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Uma grande festa foi armada em Rosário para receber o último jogo dos Pumas no Rugby Championship de 2012. O adversário era a Austrália, equipe que muitos apostavam ser a mais acessível para uma vitória argentina. Porém, em campo, diante de um Estadio Gigante de Arroyito lotado, os Wallabies prevaleceram, arrancando uma vitória moralmente importante antes dos tests de novembro. A equipe que vinha imersa numa crise se levantou, enquanto o time que jogava em casa perdeu, mas ainda assim foi apludido por sua fanática torcida.

Durante o hino argentino e nos minutos que antecederam a partida a festa foi muito grande no estádio. Com 41 mil torcedores presentes, o Gigante de Arroyito tremia, como uma panela de pressão. 

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A partida começou com muitos erros dos dois lados. Os Pumas não começaram bem a peleja, e cederam 2 penais em 7 minutos para os Wallabies. Mike Harris foi perfeito nas duas chances, fazendo 6 x 0. A resposta argentina não tardou. Os Pumas buscaram o jogo de mãos, e ganharam seu primeiro penal aos 10′, que Hernández não desperdiçou. 6 x 3. O jogo seguiu com uma série de erros dos dois lados, resultando em mais 2 penais em menos de 5 minutos, com Harris e Hernández somando 3 pontos para cada lado.

A Austrália cresceu em campo, e quase conseguiu seu try, com Nick Phipps, que perdeu o contato com a bola quando tentou um mergulho após a fase ao lado do in-goal. O jogo já estava parado por penal, e Harris somou mais 3 pontos para os aussies. No lance, Albacete recebeu cartão amarelo pelos Pumas. Entretanto, a resposta alviceleste foi imediata, com novo penal arrematado por Hernández, aos 28′.

No último quarto do primeiro tempo, os Pumas cresceram, com Leguizamón desferindo um incrível chute pela lateral,empurrando os argentinos para o ataque. Porém, a defesa australiana foi bem, e afastou o perigo. Pouco depois, Kurtley Beale teve uma oportunidade com um chute de penal do meio campo, mas errou. No lance, lasers foram disparados contra o australiano, sendo rapidamente repreendidos pelo locutor do estádio, que pediu aos torcedores para pararem com tal atitude. Na verdade, em todos os penais a favor dos australianos muitos torcedores vaiaram, levando o locutor oficial a pedir silêncio. Algo esperado num país onde o rugby está em processo de franca popularização.

Hernández também desperdiçou um penal para a Argentina no primeiro tempo e, no final, já com 15 homens em campo, os Pumas pressionaram com seus avançados, mas a partida foi mesmo para o intervalo em 15 x 9 para os visitantes, que tiveram maior posse de bola: 58%.

O segundo tempo começou parelho, com os dois times buscando o jogo de contato. Para os argentinos, sua defesa e seu jogo de contato foram seus grandes trunfos ao longo do certame, e esse foi o caminho escolhido contra os Wallabies. A Argentina se abriu para o contra-golpe, e por muito pouco não sofre o try. Hopper saiu em velocidade e correu muitos metros até sofrer o tackle salvador de Amorosino, salvando a Argentina. A torcida comemorou como se tivesse sido um try.

A resposta australiana foi rápida, com Beale aplicando lindo tackle sobre Hernández. Os Wallabies arrancaram um penal pouco depois, que Harris desperdiçou, novamente sendo alvo do laser. A Argentina responde armando um rápido contra-ataque, perdido no passe final por conta de um knock-on. O início de segundo tempo foi melhor para os Wallabies, e os Pumas buscaram a reação jogando com o pack. Em bela sequência de fases, a Argentina chegou perto do in-goal, abrindo rapidamente a bola paraa linha, mas a definição pela ponta falhou com a perda do controle da bola por Agulla. 

Aos 61′, a sorte parecia se voltar a favor dos anfitriões, com penal chutado precisamente por Bosch, que levou o placar a 12 x 15. Contudo, logo em seu primeiro ataque depois de sofrer os pontos, a Austrália virou o placar, com uma grande falha de posicionamento defensivo dos Pumas. Digby Ioane encontrou o buraco na defesa alviceleste e correu para o try pelo meio, convertido por Harris. 22 x 12.

Os argentinos buscaram a reação, mas os australianos souberam esfriar o jogo na hora certa, pressionando a saída de bola dos donos da casa. Aos 73′, Harris não desperdiçou nova chance com penal, praticamente pondo um ponto final à partida.

Após o 25 x 12, o pilar Rodrigo Roncero foi substituído, deixando o campo sob aplausos, com o estádio de pé em sua homenagem. Foi sua última partida como jogador profissional.

Nos minutos finais, os Pumas foram para cima, usando novamente o jogo de forwards. E foram premiados pela pressão, empurrados pelo estádio. Em colossal volante, os Pumas entraram na área de meta australiana e Juan Imhoff caiu para seu 10º try em 11 jogos com a camisa argentina. Bosch converteu, criando minutos derradeiros dramáticos em Rosário. A pressão foi total dos argentinos, mas os australianos resistiram, e ainda tiveram um penal favorável aos 80′. Beale chutou mas errou o alvo, e a bola seguiu viva com a recepção argentina. Porém, de nada adiantou. A vitória foi dos Wallabies, 25 x 19!

Ao final da partida, Rodrigo Roncero foi homenageado, recebendo também o prêmio de melhor jogador em campo.

Na coletiva de imprensa, Robbie Deans, técnico da Austrália, elogiou a recepção que os Wallabies tiveram na Argentina e disse ter gostado do clima do estádio, amenizando a questão do laser. Para o técnico, é algo “de menos”.

Para Fernández Lobbe, capitão argentino, a grande virtude dos Pumas ao longo da campanha foi a defesa e o jogo de contato. Diante dos Wallabies, o problema foram os excessivos erros e a indisciplina da equipe, pontos a serem trabalhados daaqui para frente.

O Portal do Rugby esteve no estádio e em breve trará fotos e um artigo com as nossas impressões sobre a experiência.

 

UAR1925Wallabies

Argentina 19 x 25 Austrália, em Rosário

Argentina:

Try: Imhoff

Conversão: Bosch (1)

Penais: Hernández (3) e Bosch (1)

 

15 Lucas Amorosino, 14 Gonzalo Camacho, 13 Marcelo Bosch, 12 Santiago Fernández, 11 Horacio Agulla, 10 Juan Martín Hernández, 9 Martín Landajo, 8 Juan Martín Fernández Lobbe (c), 7 Juan Manuel Leguizamón, 6 Julio Cabello,5 Patricio Albacete, 4 Manuel Carizza, 3 Juan Figallo, 2 Eusebio Guiñazú, 1 Rodrigo Roncero

Suplentes: 16 Agustín Creevy, 17 Juan Pablo Orlandi, 18 Leonardo Senatore, 19 Tomás Leonardi, 20 Nicolás Vergallo, 21 Nicolás Sánchez, 22 Juan José Imhoff

Técnico: Santiago Phelan

 

Austrália:

Try: Ioane

Conversão; Harris (1)

Penais: Harris (6)

 

15 Mike Harris, 14 Nick Cummins, 13 Ben Tapuai, 12 Pat McCabe, 11 Digby Ioane, 10 Kurtley Beale, 9 Nick Phipps, 8 Radike Samo, 7 Michael Hooper, 6 Sitaleki Timani, 5 Nathan Sharpe (c), 4 Kane Douglas, 3 Ben Alexander, 2 Tatafu Polota-Nau, 1 James Slipper.

Suplentes: 16 Saia Fainga’a, 17 Benn Robinson, 18 Dave Dennis, 19 Scott Higginbotham, 20 Liam Gill, 21 Brett Sheehan, 22 Dominic Shipperley.

Técnico: Robbie Deans

Árbitro: Craig Joubert (África do Sul)