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SPAC Desterro 2012 copiar

O São Paulo Athletic Club se garantiu na grande final do Super 10 – o Campeonato Brasileiro de Rugby – ao bater os catarinenses do Desterro por 14 x 7, em jogo com final emocionante no Estádio Municipal de Embu das Artes. O SPAC não conquista o título nacional desde 1999, e não chegava a uma final desde 2006, quando foi derrotado pelo Rio Branco. Dono de 12 títulos (1964, 1965, 1966, 1967, 1968, 1969, 1974, 1975, 1976, 1977, 1978, 1999), o SPAC é o maior campeão brasileiro. Já o Desterro seguirá com suas 3 conquistas, sendo a última em 2005. A grande final do Super 10 será no dia 30 de setembro, novamente em Embu das Artes.

O SPAC começou melhor a partida, com calma, trabalhando bem a bola com seus avançados. O Desterro se segurou bem no início do prélio, e também fez uso de seus forwards para ganhar terreno, parando na sólida defesa paulistana. A primeira boa oportunidade de abrir o placar foi dos catarinenses, que obtiveram um penal no meio campo. Leo foi para o chute, mas não foi preciso.

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Não tardou para os ingleses contra-golpearem mortalmente. Em grande jogada da linha saindo do campo de defesa, Gustavo “Caiçara” serviu com maestria Felipe “Alemão”, que correu mais de metade do campo para cravar o primeiro try do jogo a favor do SPAC. Leco chutou bem a conversão, fazendo 7 x 0. Foi o quarto try de Alemão no certame.

O Desterro voltou a insistir pelo meio do campo, buscando ganhar espaço com seus avançados. Mas, a defesa do SPAC se mostrou forte, com Mamute aplicando belo tackle em Ige. A situação virou a favor dos paulistas, que arrancaram um penal no meio campo. Leco optou pelo chute pela lateral, levando a pressão ao campo de defesa catarinense. O SPAC conseguiu bom avanço com seu pack, mas a rígida defesa sulina impediu o try. Fazendo sua linha defensiva subir no momento certo, o Desterro levou o SPAC ao erro, provocando o knock-on de Caiçara em momento crucial. No entanto, na sequência, o árbitro Xavier inverteu o scrum a favor do Desterro por conta de infração, e o SPAC seguiu dentro das 22 do oponente. O time azul cometeu nova penalidade no ataque, e o rubroverdes se safaram.

Os catarinenses se colocaram novamente no ataque, buscando alternar o jogo, querendo encontrar o melhor caminho para superar a forte defesa spaciana. Mas, o time de Floripa cedeu novo penal, e o SPAC, melhor no jogo, voltou ao campo ofensivo. O ataque, contudo, não teve continuidade, com uma penalidade que custou ao time paulista um cartão amarelo, para Caiçara, que vinha muito bem na partida. Com um a mais, o Desterro buscou trabalhar a bola no campo de ataque, mas se precipitou, e pecou no passe. Leco interceptou uma bola no campo de defesa e conseguiu bom arranque. O SPAC trabalhou bem a bola, buscando a ponta. Alemão encontrou Leco, em boa ação, mas o Desterro conseguiu recompor rapidamente sua defesa, se livrando da pressão.

O momento no jogo era melhor para o SPAC, que seguia martelando, mais próximo do segundo try, mesmo com um jogador a menos. Porém, os espaços na defesa spaciana estavam dados, e o Desterro buscou capitalizar sobre a vantagem numérica. Paulão puxou belo contra-ataque, conseguindo boa investida, mas o SPAC foi capaz de manejar sua defesa e deter os rubroverdes. O jogo se equilibrou, com o Desterro se colocando em certa vantagem, e com o SPAC tendo momentos de dificuldade no manejo de bola, por conta da boa pressão defensiva da linha catarinense. O Desterro buscou levar a pressão ao campo de ataque por meio de chute, e num deles quase consegue boa sequência, após o erro de Corá. No fim da primeira etapa, o SPAC encaixou sua linha, e Boy quase conseguiu boa investida pela ponta. Intervalo de jogo em 7 x 0 a favor do Clube dos Ingleses. O SPAC se mostrou melhor em campo na primeira etapa, mas o Desterro apresentou uma sólida defesa e contra-ataques perigosos em velocidade.

O SPAC arrancou um penal logo no início da segunda etapa, com Leco fazendo a opção pelo chute para a lateral. O Desterro aliviou a pressão, mas o SPAC seguiu atento à importância dos chutes na partida, e foi premiado. Após o chute longo para o fundo, o fullback catarinense Jackson não foi capaz de se livrar da pressão, sofreu o tackle de Boy e, sem apoio, não deteve o turnover e o try de Caiçara. Leco converteu o tento, fazendo capitais 14 x 0 logo aos 47′. Com mais 2 pontos, Leco se isolou ainda mais na artilharia do Super 10, chegando a 96 pontos anotados.

Os paulistas buscaram novamente a mesma jogada, chutando em profundida para o fullback adversário, e imprimindo rápida pressão. Com isso, o SPAC conseguiu novo contra-golpe perigoso, e por muito pouco não obteve novo try. Com a bola já dentro de seu in-goal, o Desterro cedeu um scrum para o SPAC após Ratão perder o controle da bola e ser obrigado a fazer o touchdown. A defesa de Floripa, no entanto, deu conta do recada, segurando o SPAC.

O Desterro voltou a equilibrar as ações, apostando no seu maul. Grampolo puxou grande contra-ataque, conseguindo ótima investida, levando os catarinenses, enfim, até as 22 dos paulistas. O Desterro pressionou incansavelmente, trabalhando bem a bola com seus avançados, até Amiky deter irregularmente a definição rubroverde, recebendo cartão amarelo. Ige avançou na sequência e caiu para o ensaio. Xavier solicitou o TMO (árbitro de vídeo), e deu o try a Ige, que encabeça a lista de maiores anotadores de tries do Super 10 com nada menos do que 6 ensaios. Paulão converteu o try, colocando o Desterro a apenas 1 try convertido do empate, tendo 17 minutos pela frente.

O momento passou a ser do aguerrido time de Florianópolis, que passou a pressionar fortemente a saída de bola paulistana até conseguir o turnover. No contra-golpe, o Desterro teve uma chance dourada, com uma arrancada que teve quatro atletas rubroverdes contra apenas dois alvicelestes que, contudo, levaram a melhor. O SPAC conseguiu manter o Desterro afastado de sua linha de meta, e arrancou um penal no meio campo, que Leco arriscou aos paus, mas não obteve sucesso.

Com o retorno de Amiky, a situação melhorou para o SPAC, que voltou a trabalhar bem a bola no ataque com seus avançados. No entanto, cientes da necessidade do try convertido, os catarinenses cresceram nos minutos derradeiros da peleja, que foram de tirar o fôlego. Ige enxergou bem o caminho pela ponta, colocando o Desterro dentro das 22. A pressão foi intensa, e o SPAC se segurou brilhantemente em cima de sua linha de try, impedindo o try fatal dos catarinenses. O Desterro apostou em seu pack para matar o jogo, buscando o try no pick and go, ao invés de abrir a bola para a sua linha. A defesa do SPAC se agigantou e levou o Desterro ao erro já nos acréscimos. Vitória suada do SPAC, 14 x 7, e classificação garantida à final, com direito a muita festa e cantoria inglesa. O Desterro caiu lutando bravamente e de cabeça erguida, e agora terá um prêmio de consolação: a disputa pelo terceiro posto.

O Portal do Rugby elegeu Felipe Claro, o “Alemão”, como o melhor em campo.

Após o cotejo decisivo, o Portal do Rugby conversou com alguns dos personagens. Daniel “Nativo”, do Desterro, ponderou que “em todo jogo desse nível, eu entro para deixar tudo em campo, e sempre espero isso dos meus companheiros. Hoje não foi diferente, demos tudo do que tinhamos. Estou triste pelo resultado, mas não pelo desempenho”. Em uma frase, Ale, do SPAC, definiu ofegante o que foi o fim de jogo: “defesa, defesa, defesa, esses cinco minutos finais foram intensos”.

 

Veja as fotos da partida!

 

Foto: Dani Mayer/Fotojump

 

 Super 10 2012

Campeonato Brasileiro – Super 10

Semifinal

SPAC 14 x 7 Desterro, em Embu das Artes

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SPAC

Tries: Alemão e Caiçara

Conversões: Leco (2)

Cartões amarelos: Caiçara e Amiky

1 Abud, 2 Cocão, 3 Gigante, 4 Mamute, 5 Cação, 6 Bolinha, 7 Cabelo, 8 Cocasso; 9 Torosso, 10 Leco, 11 Boy, 12 Caiçara, 13 Alémão, 14 Corá, 15 Clever;

Suplentes: 16 Xande, 17 Palle, 18 Vini, 19 Amiky, 20 Garay, 21 Dú, 22 Marcelinho, 23 Fanha.

 

Desterro

Try: Penal try

Conversão: Paulão (1)

1 Bolívia, 2 Nativo, 3 Nano, 4 Bruxinho, 5 Alejo, 6 Rômulo, 7 Leo, 8 Ige; 9 Shinho, 10 Ratão, 11 Panta, 12 Paulão, 13 Grampola, 14 Lucas, 15 Jackson;

Suplentes: 16 Pão, 17 Marcelucho, 18 Gigante, 19 Balta, 20 Lê, 21 Rodox, 22 Dieguito, 23 Felipe.

 

Árbitro: Xavier Vouga

Auxiliares: Bruno Lisbão e Fermín Padilla

4o árbitro: Alberto Nepomuceno

Delegado: Hélio Kiessling