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Alexandre Schneider participou de evento e, em entrevista, apontou haver margem para ampliação do Projeto Rugby Cidadão 

Durante a 4ª edição do Festival Esportivo e de Convívio da Associação Hurra!, o secretário municipal de Educação de São Paulo, Alexandre Schneider, disse que “o esporte é muito importante para que as crianças vivenciem alguns aspectos que farão parte da sua formação”, como o “respeito ao outro, a importância do coletivo [em uma sociedade que cada vez mais privilegia o individualismo] e da sustentabilidade”.

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Schneider destacou ainda a generosidade da entidade ao utilizar uma metodologia que gera autonomia nos professores dos Centros Educacionais Unificados, os CEUs, possibilitando que, no futuro, o projeto atinja muito mais crianças.

O Festival, realizado sábado no CEU Jambeiro, na Zona Leste de São Paulo, teve o tema “Brincar consciente” como eixo organizador e marcou o encerramento do semestre do Projeto Rugby Cidadão. Iniciativa da Associação HURRA! em parceria com a Secretaria Municipal de Educação de São Paulo, a atividade contou com a presença de quase 400 alunos dos CEUs de toda São Paulo, cerca de 80 pais e professores, além dos voluntários e colaboradores para as atividades sócio-educativas e esportivas.

Além da prática do rugby tag, uma versão introdutória da modalidade, sem contato físico e que mescla meninos e meninas em campo, o projeto possibilitou às crianças, com idades entre 10 e 16 anos, produzir brinquedos, criar painéis artísticos com técnica de mosaico (com tampinhas) e também e brincar com 15 tipos de brinquedos feitos com materiais resgatados, com apoio do Grupo Muriquinhos. Já a Fundação Educar DPaschoal disponibilizou livros do projeto “Leia Comigo!” para serem entregues às crianças e a BSGI ofereceu um trilha sensorial e uma exposição, denominada Sementes da Mudança, que sensibiliza e auxilia a formação de consciência ambiental e uso responsável de recursos. Schneider afirmou que o evento mostrou que a “sustentabilidade pode ser trabalhada no dia a dia”.

Confira a entrevista completa com o secretário municipal de educação de São Paulo, Alexandre Schneider:

Como você acha que as brincadeiras apresentadas aqui e o rugby, um esporte pouco difundido no Brasil, podem contribuir na educação das crianças? 

De várias formas. A principal é que nós estamos em uma sociedade que cada vez mais privilegia o individualismo, as decisões pessoais, essa vontade de fazer a sua própria carreira. Isso tudo é importante. Mas é talvez até mais importante que a gente mostre que dá para fazer tudo isso entendendo o mundo que a gente vive, entendendo que é legal a gente fazer as coisas com nossos amigos, com nossos colegas. Também que a questão da sustentabilidade pode ser trabalhada no dia a dia. Por exemplo: aqui estamos fazendo brinquedos que qualquer um pode fazer com sucata ou uma revista antiga. 

Fazendo o brinquedo e depois brincando. Com o rugby a mesma coisa. É um sucesso na nossa rede. Começou em um CEU só, como projeto experimental na unidade Cidade Dutra, e todos os outros CEUs passaram a pedir esse projeto. Quer dizer, a secretaria apoiou, mas apoiou um movimento que veio de baixo para cima, foram os educadores e as crianças que pediram para que esse projeto se multiplicasse. Eu acho que o rugby é um esporte muito bacana e essa modalidade que a Hurra ensina, sem contato, é ainda mais legal, porque mostra que dá para você se divertir, você jogar, respeitando o outro.

A Hurra também capacita professores dos CEUs. Qual é a importância dessa ação? 

É importante porque ele [projeto] se torna uma ação sustentável. Quer dizer, a Hurra não só está levando para os alunos essa possibilidade de ter um aprendizado diferente, um esporte que não é tão discutido no Brasil, mas é muito legal, mas ao capacitar os professores, está fazendo com que a gente tenha muitos multiplicadores desse projeto, o que é muito importante. Então a gente tem também aí até um ato de generosidade, de partilhar a tecnologia da Hurra com a rede municipal e fazer com que a própria rede lá na frente possa levar isso adiante para muito mais gente do que talvez a Hurra fosse capaz de fazer sozinha.

Algumas das crianças aqui já passaram por situações mais complicadas na vida e estão tendo uma grande oportunidade com o projeto Rugby Cidadão. Você acha que o esporte é um “extra” na educação? 

Na verdade, quer o aluno se transforme num esportista ou não, o esporte é muito importante para que ele tenha noção de algumas coisas que fazem parte da sua formação: o respeito ao outro, a importância do coletivo e da sustentabilidade. O esporte ensina muito isso tudo. Ele ensina que, por melhor que a gente seja, quando estamos em um time temos que trabalhar em equipe. É o time que ganha, é o time que perde, é o time que faz os pontos. E acho que isso é um aprendizado para a vida inteira. Na vida dele, ele vai ter essa noção do coletivo que o esporte dá.

O projeto Rugby Cidadão está integrando as comunidades ao promover eventos como o festival de hoje. Atualmente ele já está presente em 23 dos 45 CEUs. Você acha que existe ainda espaço para ampliar mais no próximo ano? 

Eu tenho certeza que sim porque, como eu disse, a secretaria apoia, mas são os próprios alunos e professores, ao ter essa experiência, que estão pedindo. Então eu tenho certeza que tem chance, que vai ser expandido, e que a gente ainda vai ter muita criança com a bolinha oval aí na mão jogando rugby.

Na sua opinião, qual o papel da secretaria e da prefeitura efetivamente nesse projeto? 

O papel da secretaria e da prefeitura é possibilitar esse encontro, entre os nossos professores, os nossos alunos e a Hurra, para que todos tenham condição de desenvolver essas atividades, que vão além do esporte. Eles não estão aprendendo apenas o esporte, eles estão aprendendo noções importantes para a própria vida deles. 

Por intermédio do esporte eles estão aprendendo a ser cidadãos. Eu acho que esta construção é muito importante. A secretaria tem o papel apenas de juntar as pontas: uma tecnologia que só poderia ser desenvolvida por uma organização criativa, como é a Hurra, ao lado da massa, que é uma secretaria que tem mais de 1 milhão de alunos.