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Empresa apoia o rugby desde 2008 e identifica excelentes oportunidades em ações de inclusão social pelo esporte, que empolga cada vez mais os jovens.

No começo, havia resistência até por parte de alguns executivos da CCR NovaDutra em relação ao rugby. O esporte é equivocadamente considerado violento, o que confunde quem não o conhece. Mas a convivência com os atletas e o aprendizado gradual das regras e da filosofia do universo rugbier demonstraram que não havia porque resistir.  Hoje, cinco anos depois, a CCR NovaDutra não só mantém o apoio ao projeto original, o Rugby Social, em parceria com o São José Rugby Clube, como apoia outras quatro iniciativas na área e já conta com uma legião de torcedores e até praticantes entre seus funcionários.

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Nesta entrevista, a analista de Relações Institucionais da CCR NovaDutra, Carla Fornasaro, fala da experiência da empresa no relacionamento com o esporte e as expectativas do Grupo CCR em relação ao futuro. Executiva responsável pelos projetos sociais da empresa, ela brinca: “hoje, quem falar mal do rugby brasileiro perto da gente vai ouvir um monte”, brinca.

Portal do Rugby – Por que a CCR NovaDutra decidiu investir no rugby, em 2008?

Carla Fornasaro – Nós fomos procurados pelo saudoso Ange Guimerá, rugbier francês que presidiu o São José Rugby e é considerado um dos grandes padrinhos do rugby de São José dos Campos (SP). Ele foi um mestre para nós não só no âmbito do rugby, mas da importância do esporte de uma maneira geral como ferramenta de inclusão e transformação social. Infelizmente, Guimerá faleceu em meados do ano passado, mas o seu legado permanece.

PdR – O que propunha Ange Guimerá naquela época?

Carla Fornasaro – O São José Rugby precisava de apoio para o projeto de inclusão social do clube, o Rugby Social (que na época chamava-se Aprendendo e Jogando Rugby e era realizado desde 2003). A proposta era promover uma oficina de férias, visando ocupar o tempo dos jovens atendidos e, mais tarde, ter recursos para ampliar o projeto, que estava inscrito na lei de incentivo fiscal sob orientação do CMDCA (Conselho Municipal da Criança e do Adolescente). Nós já estávamos procurando projetos com esse perfil, então, foi uma excelente oportunidade.

PdR – O Rugby Social ganhou esse nome a partir do momento em que vocês se tornaram parceiros do clube?

Carla Fornasaro – A proposta do clube já era mudar o nome do projeto e nós acabamos entrando na parceria nesse momento de transformação. O formato não era muito diferente do que é hoje, a dimensão é que era menor. Já era um programa de iniciação esportiva com a participação de atletas entre 7 e 17 anos, moradores de bairros carentes de São José dos Campos (SP). O São José Rugby Clube já era pentacampeão brasileiro na categoria Adulto.

PdR – Vocês foram parceiros em três títulos brasileiros do São José, então.

Carla Fornasaro – Não só nos tornamos octacampeões brasileiros com o São José Rugby, como estivemos presentes nas conquistas de vários campeonatos paulistas.  Mas o que mais nos orgulha não é isso.  Participamos da ampliação da presença do clube em várias categorias de base, não só em competições regionais e nacionais, como em excursões como o Torneio Valentín Martinez, no Uruguai, e no Tournoi des Capitales, na França. Podemos dizer com muito orgulho que contribuímos para formar novas gerações de atletas.

PdR – A partir de São José, o apoio de vocês ao rugby foi ampliado?

Carla Fornasaro – Sim, aos poucos fomos convencidos do potencial do Rugby enquanto esporte mobilizador de jovens. Primeiro, estabelecemos uma parceria para incentivo às equipes de base do Jacareí Rugby Clube, de Jacareí (SP), outro parceiro que só nos traz orgulho. Na sequência, veio o Resende Rugby Clube, do Sul Fluminense (Resende, RJ), seguido do apoio ao Projeto Atleta Cidadão, de São José dos Campos (SP), que envolve 13 modalidades, entre elas o rugby. Mais recentemente, iniciamos o apoio à ONG Integração, de Itatiaia (RJ), que também envolve rugby, entre outras modalidades.  Não podemos esquecer que, em 2011, o Grupo CCR como um todo passou a incentivar esse esporte, em nível nacional, como parceiro da CBRu (Confederação Brasileira de Rugby), na formação de equipes de base.

PdR – Vocês viraram uma referência quando o rugby passou a crescer no Brasil.

Carla Fornasaro – Acho que o nosso trabalho está contribuindo para esse crescimento.  Não só porque os projetos apoiados ganharam músculo e passaram a formar bons atletas, conquistar resultados em competições e ter boa visibilidade. Nós também nos empenhamos diretamente no incentivo à profissionalização das estruturas dos projetos. Quando apoiamos um projeto, não nos restringimos a liberar recursos. Nós viramos parceiros mesmo, com nossas equipes acompanhando de perto cada iniciativa e, em muitos casos, convivendo com as comunidades apoiadas. Oferecemos assessoria de imprensa, apoio na comunicação visual, criação de faixas, banners e desenvolvimento de uniformes. Em alguns casos, disponibilizamos apoio profissional para o aprimoramento dos próprios projetos.

PdR – A marca CCR no rugby é sinônimo de bons resultados?

Carla Fornasaro – Insisto que mais importante do que os resultados competitivos dos projetos que apoiamos é o legado que estamos ajudando a perenizar. Como dizia o Ange Guimerá, “antes de criar atletas, estamos formando cidadãos responsáveis, felizes e conscientes da sua importância na sociedade”. O rugby está permitindo isso. Os exemplos e as boas experiências que estamos proporcionando a esses meninos e meninas serão para toda a vida. Vencer ou perder é só uma parte desse processo. 

 

Fotos por Alex Bicudo