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Vai começar o Rugby Championship 2016! A competição mais forte do Hemisfério Sul terá seu pontapé inicial nesse sábado e nós já estamos com a cabeça na primeira rodada! O torneio terá seu início com o clássico da Oceania entre Austrália, atual campeã do Rugby Championship, e Nova Zelândia, atual campeã mundial, que medirão forças em Sydney em partida que vale também pela Bledisloe Cup, o troféu anual entre os dois times. Depois, às 12h00, será a vez da África do Sul, que terminou o último Championship na lanterna, receber a Argentina, que vai em busca de subir mais um degrau no cenário internacional.

 

Quem leva? Só sábado nós saberemos, mas já podemos avaliar o que cada time está preparando para a primeira rodada.

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Um clássico muito grande

A reedição da grande final da Copa do Mundo de 2015 é o jogo reservado para abrir o Rugby Championship 2016. O duelo entre Wallabies e All Blacks promete demais e colocará frente a frente rivais históricos, mas em situações bem distintas. No ano passado, a Austrália se sagrou campeã do Rugby Championship, que foi disputado em apenas um turno (um jogo contra cada equipe), por conta do calendário apertado pelo Mundial. Mas, mesmo com o título, os australianos não conseguiram quebrar o incômodo tabu da Bledisloe Cup, que os Wallabies não vencem desde 2002. A Bledisloe Cup é decidida após os três jogos anuais entre os dois países, sendo dois pelo Championship e um jogo extra, que neste ano será no dia 22 de outubro em solo neozelandês. Isso significa que se os Wallabies pretenderem quebrar agora o tabu precisarão vencer esse que será seu único jogo em casa contra os All Blacks. Mas, o percurso dos australianos desde a derrota na final da Copa do Mundo – em partida que os Wallabies chegaram a flertar com a vitória – foi desastroso, com os comandados do técnico Michael Cheika perdendo pela primeira vez na história da seleção australiana suas três partidas em casa em série contra a Inglaterra. Ou seja, a Austrália não vence um jogo oficial desde a semifinal da Copa do Mundo, quando venceu a Argentina. A Nova Zelândia, por sua vez, vem invicta desde justamente a derrota para a Austrália pelo Rugby Championship de 2015, em Sydney, no dia 8 de agosto, por 27 x 19. Depois disso, os All Blacks atropelaram os Wallabies no jogo extra da Bledisloe Cup de 2015 (41 x 13), venceram todos os seus jogos pela Copa do Mundo e todos os seus tests de junho contra Gales, já acumulando 11 vitórias seguidas.

 

A Nova Zelândia voltará a Sydney sem seu mítico capitão Richie McCaw, aposentado, e sem seu maestro Dan Carter e a dupla infernal de centros Ma’a Nonu e Conrad Smith, que resolveram jogar na Europa. Mesmo assim, o técnico Steve Hansen tem em mãos um elenco que esteve voando no Super Rugby, pois quatro dos cinco times neozelandeses na competição chegaram às quartas de final – e três às semifinais, com o Hurricanes se sagrando campeão. Situação bem distinta dos times australianos do Super Rugby, que fizeram campanhas pífias, com apenas o Brumbies avançando ao mata-mata e caindo logo nas quartas.

 

Depois de perder veteranos valiosos, Hansen optou por fazer jus à recuperação física de um outro veterano do mais alto calibre, Israel Dagg, reconduzido à camisa 15 preta, enquanto o inquestionável Ben Smith foi recolocado na ponta, onde fará dupla com o seu parceiro de Highlanders, o trator Waisake Naholo – deixando Julian Savea, em má forma, no banco. Smith a Naholo ainda terão a parceria do companheiro de clube e segundo centro Malakai Fekitoa, que jogará ao lado de Ryan Crotty, em ascensão. A novidade ficou por conta da 10, que será de Beauden Barrett, de desempenho irretocável no Super Rugby com os Hurricanes, deixando Aaron Cruden no banco. Barrett, é claro, jogará ao lado de Aaron Smith.

 

No pack, a liderança de Kieran Read na terceira linha é indiscutível e o oitavo (melhor do mundo de 2013) certamente é um substituto à altura de McCaw para a braçadeira de capitão. E a camisa de McCaw é agora de Sam Cane, que se sobressaiu na temporada pelos Chiefs, tendo a seu lado o veterano Jerome Kaino. A segunda linha neozelandesa segue com grande vantagem e certamente é das mais temidas do mundo, com o veterano Sam Whitelock e com o melhor jogador do mundo de 2014 Brodie Retallick. A primeira linha também é experimentada e deverá levar vantagem, mesmo sem Dane Coles, lesionado. Owen Franks, Nathan Harris e Wyatt Crockett sempre dão conta do recado.

 

A superioridade de momento da Nova Zelândia é evidente. Quem terá que dar provas do contrário e sob pressão é a Austrália. O favoritismo é claro e o desafio está lançado.

 

A Austrália está no comando de Michael Cheika que optou por uma escalação mais conservadora. A base da equipe é a vice-campeã da Copa do Mundo em 2015, na final contra a Nova Zelândia. Para posição de scrum half, Cheika contou com Will Genia no lugar de Adam Ashley-Cooper como muitos esperavam. Na linha,  a novidade é Dane Haylett-Petty na ponta que entra no lugar de Drew Mitchell, veterano que desta vez ficou  de fora da convocação. O restante é o que já se esperava da equipe que embora tenha feito sucesso no ano passado, este ano não surpreendeu e não rendeu de acordo com as expectativas.

 

No pack, a saída do Scott Fardy da asa é a principal peculiaridade com Cheika apostando em Ben McCalman que normalmente joga na posição de oitavo. A tentativa é neutralizar a formação neozelandesa que tem Sam Cane. Os demais jogadores deste pack são a primeira e segunda linha base e já conhecidas que sofrerão contra a força da Nova Zelândia, portanto, a aposta australiana está na linha e precisa do entrosamento entre Israel Foulau, Adam Ashley-Cooper e Tevita Kuridrani. Espera-se também uma grande batalha na terceira linha de ambas equipes, sendo o ponto chave da partida, com a potência de David Pocock e Michael Hooper que querem demonstrar a liderança já que a terceira linha neozelandesa não conta mais com Rich McCaw.

 

E outro clássico que também ficou muito grande

No segundo jogo do dia, a África do Sul receberá na pequena cidade de Nelspruit – caso do Mpumulanga Pumas – a Argentina – os verdadeiros Pumas! Até o ano passado, a Argentina jamais havia vencido a África do Sul em um jogo oficial – já que a vitória de 1982 fora sob a bandeira do Sudamérica XV. Mas, história foi feita em 2015, quando os Pumas bateram os Springboks em Durban por 37 x 25, jogando a África do Sul para o último lugar do campeonato. Os sul-africanos reagiram e venceram o último amistoso antes da Copa do Mundo na Argentina por 26 x 12 e depois na Inglaterra a decisão do 3º lugar da Copa do Mundo por 24 x 13. É claro, no entanto, que na cabeça do torcedor dos dois times está a memória do último jogo em solo africano e a necessidade dos Boks de provarem que estão dando um passo adiante sob o comando novo do técnico Alister Coetzee. Em junho, a estreia do novo comandante não foi boa, com derrota em casa para a Irlanda, mas os Boks reagiram e não sem antes sofrerem bastante venceram os outros dois jogos contra os irlandeses. A Argentina, por sua vez, não convenceu nada em junho, em meio a uma série de resultados ruins dos Jaguares no Super Rugby. O time de Daniel Hourcade venceu sem convencer a Itália, passou pela França no primeiro amistoso entre os dois times, mas depois caiu em casa contra o “expressinho” da França pro 27 x 0, preocupando e muito seu torcedor. Para os argentinos, o Rugby Championship também é a chance de salvar uma temporada sofrida – ainda que o fato da inédita participação no Super Rugby e seus novos desafios devam ser entendidos como aprendizado para os argentinos, jamais como fracasso diante dos primeiros resultados.

 

Alister Coetzee, novo no controle, ousou na renovação completa da equipe, tentando extrair os melhores atletas da equipe do Lions que foi vice-campeão do Super Rugby. Garantiu a dupla de abertura e scrum half que todos já esperavam e que renderá trabalho com Elton Jantjies e Faf de Klerk demonstrando velocidade e agilidade. Lionel Mapoe como centro acompanhado de Damian de Allende certificam a grande aceleração da equipe. Na ponta, Ruan Combrinck dispara como novidade.

 

Ajudando na agressividade de Faf de Klerk e Elton Jantjies, Warren Whiteley entra como oitavo para dar mobilidade e evolução na partida. O pack, no geral, é mais jovem em relação ao que vem sendo colocado na África do Sul.

 

Já da Argentina, de Daniel Hourcade, leva um time sem novidades, inclusive muito forte fisicamente no pack e arrisca na base da equipe que já vinha jogando. Na terceira linha, a experiência do veterano Juan Manuel Leguizamon ajuda a liderar a equipe. Augustín Creevy, encabeça os convocados e também o scrum, formando um jogo de contato resistente e fechado.

 

Na linha, Martín Landajo jogando ao lado de Nicolás Sánchez realizando a composição padrão dos Jaguares. A ponta argentina conta com o retorno de Manuel Montero e, consequentemente, com a potência que o jogador traz para sua posição. O duelo de fullback insere a grande velocidade de Joaquin Tuculet e Santiago Cordero tentando furar a defesa na linha sul-africana que apresentava grandes dificuldades.

 

 

The Rugby Championship

The Rugby Championship

1ª rodada

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07h05 – Austrália x Nova Zelândia, em Sydney – ESPN+ AO VIVO

Árbitro: Jaco Peyper (África do Sul) / Assistentes: Romain Poite (França) e Federico Anselmi (Argentina) / TMO: Shaun Veldsman (África do Sul)

 

Nova Zelândia: 15 Israel Dagg, 14 Ben Smith, 13 Malakai Fekitoa, 12 Ryan Crotty, 11 Waisake Naholo, 10 Beauden Barrett, 9 Aaron Smith, 8 Kieran Read (c), 7 Sam Cane, 6 Jerome Kaino, 5 Sam Whitelock, 4 Brodie Retallick, 3 Owen Franks, 2 Nathan Harris, 1 Wyatt Crockett.

Suplentes: 16 Codie Taylor, 17 Kane Hames, 18 Charlie Faumuina, 19 Liam Squire, 20 Ardie Savea, 21 TJ Perenara, 22 Aaron Cruden, 23 Julian Savea;

 

Austrália: 15 Israel Folau, 14 Adam Ashley-Cooper, 13 Tevita Kuridrani, 12 Matt Giteau, 11 Dane Haylett-Petty, 10 Bernard Foley, 9 Will Genia, 8 David Pocock, 7 Michael Hooper, 6 Ben McCalman, 5 Rob Simmons, 4 Kane Douglas, 3 Sekope Kepu, 2 Stephen Moore, 1 Scott Sio

Suplentes: 16 Tatafu Polota-Nau, 17 James Slipper, 18 Allan Alaalatoa, 19 Dean Mumm, 20 Scott Fardy, 21 Nick Phipps, 22 Matt Toomua, 23 Rob Horne

 

Histórico: 155 jogos, 106 vitórias da Nova Zelândia, 42 vitórias da Austrália e 7 empates. Último jogo: Nova Zelândia 34 x 17 Austrália, em 2015 (Final da Copa do Mundo);

 

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12h05 – África do Sul x Argentina, em Nelspruit – Watch ESPN AO VIVO ; VT segunda-feira às 20h00 na ESPN+

Árbitro: Glen Jackson (Nova Zelândia) / Assistentes: Jérôme Garcès (França) e Ben O’Keefe (Nova Zelândia) / TMO: George Ayoub (Austrália)

 

África do Sul: 15 Johan Goosen, 14 Ruan Combrinck, 13 Lionel Mapoe, 12 Damian de Allende, 11 Bryan Habana, 10 Elton Jantjies, 9 Faf de Klerk, 8 Warren Whiteley, 7 Teboho Mohoje, 6 Francois Louw, 5 Lood de Jager, 4 Eben Etzebeth, 3 Julian Redelinghuys, 2 Adriaan Strauss (c) , Tendai Mtawarira

Suplentes: 16 Bongi Mbonambi, 17 Steven Kitshoff, 18 Vincent Koch, 19 Pieter-Steph du Toit, 20 Jaco Kriel, 21 Rudy Paige, 22 Juan de Jongh, 23 Jesse Kriel

 

Argentina: 15 Joaquin Tuculet, 14 Santiago Cordero, 13  Matías Orlando, 12 Juan Martin Hernandez, 11 Manuel Montero, 10 Nicolás Sánchez, 9 Martín Landajo, 8 Facundo Isa, 7 Juan Manuel Leguizamon, 6 Pablo Matera, 5 Tomas Lavanini, 4 Matías Alemanno, 3 Ramiro Herrera, 2 Augustín Creevy (c), 1 Nahuel Tetaz Chaparro

 

 

Suplentes: 16 Julian Montoya, 17 Felipe Arregui, 18 Enrique Pieretto, 19 Guido Petti, 20 Javier Ortega Desio, 21 Tomas Cubelli, 22 Santiago Gonzalez Iglesias, 23 Ramiro Moyano

 

 

Histórico: 22 jogos, 20 vitórias da África do Sul, 1 vitória da Argentina e 1 empate. Último jogo: África do Sul 24 x 13 Argentina, em 2015 (Decisão do 3º lugar da Copa do Mundo);

 

*Horários de Brasília