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Chegou ao fim a segunda rodada da Copa do Mundo, e cabem já novamente algumas análises.

Grupo A

A Nova Zelândia está voando baixo. Mesmo com uma equipe mista enfrentando os reservas do Japão, os All Blacks impressionaram. É fato que duelos muito desnivelados não servem para análises mais consistentes, mas atropelar por 83 x 7 uma seleção que perdeu por somente 47 x 21, ainda que com outro elenco em campo, após liderar o placar em dado momento, é um feito expressivo. O Japão não é mais uma seleção frágil, seu título da Copa das Nações do Pacífico (sobre Tonga, Fiji e Samoa) e sua derrota por 31 x 24 para a Itália, em amistoso em solo italiano, já alertavam o mundo que os Brave Blossoms são hoje competitivos. As declarações confiantes do técnico John Kirwan já apontavam para tal realidade. O expresso dos All Blacks trucidou os japoneses, apresentando um rugby envolvente, mas com alguns defeitos, notadamente no lateral. O placar animou, mas não foi ainda a verdadeira prova de fogo, que só virá contra a França.

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Tonga e Canadá fizeram um jogo muito interessante pelo grupo, e os Canucks, contra a maioria dos prognósticos, levaram a melhor. Tonga não soube dialogar com o estilo canadense, e pagou o preço da soberba, ao deixar no banco jogadores importantes, poupando-os para os duelos seguintes. A vontade com que os canadenses jogaram abalou Tonga, que sucumbiu. Uma vitória na garra, muito inspiradora, para uma seleção cuja base é amadora. O duelo deixa os jogos das duas equipes com o Japão muito interessantes.

Grupo B

A segunda rodada do Grupo B começou com uma decepcionante atuação da Escócia contra a Geórgia. Os Lelos conseguiram levar a partida para o lado físico, como queriam, e os escoceses sofreram muito, apesar de não rejeitarem tal estilo, muito pelo contrário. A partida tomou o caminho que a Escócia tradicionalmente gosta, a dos penais, que deram a vitória aos escoceses. Entretanto, contra um adversário mais fraco, fazer a única partida sem tries do Mundial até aqui fez a Escócia merecer um grande voto de desconfiança, que ganhou corpo com a fantástica exibição dos Pumas no duelo com a Romênia, no sábado.

A Argentina dominou e atropelou um adversário que fez os escoceses suarem muito para saírem vitoriosos. Os romenos, com um rugby de muita força mas limitado tecnicamente, foram valentes, não desistiram nunca, mas não foram páreo para uma Argentina dinâmica, ousada  implacável. 43 x 8, mais do que convincentes, elevando o moral dos Pumas para a decisão da vaga contra a Escócia. Os hermanos estão voando baixo no Mundial!

Grupo C

O Grupo C teve início na quinta-feira, com o duelo da Guerra Fria entre a debutante Rússia e os Estados Unidos. Um jogo interessante, porém fraco tecnicamente, que premiou a equipe mais experiente. Vitória das Águias sobre os Ursos, no aperto.

No sábado, os rugbiers do mundo todo foram premiados com o melhor jogo até aqui da competição. Curioso que o melhor jogo tenha sido desprovido de tries. Mas não importa. Austrália e Irlanda fizeram uma verdadeira batalha em Wellington. Jogando como se fosse uma partida de vida ou morte, a Irlanda não deixou a Austrália impor seu jogo veloz de muitos passes. A pressão da terceira linha irlandesa e uma linha defensiva agressiva neutralizaram os Wallabies, que foram completamente dominados pelos scrum verde. O resultado foi o brilhante ataque australiano inefetivo, e muitos penais, que Sexton e O’Gara trataram de converter em 15 cruciais pontos. Após uma primeira partida exuberante, os Wallabies decepcionaram. A Irlanda, por outro lado, superou a insossa estreia fazendo uma partida que a credencia fortemente a uma histórica semifinal de Mundial. Para os Wallabies, a derrota pode ter sido trágica às suas pretensões de título, uma vez que poderão enfrentar os ascendetnes Springboks nas quartas-de-final. Entretanto, que ninguém duvide da capacidade da trupe de Cooper, Genia, Beale e O’Connor. Sábado eles perderam muito por conta da inexperiência em Mundiais. Eles podem ter aprendido a lição a tempo.

Grupo D

Samoa estreou com uma impressionante e esperada vitória sobre a fraca Namíbia, na terça, mostrando estar mais do que na briga por uma vaga na segunda fase. Os galeses que abram o olho. Mas o jogo que merece destaque no grupo foi a lavada que os Boks aplicaram sobre Fiji.

Os Springboks deram uma aula de rugby contra Fiji. Foram irrepreensíveis. A África do Sul atropelou , vitória por 49 x 3, com muita autoridade. Os Boks jogaram de todas as maneiras, com força no pack e habilidade da linha. Mostraram aos fijianos um rugby completo, com uma apresentação sólida e inteligente dos campeões mundiais, se aproveitando dos erros e da indisciplina do adversário para construir o placar. A vitória certamente habilitou mais do que nunca os Boks ao título, o primeiro lugar do grupo está muito próximo. O azar verde-e-ouro foi a derrota australiana frente a Irlanda. Grandes chances agora de termos Wallabies x Springboks logo nas quartas-de-final!

Que começo de Copa do Mundo!

 

2ª rodada – de terça a sábado

Grupo A

Tonga 20 x 25 Canadá

Nova Zelândia 83 x 7 Japão

Grupo B

Escócia 15 x 6 Geórgia

Argentina 43 x 8 Romênia

Grupo C

Rússia 6 x 13 Estados Unidos

Austrália x Irlanda

Grupo D

Samoa 49 x 12 Namíbia

África do Sul 49 x 3 Fiji