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Mesmo alinhando com as suas linhas atrasadas remodeladas, os campeões nacionais – CDUL – bateram esta tarde Agronomia, por 13-3, no jogo em atraso respeitante à 12.ª jornada, e alargaram para oito pontos a sua vantagem no topo da DH. 
 
Os agrónomos, que desperdiçaram uma ocasião de ouro para trepar na tabela, mantêm-se na 6.ª posição, mas agora ainda mais longe de um fantástico CDUP, que cilindrou o Benfica e subiu ao 4.º lugar. Foi pena que o jogo desta tarde no EU Lisboa, que noutras circunstâncias poderia constituir um belo reclame para a modalidade, se disputasse sob condições atmosféricas tão más – e com os dois quinzes bem desfalcados em relação a tempos não tão distantes. Só para terem uma ideia, em relação às equipas que se defrontaram na final da última edição do campeonato há nove meses, o CDUL apresentou somente um titular nessa ocasião (o 1.º centro Bernardo Silveira), enquanto Agronomia, curiosamente, surgiu mesmo assim com seis (Gustavo Duarte, Marthinus Hoffman e António Duarte na avançada, os médios Kadosh e Cardoso Pinto, e ainda Bernardo Campelo, que se estreava esta época e era o único três-quartos repetente dessa partida no Jamor). E assim, a “meia dúzia” de heroicos adeptos que esteve nas bancadas pôde assistir a um jogo muito pouco aliciante e pelo “módico preço” do bilhete, para lá do nada entusiástico rugby, tiveram ainda direito a uma panóplia de desportos aquáticos e uma pitada de boxe – esse sim, do bom.
 
A equipa da Tapada começou melhor, a empurrar o adversário para o seu meio-campo, mas cedo se cansou e logo se percebeu que dificilmente faria ensaios face às dificuldades para tirar bolas limpas da avançada e usá-las a preceito nos três-quartos. E quando perto do quarto de hora os avançados do CDUL começaram finalmente a ganhar o despique entre packs, a equipa de Manuel Sommer Ribeiro tomava conta das operações… e não mais perderia o controlo do jogo. E tudo começou exatamente aos 15’ quando após uma falta frontal aos postes feita por um jogador agrónomo, se armou grossa borrasca envolvendo quase os 30 jogadores. 
Murro para lá, empurrão para cá, o combate durou largos segundos perante o concerto de apito do árbitro Afonso Nogueira, a quem ninguém ligava coisa nenhuma. Como o árbitro fora nomeado para dirigir um jogo de rugby e não um combate de boxe resolveu, com ajuda dos auxiliares – e muito bem – expulsar um jogador de cada lado: o agrónomo Hoffmann, que começou o 1.º round e o universitário Faleafa, esse sim o vencedor do combate, graças a dois socos notáveis que o próprio Cassius Clay não desdenharia.
 

Ora a ausência do australiano – o elemento sempre mais ativo e que mais anda para a frente nos oito avançados da Tapada – seria muito mais sentida nos visitantes do que a falta do neozelandês na equipa da casa. 
E assim não se estranhou que aos 22’, um largo período de intenso domínio do CDUL através do labor da sua avançada fosse concluído pelo pilar João Almeida (não mereceria uma chamada de Errol Brain ao alargado lote de jogadores selecionáveis?), naquele que seria o único ensaio da partida (7-0). Até ao intervalo, o hoje a centro David Araújo, convertido em chutador, transformou uma penalidade (para compensar duas falhas embaraçosas, uma delas num autêntico penalty após a batalha campal), nova cena pugilística valeu amarelo para a dupla Duarte Foro (CDUL) e António Duarte (Agronomia) e no derradeiro minuto assistiu-se à única jogada com princípio-meio-e-fim das linhas atrasadas de qualquer das equipas ao longo dos 80 minutos (!), de autoria dos agrónomos, mas que seria travada por excelente placagem, indo as equipas para o descanso com 10-0.       

 
Com as condições climatéricas gradualmente a piorarem, a 2.ª parte foi ainda mais penosa, sem hipóteses de ensaio, muitas substituições e com imensas bolas largadas para a frente. Duarte Cardoso Pinto, que falhara aos 43’ a primeira penalidade tentada, aos 76’ converteria a segunda (10-3) que dava, do mal o menos, o valioso ponto de bónus. Mas o CDUL voltou a implantar o seu jogo na área de 22 rival e ganhou uma falta que David Araújo não regateou, selando os 13-3 finais. E tudo por que uma derradeira tentativa de penalidade do capitão agrónomo sairia ao lado, fazendo a sua equipa deixar o relvado feito piscina de mãos a abanar. 
 
Ontem, em Leça da Palmeira, o CDUP confirmou o seu favoritismo e num jogo de sentido único venceu o Benfica, por 50-0, conseguindo oito ensaios, três deles à conta do n.º 15 Afonso Rodrigues (que atingiu a meia dúzia na prova, revelando-se o melhor marcador dos portuenses). Perante condições muito difíceis – apesar do terreno ser sintético, a tarde de temporal nortenho incluiu toda a receita possível de elementos de uma grossa invernia: vendaval, chuva copiosa e até granizo – a equipa da casa parece não ter sentido em demasia a ausências dos seus jovens metidos em trabalhos das seleções de XV e sevens, e jogando contra um adversário, esse sim de peso, o forte vento, virou ao intervalo a ganhar por 19-0, fruto de três ensaios.
 
Com o vento pelas costas, a 2.ª parte foi bem mais fácil para os homens de Marcello d’Orey, que somariam mais cinco ensaios, concluindo a ação de rolo compressor com meia centena de pontos a zero, para o que contribuiu decisivamente seu chutador sub-21 Rodrigo Figueiredo, com um total de 15 pontos através de um ensaio e cinco conversões, confirmando-se como melhor marcador do CDUP e 4º da Divisão de Honra.
        
O campeonato mantém-se interrompido no próximo fim-de semana devido ao jogo de preparação da seleção nacional diante dos England Students (sábado, EU Lisboa, 15.00), regressando a 2 de Fevereiro, precisamente no mesmo dia em que Portugal recebe a Roménia, no Jamor, na sua estreia na Taça Europeia das Nações.  
 
* Texto: António Henriques
Fotos: António Simões dos Santos
 
 
Divisão de Honra – Campeonato Português
 
CDUP 50 x 0 Benfica, no Porto
CDUL 13 x 3 Agronomia, em Lisboa