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rosslyn antes da guerra

Em 2014, a Primeira Guerra Mundial, ou simplesmente, a Grande Guerra, fará cem anos de seu início. No dia 28 de julho de 1914, o Império Austro-Húngaro invadiu a Sérvia, um mês depois que o sucessor do trono austro-húngaro, Francisco Ferdinando, fora assassinado em Sarajevo, então parte do Império Austro-Húngaro, pelo nacionalista sérvio Gavrilo Princip. O episódio foi apenas o estopim para a guerra, motivada pelos interesses imperialistas das grandes potências europeias, que chegavam ao ápice de seus impérios coloniais e da competição industrial, em uma disputa internacional estimulada pelos ideais nacionalistas que abalavam a suposta balança de poderes do “Velho Continente”.

O Império Alemão, expansionista, apoiou a Áustria-Hungria, ao passo que o Império Russo se posicionou do lado sérvio, em nome do pan-eslavismo e de sua influência no Leste Europeu. O conflito transcendeu os balcãs, com a Alemanha declarando guerra à Rússia e invadindo a neutra Bélgica e a França, aliada dos russos. A invasão da França fez a Inglaterra declarar guerra à Alemanha, levando boa parte do mundo à guerra, ao envolver os vastos impérios coloniais inglês, francês, belga, alemão e, mais tarde, português (ameaçado pela Alemanha), ao conflito.

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Meses depois o Império Otomano (Turquia) se posicionou ao lado de alemães e austro-húngaros, formando o núcleo dos dois lados do conflito: a Tríplice Entente (Rússia, França e Inglaterra) e as Potências Centrais (Alemanha, Áustria-Hungria e Turquia), mergulhando a Europa em um banho de sangue sem precedentes, potencializado pela adoção de novos armamentos e táticas de guerra. Em 1915, foi a vez da Itália entrar no lado da Entente, ao passo que em 1917 os Estados Unidos, antes neutros e alimentando industrialmente os combatentes, entraram no conflito do lado da Entente, provando-se determinantes para a derrota das Potências Centrais.

No mesmo ano, a Rússia saira prematuramente da guerra, com sua população drasticamente afetada, tanto pela guerra, como pela política czarista, levando ao levante da população e ao início da Revolução Russa, que derrubou o czar e colocou os bolcheviques no poder, fundando um estado de orientação comunista, a União Soviética, ao final da guerra civil em 1922.

Paralelamente, no Reino Unido, desde 1916 a Irlanda intensificava seu levante pela independência, que se concretizou em 1919 e foi reconhecido pelos britânicos em 1922, levando à atual divisão do país em República da Irlanda e Irlanda do Norte (que, todavia, não afetou o rugby, no qual os dois lados da ilha seguem unidos).

 

O rugby e a Grande Guerra

A Primeira Guerra Mundial, como veio a ser conhecida, se encerrou em 1918, com a derrota da Alemanha (e a queda de seu imperador), as dissoluções do Império Austro-Húngaro e do Império Otomano, o nascimento da URSS e a transformação dos EUA em potência global.

O saldo humano foi de mais de 9 milhões de combatentes mortos, dentro os quais centenas de jogadores de rugby de ponta, que dias antes do início do conflito desfilavam pelos gramados dos grande clubes de Inglaterra, Gales, Escócia, Irlanda e França, sobretudo.

De acordo com o historiador inglês Tony Collins (2009), foram 27 jogadores da seleção inglesa mortos em batalha (dentre aqueles atletas que vestiram a camisa do país no anos antes da guerra e seguiam ativos). Os números são mais notáveis nos clubes de ponta. O Bristol teve nada menos que 300 sócios que perderam a vida na guerra. Dos 60 jogadores que compunham os quatro primeiros XVs do London Scottish, nada menos que 45 foram mortos. O Richmond, tradicional clube de Londres, perdeu 73 membros, ao passo que o vizinho Rosslyn Park, um dos grandes clubes da cidade, sofreu 72 baixas, segundo Collins.

É justamente a história do Rosslyn Park que motivou este artigo. Ainda sem conseguir identificar todos os membros do clube que perderam a vida na Grande Guerra, o Rosslyn Park foi estudado por Stephen Cooper, neto de um ex-combatente que se dedicou a explorar a história desse período do clube. A pesquisa, que resultou na identificação de 85 membros que perderam a vida na guerra, deu origem a um livro, The Final Whistle, que explora as histórias de 15 jogadores que foram à guerra.

E o Arquivo Nacional britânico entrevistou Cooper sobre o trabalho. Clique aqui para ouvir a entrevista (em inglês).

Foto: Rosslyn Park antes da Grande Guerra. In: http://www.yourlocalguardian.co.uk