copa do mundo feminina 2014

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copa do mundo feminina 2014

Agosto é o mês das mulheres no mundo do rugby. Vai começar a sétima edição da Copa do Mundo de Rugby Feminino, o principal campeonato de rugby XV feminino do mundo, disputado a cada quatro anos. Em 2014, a França será pela primeira vez a sede da competição, com todos os jogos da primeira fase sendo realizados no complexo de Marcoussis, subúrbio de Paris, onde treinam todas as seleções francesas. Já as finais serão no Stade Jean-Bouin, em Paris, moderno estádio do Stade Français, para 20.000 lugares. Um palco digno da importância do Mundial Feminino!

Neste ano participam do torneio 12 seleções, e apenas a América do Sul, que não tem competições femininas oficiais de XV, está fora da Copa do Mundo. As equipes foram divididas em 3 grupos com 4 seleções cada, sendo que os campeões de cada grupo e o melhor segundo colocado avançam às semifinais. O favoritismo recai novamente sobre a Nova Zelândia: as Black Ferns faturaram nada menos que as últimas quatro edições do torneio, estando invictas na Copa do Mundo desde 1994. 20 anos!

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Inglaterra (atual tri-vice-campeã e uma vez campeã, em 1994) e França (atual campeã do Six Nations Feminino e país-sede) aparecem como as seleções com mais chances de colocarem fim à hegemonia das tetracampeãs neozelandesas. Austrália (terceira colocada em 2010), Irlanda (campeã do Six Nations em 2013), Estados Unidos (campeão do primeiro torneio, em 1991) e Canadá (em grande forma no sevens) correm por fora pelas semifinais. Gales ainda carece de provar a mesma qualidade do masculino no feminino, ao passo que Espanha, África do Sul e Samoa são vistas com expectativa, podendo causar algumas surpresas. Já o Cazaquistão vai à “Cidade Luz” para ganhar mais experiência.

A Copa do Mundo Feminina não será televisionada para o Brasil, mas poderá ser assistida pelo site do torneio (clique aqui).

 

Inglesas e canadenses pela ponta do Grupo A

O Grupo A tem como favoritas Inglaterra e Canadá. As inglesas perderam o brilho de dois anos atrás, quando acabaram com a invencibilidade da Nova Zelândia em uma série de amistosos na Inglaterra. Depois disso, as inglesas caíram em rendimento e perderam a hegemonia europeia, deixando escapar os títulos do Six Nations em 2013, para a Irlanda, e em 2014, para a França. Danielle Waterman, Maggie Alphonsi, Tamara Taylor, Rochelle Clark e Rachael Burford são as veteranas que chegam à terceira Copa do Mundo e devem dar uma qualidade a mais à Rosa, que também aposta em algumas novatas, com nove atletas que debutam em Mundiais.

Muito forte no rugby sevens, o Canadá vai ao Mundial de XV em busca de sua primeira final, após colecionar três quartos lugares como melhores colocações. As Canucks são a segunda força do grupo, sendo capitaneadas por Kelly Russell. O time, no entanto, não conta com algumas das principais atletas do sevens, perdendo em protagonismo nas fases agudas do torneio. Derrotas apertadas em amistosos contra a Nova Zelândia em solo neozelandês, por outro lado, criam boas expectativas ao Canadá.

Espanha e Samoa completam o grupo. As espanholas voltam à Copa do Mundo depois de estarem ausentes em 2010. A forma no sevens dá boas esperanças às Leoas, que contarão com nomes de peso do circuito, como Barbara Pla e Patricia Garcia. Já Samoa é uma seleção sem grandes resultados em sua história, mas tem por trás a fama de sua cultura de rugby e pode despertar a qualquer momento.

 

Nova Zelândia favorita como sempre no Grupo B

As Black Ferns são favoritas absolutas ao Grupo B e dificilmente deixarão escapar a primeira posição. O time neozelandês que vai a Paris chega credenciado como quase imbatível, tendo sofrido sua última derrota em jogos oficiais em 2012 para a Inglaterra. Em busca do pentacampeonato, a Nova Zelândia terá algumas de suas principais estrelas do sevens em campo, como Kelly Brazier, Huriana Manuel, Honey Hireme e Selica Winiata, mas Portia Woodman, Sarah Goss, Kayla McAlister e Carla Hohepa. O time será capitaneado por Fiao’o Fa’amausili, que recebeu a confiança do técnico Brian Evans para liderar o time.

Irlanda e Estados Unidos prometem uma partida emocionante pelo segundo lugar do grupo. As estadunidenses contam com várias atletas com experiência em Copa do Mundo, mas as Águias têm o peso nas costas de não chegarem às semifinais desde 1998. A ponta Vanesha McGee é grande esperança de tries para a esquadra do técnico Pete Steinberg. A Irlanda, por sua vez, aposta na qualidade de um elenco que chocou a Europa ao vencer pela primeira vez o Six Nations no ano passado, quebrando a hegemonia inglesa. O técnico Phillip Doyle atribuiu a capitania à pilar Fiona Coghlan, que liderará um elenco de qualidade, que conta, entre outras, com a boa abertura Nora Stapleton e a fullback artilheira Niamh Briggs. O fato de nunca ter alcaçado as semifinais pesa contra as verdes.

Completando o grupo, as rainhas da Ásia, o Cazaquistão, chegam para sua sexta Copa do Mundo, mas ainda não chegaram no nível para competir em igualdade com as grandes do mundo.

 

França e Austrália querem brilhar no Grupo C

Pelo Grupo C, muita expectativa para as anfitriãs francesas, que chegam de um ano notável com a quebra do jejum de título do Six Nations, vencendo a competição de forma invicta pela primeira vez desde 2005. As Bleues despontam como favoritas ao título e sonham vivamente na primeira final de Mundial de sua história.

As francesas têm o elenco campeão europeu, com nomes do naipe de Sandrine Agricole, Shanon Izar e Jessy Tremouliere dando um toque de qualidade na linha. Mas, é em seu poderoso pack que as esperanças se depositam, depois de bater de frente e com sucesso no Six Nations com suas oponentes britânicas.

A Austrália é a segunda força do grupo. Com poucos jogos de XV disputados desde a última Copa do Mundo – apenas dois, com duas derrotas para Nova Zelândia e Canadá, em dois anos – as Wallaroos apostam muito mais no retrospecto que têm em Mundiais – sendo as atuais terceiras colocadas, quando bateram justamente a França na decisão – e na forma de seu sevens – vice-campeão mundial – do que no presente quase inexistente da equipe. Sharni Williams, líder do time de sevens, terá a missão de conduzir o time, que não contará com alguns dos principais nomes do circuito de sevens.

Gales e África do Sul completam o grupo e sonham em frustrar uma das favoritas. As galesas não inspiram tanta confiança, com campanhas apenas regulares no Six Nations – incluindo um fraco penúltimo lugar em 2014 -, mas as Springboks são perigosas. As sul-africanas são apontadas como uma das possíveis surpresas da Copa do Mundo, com o técnico Lawrence Sephaka apostando na força das forwards – com um dos mais pesados elencos do Mundial – para demolir as adversários pelo aspecto físico.

 

História da Copa do Mundo Feminina

Criado em 1991 e reeditada em 1994, quando se iniciaram os ciclos atuais de quatro anos, a Copa do Mundo Feminina de Rugby XV pode não ter começa muito depois da Copa do Mundo masculina, iniciada pouco antes, em 1987, mas sua visiblidade ainda está longe de sua irmã mais famosa.

A resistência da parte das federações/uniões nacionais, do IRB e de boa parte da comunidade do rugby à prática do esporte pelas mulheres retardou a organização do rugby feminino em todo o mundo. Somente nos anos 80, com o avanço do esporte feminino e das lutas feministas pelo mundo, o rugby ganhou suas primeiras federações voltadas a organizar a modalidade feminina, ainda, no entanto, à margem da organização oficial do IRB. Apenas em 1983 surgiu a Women’s Rugby Football Union para organizar o rugby feminino inglês, mas de forma desvinculada da RFU, órgão máximo do rugby do país. No ano seguinte a França ganhou sua primeira federação, e o movimento se seguiu em outros países até a criação, em 1988, da Women’s International Rugby Board (WIRB), com o intuito de promover o rugby feminino pelo mundo.

A WIRB deu seu passo decisivo em 1991, com a criação da Copa do Mundo Feminina de Rugby (XV), realizada em Gales, com o nome de Women’s Rugby Festival, tendo a participação de 12 seleções. Os Estados Unidos se sagraram os grandes campeões da primeira edição, depois de superarem nas semifinais a Nova Zelândia e na grande final a Inglaterra, por 19 x 6. O terceiro lugar foi dividido entre neozelandesas e francesas, e o torneio ainda contou com as participações de Canadá, Espanha, Holanda, Itália, Gales, Japão, Suécia e União Soviética.

A segunda Copa do Mundo teve lugar na Escócia, em 1994, ainda sem apoio oficial do IRB. Inglesas e estadunidenses voltaram a fazer a final do torneio, mas o título ficou com a Inglaterra, graças à vitória por 38 x 23. O torneio foi enfraquecido pela ausência dos países do Hemisfério Sul, contando entre seus 12 participantes também com França, Gales, Escócia, Canadá, Irlanda, Japão, Cazaquistão, Suécia, Rússia e a seleção de estudantes da Escócia.

Em 1998 veio enfim o reconhecimento oficial do IRB, que incorporou a WIRB e passou a organizar a Copa do Mundo Feminina, reconhecendo as campeãs dos torneios anteriores. Com a Holanda como sede, teve início a longa hegemonia da Nova Zelândia, que fez 44 x 12 sobre os EUA na final para conquistar seu primeiro título na categoria. Com 16 participantes, a Copa do Mundo teve a estreia de outra potência do Hemisfério Sul, a Austrália, além de Inglaterra, Canadá, Escócia, Espanha, França, Cazaquistão, Irlanda, Gales, Itália, Holanda, Alemanha, Suécia e Rússia.

O Mundial de 2002 foi realizado na Espanha, outra vez com 16 seleções, e novamente com título invicto das Black Ferns, que superaram a Inglaterra na final por 19 x 9. As mesmas seleções de 1998 estiveram presentes, com apenas uma alteração: a ausência da Suécia e o debut de Samoa.

O Canadá recebeu a Copa do Mundo em 2006, assistindo novamente ao título da Nova Zelândia com vitória sobre a Inglaterra na final: 25 x 17. A fim de racionalizar a competição, o IRB reduziu o número de participantes para 12. A outra novidade foi a estreia da África do Sul no torneio. Participaram também França, Canadá, Estados Unidos, Escócia, Austrália, Irlanda, Espanha, Samoa e Cazaquistão.

Por fim, em 2010, o torneio foi realizado na Inglaterra e o título permaneceu na mão das invictas Black Ferns, que fizeram outra final com a Inglaterra, vencendo por 13 x 10, em jogo emocionante com o melhor público de uma final: 13.000 no estádio dos Harlequins. Entre as participantes, a ausência da Espanha, substituído pela Suecia, foi a novidade.

 

rwc womens 2014

Copa do Mundo Feminina – França 2014

Grupo A: Canadá, Inglaterra, Samoa e Espanha

Grupo B: Irlanda, Cazaquistão, Nova Zelândia e Estados Unidos

Grupo C: Austrália, França, África do Sul e País de Gales

Clique aqui para acessar as listas dos elencos de todas as seleções.

 

*Hora de Brasília

1ª rodada – 1º de agosto

08h00 – Nova Zelândia x Cazaquistão

10h00 – Canadá x Espanha

10h45 – Austrália x África do Sul

12h00 – Estados Unidos x Irlanda

13h00 – Inglaterra x Samoa

15h45 – França x Gales

 

2ª rodada – 5 de agosto

08h00 – Estados Unidos x Cazaquistão

10h00 – Austrália x Gales

10h45 – Inglaterra x Espanha

12h00 – Canadá x Samoa

13h00 – Nova Zelândia x Irlanda

15h45 – França x África do Sul

 

3ª rodada – 9 de agosto

08h00 – Irlanda x Cazaquistão

10h00 – Espanha x Samoa

10h45 – Inglaterra x Canadá

12h00 – Gales x África do Sul

13h00 – Nova Zelândia x Estados Unidos

15h45 – França x Austrália

 

Semifinais – dia 13 de agosto

 

Finais – dia 17 de agosto