 pontos de diferença do próprio Guanabara e eles vieram diminuindo muito esse placar, não vou falar que o Niterói regrediu mas eles evoluíram muito.”

Daniel Gregg, técnico do Niterói, sobre a atuação da equipe.

“Nosso objetivo para esse ano é ficar entre os seis primeiros, a gente está trabalhando para isso, eu mesmo não vou falar que nosso objetivo, nosso foco não era o Super 10 porque é mentira, é o nosso foco porque nossa preparação é realmente para o Super 10. eu acredito que essa derrota na final não vai influenciar no Super 10 porque a gente está trabalhando com um grupo muito bom, apesar de muito renovado, mas com objetivo e a gente ta criando um grupo muito sólido e isso é bom, para ganhar experiência a gente tem no Super 10 ai 9 jogos, a gente pode crescer e tem um objetivo de vitória concreta de querer chegar e crescer, mas eu não tenho duvida que a gente vai fazer um Super 10 melhor do que o ano passado”.

Daniel Gregg, técnico do Niterói, sobre os preparativos para o Super 10.

“O Niterói não está perdendo evolução, pelo contrário, tivemos um momento muito bom no passado, regredimos, mas voltamos a crescer, ficamos em 2º, 3º lugar, depois fomos para o 5º, quase caímos, depois crescemos e ficamos em 9º, e 8º no ano passado, isso é um crescimento. A gente não está no nível que estávamos anteriormente, isso é claro, mas a ideia de evolução é essa. A idéia de não estar no alto é um problema casual, que a gente pode reverter e tem feito muito para reverter, e o trabalho tem sido esse, a gente vem crescendo mais como time, a nossa base está consolidada, a nossa união está cada vez maior como time, e mérito foi do Guanabara que ganhou o jogo, usou bem sua técnica, sua tática; E nós também estamos de parabéns porque a gente começou mal o Carioca, muito mal na verdade, e fomos evoluindo, e jogo de rugby é assim, o esporte é assim, muito bom ver o crescimento no estado, a “hegemonia” que o pessoal coloca como uma vitória consolidada, um resultado a longo prazo, mas ninguém falou que isso não iria cair um dia, e foi hoje, parabéns ao Guanabara.”

Robledo Veiga, atleta do Niterói, sobre o retrospecto recente do Niterói no Super 10 e o resultado de hoje.

“Foi bom isso acontecer, tem um ponto positivo na derrota de hoje, acordar o time pro trabalho que tem que ser feito pro Brasileiro, de forma alguma essa derrota vai influenciar de forma negativa, de baixar a moral do time, de se entregar pra derrota. A ideia é: aprender com o que foi feito hoje e com o que tem sido feito nesses 6 meses para o Brasileiro, e o que passou aqui, a gente vai armazenar o que for importante, tirar o que não servir, e o Brasileiro é outro foco, é outra coisa, é outro nível realmente e nós estamos fazendo um trabalho de longo prazo para isso acontecer e vai ter um bom resultado, se Deus quiser.”

Robledo Veiga, atleta do Niterói, sobre a preparação para o Super 10.

 

Guanabara 24 x 15 Niterói – GUANABARA CAMPEÃO!

Local: UFF São Domingos – Niterói, RJ

Arbitro: João Mourinha

Auxiliares de linha: Marcel Santos e Daemon Freeman

 

Guanabara

Tries: Marlon, try penal,  Fred e Clayton Vanelli

conversões: Gabriel Maia (2)

Cartões amarelos: Clayton Vanelli, Marlon, Rhuam

Cartão vermelho:  Clayton Vanelli

Niterói

Tries: Locke, Diogo Grael, Maurinho

Cartões amarelos: Davi Grael, Diogo Grael, Maurinho

 

Títulos

Niterói RFC: 19 títulos

Rio Rugby: 2 títulos

Guanabara: 2 títulos*

UFF Rugby: 1 título

*considerando o título do antigo Guanabara RFC, em 1980