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all blacks 2011

Foram cinco mundiais decepcionantes, duas derrotas para a França, duas derrotas para a Austrália e duas derrotas para a África do Sul, mas finalmente a Nova Zelândia fez jus à sua fama e se tornou bicampeã mundial de rugby. Foi preciso jogar em casa, é verdade, mas os All Blacks superaram a maior pressão já recebida por uma seleção e mereceram a conquista, coroando a geração liderada pelo ícone Richie McCaw.

A abertura do torneio foi tranquila para os All Blacks, passando por Tonga. Mas, contra a França, a pressão estava no ar e os neozelandeses deram a primeira mostra de força, fazendo 37 x 17 e espantando o fantasma azul. Ao menos por enquanto. A França viveu um pesadelo. Com um rugby muito pobre e ambiente interno deteriorado, os franceses foram vítimas de uma das maiores zebras da história: derrota por 19 x 14 diante de Tonga. Para a sorte dos Bleus, Tonga havia perdido para o Canadá, deixando escapar inédita classificação.

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No Grupo B, a Inglaterra começou com magra vitória sobre a Argentina, 13 x 9, obtida apenas no finzinho. Os ingleses não impressionaram nada e sofreram contra a Geórgia e contra a Escócia ainda, vencendo os escoceses apenas aos 78′, com try salvador de Chris Ashton. A Argentina se classificou em segundo vencendo a Escócia por 13 x 12, em jogo emocionante decidido com try de Amorosino, aos 73′. Mas, emoção mesmo foi a vitória da Escócia sobre a Romênia, naquela que poderia ser outra zebra. Os romenos venciam o jogo até os 75′, com Simon Danielli fez dois tries e evitou o vexame.

Irlanda e Austrália protagonizaram um jogão no Grupo C, com a Irlanda batendo os Wallabies, que chegaram com banca no torneio após vencerem o Tri Nations. A partida não teve tries e os verdes dominaram o jogo de contato e garantiram a vitória nos penais de Sexton e O’Gara, 15 x 6. Com mais uma vitória sobre a Itália, a Irlanda avançou em primeiro lugar, enquanto a Austrália passou em segundo. Mas, não sem antes sofrer contra a estreante Rússia (única novidade do Mundial), deixando os Ursos fazerem três tries.

Já no Grupo D, as disputas foram intensas, no chamado grupo da morte, e premiaram a África do Sul, que bateu Gales, Samoa e Fiji para avançar em primeiro lugar. Gales também afastou seus fantasmas, mostrou grande qualidade e bateu os rivais do Pacífico, assegurando a classificação.

As quartas-de-final foram de gala. Primeiro, quando todos apontavam que finalmente a geração de O’Driscoll, O’Connell e O’Gara levaria a Irlanda à inédita semifinal, Gales, do veterano Shane Williams e do jovem capitão Sam Warburton falou mais alto, garantindo a vitória por 22 x 10 e seu retorno às semifinais. Depois, foi a vez a França ressurgir das cinzas vencendo a Inglaterra por 19 x 12, com Vincent Clerc e Maxime Médard fazendo os tries. Em jogo físico e brutal, a Austrália emergiu vitoriosa contra a África do Sul, 11 x 9, com try de James Horwill e muitos tackles de David Pocock e Rocky Elsom. Já os Pumas deram trabalho aos All Blacks, mas a vitória foi neozelandesa, 33 x 10, com Piri Weepu perfeito nos chutes.

Os All Blacks ainda passariam bem pela Austrália nas semifinais, em jogo que a Nova Zelândia usou seu terceiro abertura, após lesões de Dan Carter e Colin Slade. Era Aaron Cruden que assumia a camisa 10 e ajudava os Homens de Preto em passar por mais uma barreira, 20 x 6. No outro jogo, uma das partidas que já podem ser consideradas lendárias. Gales tinha todas as apostas a seu favor contra a França. Um time jovem e incisivo contra uma seleção em frangalhos, que só chegara à semifinal por total falta de qualidade do apático time inglês. Ninguém apostava na França, mas tudo mudou aos 19′, quando Sam Warburton, o capitão galês, levou cartão vermelho por tackle “pilão” em Vincent Clerc. Com o pé calibrado de Morgan Parra, a França chutou três penais e contou com o dia ruim de James Hook – que acertou apenas um de três penais – para garantir a vitória por 9 x 8.

A França podia ter chegado aos trancos e barrancos na final, mas a camisa tricolor merecia todo o respeito. Os Bleus fizeram seu melhor jogo na grande final e por muito pouco não produziram a maior decepção da história do rugby neozelandês. Foi um jogo de alto nível dos franceses e sua temível terceira linha, de Dusautoir, Bonnaire e Harinordoquy. Em falha no lateral francês, os All Blacks fizeram o primeiro try com Tony Woodcock, aos 15′. Mas, a Nova Zelândia não era capaz de se impor e levou o jogo ao intervalo em somente 5 x 0. Aaron Cruden se lesionou e Stephen Donald entrou em cena, o quarto abertura da seleção, que estava em casa de férias até poucos dias antes da final. Donald teve sangue frio e ampliou o placar com penal aos 46′, 8 x 0. E veio a agonia. A França pressionou, dominou as ações e chegou a seu try, com o capitão Dusautoir, aos 47′, convertido. Nova Zelândia 8 x 7 e tensão até o fim. Os Bleus tiveram a chance do título, com Trinh-Duc tendo azar desperdiçando um penal e um drop goal. Os neozelandeses se seguraram e conquistaram a tão sonhada Copa do Mundo. Festa em Auckland.

 

 

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