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No último fim de semana foi disputada a quarta rodada da Divisão de Honra portuguesa. Confira a análise feita pelo site português Mão de Mestre.

 

A sorte acabaria por calhar ao Belenenses, derrotado sem apelo pelo CRAV (30-20), em Arcos de Valdevez.

Do verdejante Minho veio o resultado surpreendente da ronda – ou talvez até nem tanto, face à irregularidade do azuis – com o triunfo do CRAV sobre a equipa do Restelo que, apesar de autorizada, sensatamente, pelo selecionador Frederico Sousa a utilizar os seus cinco jogadores dos sevens, negando o determinado pela FPR (e contra a posição expressa em carta pelo presidente Amado da Silva), acabou por decidir não fazer jogar qualquer deles, ao contrário do que fizeram outros emblemas. 
 
Ou seja, a informação que aqui veiculámos na sexta-feira estava correta: ter autorização para, não significa ser obrigado a. 
 
Após uma 1.ª parte muto equilibrada, com 10-9 para os lisboetas – ensaio de Jorge Vareta e pontapés de Manuel Costa contra três penalidades de Frederico Herédia –, aos 15’ da 2.ª parte, e por indicação do auxiliar do árbitro Damien Steele (boa arbitragem do antigo jogador azul), o Belenenses viu o 2.ª linha Rafael Simões e o pilar Carrasco serem excluídos 10’ por amarelo no mesmo lance (!) e o cariz do jogo virou em definitivo para o lado dos minhotos.
Nesses 10 minutos o CRAV – onde se estrearam um argentino e o pilar japonês Miasato –, aproveitou o facto de estar a jogar 15 contra 13 (e das más opções do capitão rival, João Mirra, nas faltas perto dos postes …) e com dois ensaios convertidos, fez 23-10 e não mais perdeu o controlo do jogo. Primeiro num lance de mêlée concluído pelo seu formação e logo a seguir num pontapé bem comprido do n.º 9, bem perseguido e aproveitado, muitos metros à frente, pelo argentino Renzo Draghi. 
Os azuis ainda se aproximaram para ponto de bónus defensivo (23-20, com um ensaio de Boneville), mas um ensaio, em maul dinâmico após touche, do n.º 8 Jorge Molina, ditaria a vitória suada e justa – para lá de retirar esse pontinho ao adversário. 

Na Sobreda escreveu-se mais uma página triste da modalidade, com o triunfo de Direito sobre o Benfica, por 125-0! 

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Mesmo sem o capitão Vasco Uva, os advogados – que já puderam contar com António Aguilar, Rui d’Orey e Pedro Leal, regressado dos sevens de Gold Coast (só ele se mostrou disponível para alinhar, já que Adérito Esteves e Luís Sousa ficaram na bancada) – nunca abrandaram o ritmo e honra lhes seja feita por isso, já que no rugby essa é a maior prova de respeito pelo adversário, mesmo quando ele expõe tamanhas fragilidades.

A equipa de Monsanto entrou sem piedade e fez ponto de bónus pelo quarto ensaio aos 25’, concluindo o atropelamento com um total de 19 ensaios, com destaque para os regressados António Aguilar (4), Rui d’Orey e Pedro Leal (3), que a jogar como segundo-centro ainda juntou oito conversões para um total de 31 pontos.Os encarnados, que apresentaram um quinze muito débil – só cinco dos 22 tinham alinhado anteriormente na DH – e com uma média de idades de 21 anos e com muitos jogadores abaixo dos 20, concederam assim incríveis 34 ensaios numa semana. 

No final do encontro José Mendes Silva era um técnico conformado, mas feliz pelos seus heróis: 

“Nenhum faltou ao primeiro treino, 2.ª feira à noite, após a derrota contra a Académica”. 
E, como já é aventado nos mentideros, nem quer ouvir falar de reforços estrangeiros vindos à pressa e em catadupa.
“O Benfica já seguiu esse caminho e vê-se o resultado onde chegámos”.

Nas Olaias, o CDUL esclareceu bem o fosso atualmente existente entre as melhores equipas do grupo A e as formações do grupo B, ao triunfar facilmente sobre o Técnico, por 64-6. 

Os campeões nacionais obtiveram 10 ensaios (bis para Tiago Girão e do tonguiano Seti Filo, um bom reforço que bate duro e sem piedade) e ao intervalo já tinham garantido o ponto de bónus. 
Pese embora o seu empenho, os engenheiros mostraram-se incapazes de responder ao forte ritmo do adversário, abrindo autoestradas por onde os universitários passeavam a seu bel-prazer, e a sua circulação de bola era lenta e denunciada, para lá das evidentes dificuldades em equilibrar na luta corpo-a-corpo, onde ficavam quase sempre a perder. Exceto quando era o pilar Bruno Rocha (novidade chamada à digressão da seleção à América do Sul) o portador da oval…

Como curiosidade refira-se que após a saída, por lesão, de Pedro Cabral, a responsabilidade de chutar aos postes foi entregue a Tiago Girão que, à John Eales (ou para os mais antigos, à maneira do 2.ª linha galês Alan Martin), converteu os derradeiros três ensaios da sua equipa. À atenção de Errol Brain…

A Académica foi a Leça da Palmeira bater o CDUP, por 27-17, numa partida recheada de (demasiados) cartões amarelos. 

Os “pretos” fizeram valer a sua maior experiência e marcaram quatro ensaios (bis para Sérgio Franco, que já lidera a lista de marcadores, a par de Aguilar e Girão) contra dois dos portuenses, muito perdulários e que devido a lesões e ao jogo-treino dos sub-19 de Portugal, só apresentaram 18 jogadores na folha de jogo e apenas um 1.ª linha suplente.
Quando este se lesionou, a meio da 2.ª parte, as mêlées passaram a não ser disputadas, o que é algo sempre triste de ver e retira muito do encanto de um jogo de râguebi. 
Mas é o que temos…
* Texto: António Henriques – Mão de Mestre
 
 
Divisão de Honra – Campeonato Português
 
Técnico 6 x 64 CDUL, em Lisboa
Cascais 3 x 31 Agronomia, em Cascais
Benfica 0 x 127 Direito, em Sobreda
CDUP 17 x 27 Académica, em Leça da Palmeira
CRAV 30 x 20 Belenenses, em Arcos de Valdevez