Tempo de leitura: 5 minutos

ARTIGO COM VÍDEO – “Eu já sabia”? Não dá para dizer isso, não é? Neste domingo, a Austrália garantiu sua passagem para a grande final da Copa do Mundo, no próximo dia 31, contra a Nova Zelândia, no grande clássico da Oceania, que decidirá quem será o primeiro tricampeão do mundo. O favoritismo neste domingo era da Austrália, campeão do Rugby Championship de 2015, mas a Argentina impressionara durante a Copa do Mundo inteira e chegou às semifinais com claras chances de ir à decisão, ainda mais com os Wallabies exaustos por uma maratona que incluiu o grupo da morte do Mundial na primeira fase e uma vitória na bacia das almas sobre a Escócia nas quartas. No fim, deu a lógica, com os aussies fazendo quatro tries sem resposta e 29 x 15 no marcador, mas Los Pumas passaram 70 minutos no páreo e quase fizeram história. Com a derrota, a Argentina se prepara para buscar igualar seu terceiro lugar de 2007, enfrentando a África do Sul na próxima sexta.

 

A partida começou trágica para os Pumas, com Rob Simmons interceptando passe telegrafado de Nico Sánchez logo a 1′ de jogo. O try não abalou o esquema tático argentino, e os comandados de Daniel Hourcade seguiram apostando em um jogo aberto, de muitos passes e velocidade. A resposta veio logo, com Juan Martín Hernández dando lindo passe a Marcelo Bosch aos 5′, permitindo a infiltração do centro, seguida de penal, que Sánchez não desperdiçou. 7 x 3.

- Continua depois da publicidade -

 

Porém, a Argentina começara nervosa e o excesso de jogo de mãos se provou um erro contra os Wallabies. Aos 9′, o erro argentino deu a posse para os australianos no ataque e Bernard Foley mostrou sua categoria desferindo passe longo perfeito para Adam Ashley-Cooper, que cravou o segundo try dourado no jogo.

 

A Argentina não se abalou, mostrou qualidade no lateral roubando alinhamento australiano pouco depois, enquanto os australianos mostravam a qualidade de seu jogo de fases apoiado em sua terceira linha. Aos 23′, a Austrália cedeu penal – e a indisciplina foi ponto preocupante do lado Wallaby no jogo – e Sánchez foi preciso, reduzindo para 14 x 6. Contudo, os Pumas sofreriam novo revés, com Lavanini recebendo amarelo aos 25′ por tackle sem os braços. A Austrália apostou no chute para a lateral, mas a defesa argentina falou mais alto e depois o pack sul-americano prevaleceu no scrum no campo de defesa.

 

Com um homem a mais, os espaços sorriam para a Austrália e, aos 31′, o golpe veio, com Will Genia trabalhando a bola de um lado ao outro do campo até Matt Giteau serviu Ashley-Cooper para seu segundo try na partida. A conversão, no entanto, foi perdida e antes de Lavanini voltar a Argentina ganhou novo penal que Sánchez converteu, reduzindo o prejuízo (apenas 2 pontos de défcit com 14 homens em campo). No fim, Hernández ainda levou perigo mas o passe para Tuculet não saiu na hora certa. 19 x 9 na ida aos vestiários.

 

A primeira chance no segundo tempo esteve nos pés de Foley, com penal aos 42′, mas o abertura australiano não foi feliz no chute. O troco foi imediato e Sánchez adicionou mais três pontos em penal para os Pumas três minutos mais tarde, ganho a partir do scrum. Mas, Foley respondeu prontamente e acertou nova chance aos 48′. O jogo ficou mais físico, com menos espaços e quem falou mais alto foi a terceira linha australiana, que esteve impecável, roubando bolas e mais bolas no contra-ruck. A Argentina, por outro lado, viu nas formações seu ponto mais forte e, aos 55′, o lateral foi transformado em maul e o colapso da formação deu a Sánchez nova chance de pontuar, chutando com precisão mais três pontos. Austrália 22 x 15 Argentina, e muito jogo pela frente com apenas um try convertido de diferença.

 

A resposta australiana ao penal de Sánchez foi longa sequência de fases e tentativa de drop goal de Foley, mas sem sucesso, aos 60′. Israel Folau seguiu levando perigo à defesa sul-americana, enquanto David Pocock seguiu implacável nos tackles e no breakdown, crescendo nos minutos finais e barrando as tentativas ofensivas da Argentina, que não achava mais espaço para jogar. Sua temível linha estava perigosamente domada. Aos 72′, veio o golpe fatal. E foi com a experiência do veterano Drew Mitchell, que mostrou o motivo da mudança de regras a política de convocações da Austrália para tê-lo no elenco. Mitchell arrancou, deixou oito argentinos para trás e serviu brilhantemente Ashley-Cooper, que voou para seu hat-trick na semifinal. Momento maiúsculo dos Wallabies, com seus veteranos brilhando.

 

A Argentina acabou o jogo com mais posse de bola, 55%, sendo 60% no segundo tempo, além de 63% de território a seu favor. Sem scrum foi perfeito, roubando duas formações australianas e, apesar do amarelo, os Pumas tiveram que cometer apenas metade dos penais que os Wallabies fizeram. Porém, a defesa australiana foi inquebrantável e seu ataque matador na hora que a experiência de homens como Giteau, Mitchell e Ashley-Cooper falou mais alto. 29 x 15, números finais e quarta final de Copa do Mundo para o currículo dos Wallabies.

 

A Austrália parte em busca do tricampeonato e fará uma final inédita contra a Nova Zelândia, com um detalhe: todos os dois títulos mundiais da Austrália foram conquistados na Europa (1999, no próprio estádio de Twickenham, palco da final de 2015, e 1999, em Cardiff), enquanto a Nova Zelândia venceu seus dois Mundiais jogando em casa (1987 e 2011). Para a Argentina, fica a certeza que, com um grupo jovem nas mãos e mais quatro temporadas de Super Rugby pela frente até a próxima Copa do Mundo, Los Pumas chegarão ainda mais fortes a 2019.

 

Wallabies copy29versus copiar15UAR_copy_copy.jpg

Austrália 29 x 15 Argentina, em Twickenham, Londres

Árbitro: Wayne Barnes (Inglaterra)

Assistentes: Jaco Peyper (África do Sul) e George Clancy (Irlanda) / TMO: Ben Skeen (Nova Zelândia)

 

Argentina

Penais: Sánchez (5)

15 Joaquin Tuculet, 14 Santiago Cordero, 13 Marcelo Bosch, 12 Juan Martin Hernandez, 11 Juan Imhoff, 10 Nicolas Sanchez, 9 Martin Landajo, 8 Leonardo Senatore, 7 Juan Martin Fernandez Lobbe, 6 Pablo Matera, 5 Tomas Lavanini, 4 Guido Petti, 3 Ramiro Herrera, 2 Agustin Creevy (c), 1 Marcos Ayerza.

Suplentes: 16 Julian Montoya, 17 Lucas Noguera Paz, 18 Juan Figallo, 19 Matias Alemanno, 20 Facundo Isa, 21 Tomas Cubelli, 22 Jeronimo de la Fuente, 23 Lucas Gonzalez Amorosino.

 

Austrália

Tries: Ashley-Cooper (3) e Simmons

Conversões: Foley (3)

Penais: Foley (1)

15 Israel Folau, 14 Adam Ashley-Cooper, 13 Tevita Kuridrani, 12 Matt Giteau, 11 Drew Mitchell, 10 Bernard Foley, 9 Will Genia, 8 David Pocock, 7 Michael Hooper, 6 Scott Fardy, 5 Rob Simmons, 4 Kane Douglas, 3 Sekope Kepu, 2 Stephen Moore (c), 1 James Slipper.

Suplentes: 16 Tatafu Polota-Nau, 17 Toby Smith, 18 Greg Holmes, 19 Dean Mumm, 20 Sean McMahon, 21 Nick Phipps, 22 Matt Toomua, 23 Kurtley Beale.