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O Portal do Rugby teve a oportunidade de conversar com o treinador Scott Robertson do Brasil e também com alguns jogadores ao fim do jogo entre Brasil e Argentina, confira as declarações dos Tupis:

 

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Scott, qual a avaliação geral que você faz da atuação do Brasil na partida contra a Argentina?

Scott “Razor” Robertson: estou muito orgulhoso dos jogadores,  o esforço de cada um foi enorme, não considerando o placar provavelmente foi o maior esforço que a equipe teve no campeonato. Perdemos umas três ou quatro chances de marcar e nos defendendo com paixão, mas no momento eles ainda estão em um nível acima de nós.

 

E qual o balanço geral que você faz do torneio? Entre os pontos positivos e negativos.

Scott Robertson: Chegamos com grande expectativas de que teríamos uma performance melhor, mas com todas as lesões que tivemos antes mesmo do campeonato começar isso se tornou mais difícil, e o que podemos tirar de bom é que trouxemos um time muito novo e que esses jogadores tiveram a oportunidade de ter uma experiência de alto nível de rugby.

Nosso objetivo principal era conseguir o que nenhum time brasileiro fez, que era ganhar um jogo, a gente tinha uma chance genuína contra o Chile, mas nossos jogos de preparação não foram duros o suficiente. O ponto máximo para nós foi o nosso esforço de hoje que era o de nunca desistir.

 

Nativo, e sua avaliação geral da atuação do Brasil nessa partida?

Daniel “Nativo” Danilewicz: eu concordo com as palavras do treinador, nosso objetivo hoje era deixar tudo em campo e a gente fez isso; criamos oportunidades de marcar ponto mas não conseguimos fazer, A gente brigou no ruck, brigou no scrum, brigou no line, é isso que vejo, estou muito feliz com o time.

 

E a avaliação geral do Brasil no Campeonato Sul-americano?

Nativo: Concordo com o que o Scott falou também nesse ponto, eu contei ao longo disse tempo que a gente tava aqui, foram pelo menos 11 ou 12 jogadores com experiência, com grande liderança no grupo que não puderam estar com a gente por lesão. No caso do Ige foi pelo filho dele que nasceu, Acho que tudo isso fez com que não estivéssemos tão forte em relação aos outros times.

Acho que no jogo contra o Chile a gente se esforçou, cada um deu o seu melhor mas infelizmente a gente não obteve o resultado esperado. Contra o Uruguai, acho que, pelos jogos que a gente fez no ano passado, estávamos esperando um Uruguai diferente desse que se apresentou contra a gente, e quando tomamos a primeira pancada sentiu e demorou um pouco para voltar, acho que foi isso que aconteceu.

Mas, enfim, de uma maneira geral o que eu tiro de positivo desse Sul-Americano é a quantidade de novos jogadores que apareceram, que estão no caminho para chegar lá e brigar por posições em um futuro bem próximo, acredito que há alguns anos atrás teria sido muito pior com esse numero de baixas que tivemos. Conseguimos nos nivelar, fomos para a frente, não desistimos nunca e em alguns momentos fomos protagonistas do jogo.

 

Careca, o Brasil chegou perto de pontuar muitas vezes mas não foi efetivo, como você avalia o desempenho da linha do Brasil nesse jogo?

Allan “Careca” Josefh: Acho que a gente conseguiu manter o padrão, que era o que tínhamos por objetivo, no meu caso especialmente, fazem seis meses que não jogo XV, estou voltando de lesão, acho que consegui manter também o padrão. Não conseguimos finalizar por alguns erros, é verdade, mas a gente está construindo um futuro, construindo um objetivo e esse objetivo vem devagar, não é de hoje para amanhã. Aos poucos estamos conseguindo manter o padrão e aos poucos a gente vai chegando ao objetivo de surpreender e vencer Chile e Uruguai, e até em uma dessas, a Argentina.

 

Abud, o scrum do Brasil passou por um sufoco nos últimos dois jogos, hoje nosso scrum teve uma outra postura, mais presente, mais ofensivo, enfim, qual foi a mudança no scrum brasileiro nesse jogo?

Lucas Abud: Acho que, para começar, a gente jogou melhor porque a gente não teve pressão, jogamos para tirar essa imagem que deixamos nesses últimos dois jogos e, sem pressão nenhuma,conseguimos fazer os padrões de jogo, jogar bem no scrum e foi muito bom, apesar do placar, jogamos de igual para igual, conseguir fazer os padrões, atacar e defender e foi bom no final.

 

 

Gregg, o Brasil teve uma postura muito melhor nessa partida em relação ao jogos contra o Chile e Uruguai, o que mudou na postura geral do Brasil nessa partida?

Daniel Gregg: entrams com a cabeça mais tranquila, porque sabiamos que ia ser o jogo muito mais difícil. Entramos sem nada a perder, com uma mentalidade de fazer o que tem que fazer aquilo que tínhamos ter feito contra o Chile e Uruguai. Mas acho que já era um resultado que esperávamos, não o placar mas o resultado, então a gente jogou sem responsabilidade e isso deixou o time mais solto e melhor preparado psicologicamente para esse jogo que sabíamos que seria mais pegado e difícil.

 

 

O Portal do Rugby teve também a oportunidade de conversar com Sami Arap, Presidente da CBRu. Sami destacou os pontos positivos e negativos do campeonato e também falou um pouco dos planos da CBRu para o rugby brasileiro, confira:

Sami, como a CBRu enxega esse Sul-Americano para o Brasil, os progressos, as conquistas, os problemas e as dificuldades, enfim, qual o balanço geral da CBRu neste torneio?

Sami Arap (Presidente da CBRu): uma coisa fica clara para a CBRu, a gente tem que ampliar a base dos jogadores de elite. Hoje, temos um grupo muito pequeno, uma mescla de jogadores mais velhos e mais jovens mas a base é muito pequena, então o primeiro trabalho que a confederação fez foi organizar as seleções brasileiras, de XV, de 7, masculina, feminina e as camadas menores de 20 anos que estão em desenvolvimento. A partir de agora o que deve ser feito é um trabalho junto aos clubes, principalmente os clubes do Super 10, que são os que alimentam o plantel da seleção brasileira.

Sendo assim, acho que uma das coisas que a confederação tem que olhar é: de que forma a gente pode ajudar os clubes a melhorar sua infraestrutura, a melhorar seus meios de identificação de atletas para colocar dentro de um processo de seleção a partir dos 15, 16, 19, 20 anos até chegar no adulto.

Em relação ao rendimento, eu acho que a gente fez uma preparação boa para o Sul-Americano. Temos alguns problemas, principalmente por lesão, se você parar para pensar que o calendário até nos prejudicou, mas isso não é desculpa, é uma realidade. Os atletas do 7s que vinham lesionados do Rio 7s foram no sacrifício para Hong Kong, voltaram no começo de abril. Nessa mesma época, tinhamos uma seleção de XV, que é basicamente a seleção que está aqui, voltando de La Plata também com jogadores lesionados e ainda tivemos os amistosos contra o México, nos quais o Vitor, segunda linha, se machucou, e o Portugal, que era o capitão, também se machucou. E tivemos ainda mais algumas infelicidades. Então, para o Sul-Americano, conseguimos trazer não o melhor do rugby brasileiro, mas o melhor do grupo de elite que não estava lesionado.

Eu acho que o rendimento dos atletas contra o Chile foi muito bom, muitos erros de passe e se você estudar o placar. O Brasil teve varias oportunidades de try ou de jogadas de try onde o Chile jogou tudo o que sabia mas o Brasil não jogou. Acho que o resultado poderia ter sido melhor. Contra o Uruguai, eu particularmente fiquei decepcionado, acho que os jogadores estão decepcionados e a comissão técnica também, e fizeram uma auto-análise, pois contra o Uruguai o Brasil não jogou bem, não se apresentou bem.

Já contra a Argentina eu acho que houve um trabalho de recuperação principalmente moral dos jogadores. Que os jogadores saibam que quando eles estão em campo eles estão jogando pelo seu país, pela sua família, pelo seu companheiro e eu gostei do que eu vi hoje, apesar de ser 83 pontos de diferença. Foram 83 pontos jogados durante os 80 minutos de jogo, a Argentina em momento algum tirou o pé do acelerador, o Brasil defendeu muito, atacou muito, tackleou muito na ida e na volta então foram 83 pontos suados, diferente do jogo entre Argentina e Chile, quando o Chile jogou desleixado e a Argentina tirou o pé do acelerador.

Essa equipe da Argentina de hoje me deixa com uma certa felicidade pois são caras que voltaram da África do Sul agora, é basicamente a equipe juniores, os Pumitas, e vão agora para o Campeonato Mundial. Na verdade, é uma equipe muito forte. Não podemos esquecer: são 83 pontos de uma equipe de Tier 1, o Brasil é o 33º.

A lição que a gente leva desse Sul-Americano é: tem que aumentar a base dos jogadores de elite, a base de jogadores vem dos clubes. A CBRu agora tem que se aproximar dos clubes e ver de que forma podemos ajudá-los. Dessa ajuda aos clubes, talvez a gente consiga melhorar a infra estrutura dos campeonatos e criar uma estrutura melhor de clubes pois são eles que vão alimentar os atletas de elite para a gente.

 

E quais os planos das seleções do Brasil ainda para esse ano?

Sami Arap: cumprimos a tabela oficial de 7s e XV, salvo a seleção feminina que joga a Série Mundial. Os jogadores das seleções serão devolvidos aos seus clubes de origem. Entre os dias 18 e 25 de maio, CBRu e Crusaders terão uma reunião de planejamento, na qual vamos fazer o planejamento estratégico de preparação para 2014, 2015 e 2016 ao longo de três dias.

Nessa reunião, nós vamos fazer a identificação das premissas das seleções de 7s masculina e feminina, da seleção de XV adulta e das categorias de base, inclusive o calendário de eventos, entre eles os jogos oficiais, turnês ou torneios independentes que nós queiramos jogar; então, eu imagino que até o começo de junho, antes do começo do Super 10, toda a comunidade vai ter acesso ao planejamento das seleções, sejam elas de 7s ou de XV.