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ARTIGO COM VÍDEOS – Já passamos a limpo como foi 2016 para as Seleções Brasileiras e agora é hora de dar uma olhada em como foi o ano para os clubes e o rugby doméstico no Brasil.

 

Uma certeza que tivemos foi: nunca o rugby brasileiro foi tão azul e vermelho. Afinal, pela primeira vez na história um clube, o Curitiba, conquistou os título máximos do rugby masculino, o Super 8, e do rugby feminino, o Super Sevens. Enquanto isso, o São José seguiu sua história vitoriosa, vencendo o título máximo do sevens masculino, o Total Sevens, e um montante impressionante de 16 títulos em todas as categorias (incluindo as taças representando São Paulo ou o Cruzeiro do Sul).

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Fora de campo, a entrada do UOL, em parceria com a CBRu, nas transmissões das decisões nacional levou o rugby para mais gente e abriu possibilidades muito positivas para o futuro. O SporTV seguiu também exibindo rugby nacional.

 

Já instituição do “Fale com o CEO” pela CBRu ampliou as possibilidades de comunicação do público com a entidade, via Facebook ou email, dando um passo importante no sentido da transparência. A reunião de planejamento para o ciclo 2017-2023 que a CBRu realizou junto dos clubes também foi outro ponto alto do ano e o documento pode ser baixado aqui. A Federação Gaúcha e a Federação Paulista investiram neste ano também no aspecto da comunicação, com lançamento de site novo e canal de YouTube do lado paulista e canal de YouTube e TJD do lado gaúcho. Na Bahia, ótima novidade com o crescimento da federação local.

 

Do lado do Alto Rendimento, o projeto das Academias da CBRu ganhou centralidade no projeto da entidade, agora com o australiano Paul Healy, desembarcando em São Paulo, e Fernando Portugal, assumindo novo papel em São José dos Campos.

 

Mas, selecionamos outros 10 tópicos para resumir o ano pelas terras tupiniquins, dando ênfase ao que rolou com a bola em movimento. Vamos a eles!

 

São José larga o ano com o lugar mais alto do sevens masculino

No rugby de clubes, a primeira grande competição foi o Super Sevens masculino. Depois de um torneio preliminar em São José mesmo, Niterói recebeu o torneio final, com transmissão do SporTV. O palco não agradou muito, nem o nível do torneio. No fim, em campo, os joseenses prevaleceram faturando o título máximo masculino de sevens pela sétima vez em sua história – e pela primeira vez desde 2013, após duas conquistas do Desterro no últimos anos.

 

Estaduais confirmam favoritos

Os primeiras divisões dos campeonatos estaduais rolaram no primeiro semestre pelo país e os favoritos prevaleceram em quase todos eles. Em São Paulo, o São José abocanhou mais um título, voltando a ser campeão estadual após perder o título em 2015 para o Pasteur. A grande final paulista foi justamente contra o PAC e a vitória por 31 x 19 devolveu a taça ao “Sanja”.

 

No Rio Grande do Sul, Paraná, Santa Catarina e Minas Gerais nada novo foi visto, com Farrapos, Curitiba, Desterro e BH Rugby mantendo suas hegemonias. Apenas no Rio de Janeiro que houve alternância de campeão, com o Guanabara deixando para trás o Niterói. Nos regionais, nota para o título inédito dos brasilienses do Rugby Sem Fronteiras no Brasil Central e para a grande final do Nordestão sendo realizado em estádio de alto padrão em Fortaleza, o Presidente Vargas, com direito a título do NaFor. Enquanto no Norte a taça seguiu nas mãos do imbatível GRUA, de Manaus.

 

Nos femininos, também não houve mudanças de hegemonia, com todos os campeões de 2015 sendo repetidos em 2016.

 

Quer conferir a lista completa de campeões neste ano? Clique aqui!

 

Ano de pouco XV juvenil nos clubes…

O ponto negativo dentro dos gramados foi o número ainda baixo de torneios de XV juvenis, com o encerramento do Nacional Juvenil pela CBRu (o campeonato de selecionados estaduais), pela cancelamento do Paranaense M18 e pela diminuição preocupante de participantes nos juvenis de São Paulo, somando-se a muitos adiamentos de partidas. Com o foco de muitos jogadores nas academias de alto rendimento inclusive para os juvenis, os clubes tiveram problemas para lidarem com suas bases. O número de jogos de bom nível para os juvenis foi baixo.

 

Mas o rugby escolar avançou!

O ano de 2016 foi positivo para os projetos de rugby escolar pelo país, com o programa de Impacto da CBRu no Rio de Janeiro atingindo números na casa das centenas de milhares de crianças apresentadas ao rugby. Lá na “Cidade Maravilhosa” ainda o Guanabara ampliou sua rede de polos de desenvolvimento, enquanto em São Paulo a Hurra! cresceu em número de escolas (87, alcançando Bragança Paulista também) e jovens impactando. O projeto do SESI, Try Rugby, seguiu forte, inclusive com a realização de competições internas entre suas unidades, ao passo que no Paraná o Vivendo o Rugby seguiu forte e a CBRu anunciou a inclusão do rugby nas escolas do oeste do estado. Em Manaus, em Vitória, em várias cidades do Rio Grande do Sul, o rugby escolar ganhou espaço, impulsionado por um grande número de cursos de capacitação promovidos pela CBRu, com o apoio do programa Get Into Rugby do World Rugby.

 

Desterro e Farrapos quebram marcas no Super 8, mas título foi dos Touros

O Super 8 teve uma temporada longa e provadora mais uma vez e tudo parecia se encaminhar para um título avassalador do Desterro, que fez uma campanha brilhante, com 13 vitórias e apenas 1 derrota (para o Farrapos, apenas na antepenúltima rodada) em 14 partidas, incluindo vitórias contra os poderosos Curitiba e São José fora de casa. Tudo levava a crer que o ano seria dos catarinenses, mas a grande final contra o Curitiba foi, no mínimo, inusitada. Um jogo físico no Estádio do Canindé, em São Paulo, com UOL e SporTV exibindo, produziu uma decisão na prorrogação e, depois, com o placar inalterado, numa raríssima disputa de chutes alternados, que consagrou os Touros campeões nacionais pela segunda vez em três anos. Singular, para dizer o mínimo.

 

Os cortes efetuados pela CBRu se refletiram na retirada da fase de semifinais do Super 8. Sem jamais ter terminado o Campeonato Brasileiro entre os 4 melhores, o Farrapos se superou neste ano e alcançou o almejado quarto lugar, mas lamentou profundamente não haver semifinais.

 

Na parte de baixo, o ano foi péssimo para o Band Saracens, que não apenas ficou de fora das semifinais do Paulista como teve um início tortuoso no Super 8. No fim, o clube paulistano reagiu e fez alguns grandes jogos, mas com uma campanha inspiradora do Niterói, recém promovido, os esforços do Band não foram suficientes para impedirem o primeiro rebaixamento do clube na “Era CBRu”. O Niterói, por sua vez, terminou em penúltimo lugar, mas com a indefinição prolongada sobre o formato do Super 8 em 2017, seu jogo de repescagem contra a Poli, vice campeã da segunda divisão, valendo um lugar na elite do ano que vem, foi postergado.

 

Quem duvidava? Jacareí voltou!

A segunda divisão nacional, a Taça Tupi, teve um início decepcionante em 2016, com muitos clubes desistindo da competição. Com um formato bem enxuto (o menor desde a criação do torneio com tal denominação), quem emergiu triunfante foi o grande favorito Jacareí, em um torneio dominado pelos clubes de São Paulo, que teve três semifinalistas. Na grande final, os Jacarés bateram a Poli e garantiram o retorno ao Super 8 de forma invicta.

 

Nota muito positiva também para o bom uso que a CBRu fez de seu Facebook, transmitindo ao vivo a grande final. Depois de uma perda inicial em termos de material fotográfico e de vídeos das partidas da Taça Tupi e do Super 8, a entidade deu a volta por cima cobrindo bem as finais de seus torneios nacionais e lançando a novidade do live streaming.

 

Bis para as Touritas!

O Super Sevens Feminino começou o ano com dúvidas quanto ao seu tamanho, com o formato de 3 etapas, ao invés de 6, após cortes da CBRu (por conta de menor captação de projetos incentivados), levou a muito debate às vésperas dos Jogos Olímpicos. Uma quarta etapa foi adicionada e o circuito teve suas emoções no segundo semestre, dominado por Curitiba, Niterói e São José.

 

Campeãs do ano passado também, as curitibanas prevaleceram pela constância, ganhando uma etapa e garantindo o título graças a mais três terceiros lugares obtidos. O ano foi do Paraná, com certeza.


 

São Paulo é dono da base no sevens

O fim de ano foi ainda de Copa Cultura Inglesa, o nacional de sevens juvenil, que teve uma grande novidade neste ano, com a inclusão pela primeira vez do M16 feminino, em adição ao M18 (feminino) e ao M17 e M19 (masculinos).

 

O torneio rolou em São José dos Campos e São Paulo dominou, vencendo todas as categorias, com três títulos sendo do São José e um do Pasteur.

 

2016: finalmente XV feminino, mas não sem polêmica

Em 2016, o rugby feminino comemorou uma grande novidade, que era uma “demanda reprimida” de longa data: as mulheres quiseram jogar XV e jogaram; Em São Paulo, foi lançado o primeiro campeonato oficial da modalidade, com o Rio Branco (recebendo reforços de outros clubes) se sagrando campeão estadual. Em outras partes do país ainda tivemos amistosos de XV feminino, como o empate entre Delta e Maranhão no fim do ano no Nordeste.

 

A polêmica ocorreu por conta da intervenção da CBRu sobre as disputas de scrums após a iniciativa paulista, impedindo que as disputas seguissem com o argumento da segurança das atletas. A medida foi acatada pela FPR na final do torneio e agora ficam dúvidas sobre como se desenvolverá a modalidade em 2017.

 

Novo capítulo para a discussão sobre o rugby fora do Sul-Sudeste

Por fim, a questão do rugby para fora dos estados do Sul e Sudeste teve seus momentos mais quentes com a frustração do NaFor em não conseguir sua vaga na Taça Tupi e na manifestação do Movimento Rúgbi Brasil em julho, quando clubes do Centro Oeste, Norte e Nordeste se manifestaram sobre mais espaço para seus estados no rugby nacional.

 

A grande participação posterior das piauienses do Delta no Super Sevens Feminino (5º lugar geral) e a movimentação de novas federações (na Bahia, Ceará, Mato Grosso do Sul, Goiás/Distrito Federal) dão a certeza de que o assunto ganhará ainda mais força no próximo ano.