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A foto que ilustra este artigo é uma meia verdade. França e Irlanda duelarão neste final de semana em Paris no último jogo da temporada 2014 do Six Nations, que chega emocionantemente a seu fim. Franceses e irlandeses chegaram à última rodada empatados em números de pontos, 6, com a Irlanda levando ampla vantagem no saldo de pontos (+81), contra os apenas +6 do saldo da França.

Contudo, empatada em pontos com irlandeses e franceses está a Inglaterra, que enfrentará no primeiro jogo da rodada a Itália, fora de casa, com um olho na taça. Com saldo de +32 e podendo ampliá-lo ainda mais diante do lanterna do certame, a Inglaterra precisará de uma vitória contra a Itália que lhe garanta um saldo de pontos maior que o do vencedor de França x Irlanda para ser campeã. Uma conta simples que levará à agonia o torcedor inglês, obrigado a aguardar pelo jogo de Paris.

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Para as esperanças dos ingleses, franceses e irlandeses têm um longo histórico de empates, expressivos 7, incluindo os jogos de 2013 e 2012, o que, caso se repita, daria o título aos ingleses, caso estes vençam a Itália. Uma derrota inglesa em Roma (inédita, por a Inglaterra é o único time europeu que a Itália jamais derrotou) significaria que o título seria do vencedor de França x Irlanda. Para os franceses, o pequeno saldo de pontos atual fará com que uma vitória italiana seja quase imprescindível para que o título seja francês, pois dificilmente a França irá vencer a Irlanda por uma diferença tão grande como 30 ou 40 pontos (dependendo do placar de Itália x Inglaterra). Para os irlandeses, uma vitória inglesa por menos de 50 pontos de diferença significaria que uma vitória simples sobre a França garantiria o título à Irlanda.

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Inglaterra em busca de pontos, muitos pontos

O sábado do Six Nations começa com um duelo promissor, valendo a taça para um time e a quebra de um tabu para o outro. A Inglaterra viajará a Roma para enfrentar a Itália precisando vencer de qualquer maneira para seguir sonhando com o título, que só será garantido ou perdido após a última partida do dia entre franceses e irlandeses. Já a Itália quer apenas fugir da colher-de-pau e vencer pela primeira vez na história a Inglaterra. Seria a reviravolta na hora certa para os italianos, para irem ao Mundial confiantes de quem podem mais do que seus resultados sugerem.

Para o duelo de tudo ou nada, a Inglaterra apostou no time que mostrou grande forma diante de Gales na rodada passada. A Rosa não sofreu nenhuma alteração no XV titular, com seu scrum dominante e sua linha implacável mantidos em forma cada vez mais apurada. A novidade está no banco e é ainda mais animadora: o retorno do centro Manu Tuilagi. A Itália, por sua vez, terá o retorno de Parisse, mas perdeu Castrogiovanni, gerando dúvidas sobre a forma de sua primeira linha para o duelo. Tradicionalmente muito forte nas formações, a Itália penou nos últimos jogos no setor, o que poderá voltar a ocorrer no jogo final.

A dinâmica do jogo é previsível. A Inglaterra partirá para o ataque com muita força desde o primeiro minuto em busca de muitos tries, mas se abrirá para o contra-ataque. A Itália poderá explorar os espaços se conseguir ter algum controle no breakdown – o que com Parisse em campo é possível – e explorar a velocidade de homens como Campagnaro, Sarto e Esposito. Tudo vai depender da forma defensiva dos italianos, que foram muito mal contra a Irlanda, mas muito bem na estreia contra Gales. Os Azzurri precisarão da inspiração de algumas semanas atrás para frustrar as investidas inglesas e segurar o placar, jogando com a ansiedade a seu favor. Para a Rosa, se a porta se abrir logo no início, a tendência é que uma avalanche de tries se torne plausível, pois a Itália tem em seu histórico a desestruturação completa de sua defesa bem frequente quando a situação se deteriora. Dois tries no início garantirão isso aos ingleses. 

 

Gales e Escócia pela honra

Entre os dois jogos decisivos, Gales e Escócia duelam em partida que não terá muito mais em jogo. Os galeses já não podem mais ser campeões, enquanto os escoceses só correm o risco de terminarem com a colher-de-pau caso os italianos vençam e tirem a diferença do saldo de pontos (hoje, -43 da Escócia e -68 da Itália).

Jogando em casa, Gales terá a vantagem e a missão de convencer seu torcedor, que ficou preocupado com o desempenho vermelho diante da Inglaterra. Os galeses aproveitaram o jogo contra os escoceses para alguns testes, como a mudança na parelha scrum-half e abertura, com Phillips ganhando nova chance ao lado de Biggar. Se a dupla não funcionar diante da Escócia, dificilmente fará melhor no ano que vem.

Já os escoceses buscarão uma partida convincente, apostando sobretudo que a dupla de 9 e 10, Laidlaw e Weir, deslanche. Com a estreia de outro ponta promissor, Dougie Fife, o Cardo tem a chance de provar que pode mais no ano que vem se fizer uma grande apresentação em Cardiff. Com Gales talvez pecando em termos de foco, essa aparece como uma boa oportunidade.

 

Paris vai tremer na despedida de BOD

Muita emoção à vista no Stade de France, com o jogo decisivo entre França e Irlanda, que se despedirá de Brian O’Driscoll. O adeus à seleção do ídolo poderá ser acompanhado de título para a Irlanda, que comemoraria sua segunda taça com a mão de BOD.

Para os Verdes, uma simples vitória poderá bastar caso a Inglaterra não massacre a Itália, mas a Irlanda não vence a França desde 2009, acumulando 11 derrotas, 2 empates e só 2 vitórias nos últimos 15 confrontos. Para piorar, a Irlanda não vence a França na França desde 2000 (quando BOD fez um hat-trick), o que aumenta as preocupações do Trevo para o duelo – e anima a Inglaterra, que deve se beneficiar de uma vitória francesa. Na verdade, o ttriunfo de 2000 foi o único até hoje da Irlanda em Parisna competição. 

O fator emocional da despedida de O’Driscoll poderá favorecer a Irlanda, que ainda teve mais um ganho: a volta do fenomenal asa Peter O’Mahony, que tornará a terceira linha e o jogo de base da Irlanda ainda mais poderosos, claramente em vantagem sobre a França. Com os Bleus errando muito no jogo parado, sobretudo nos laterais, a chance da Irlanda falar mais alto com o domínio dos rucks e a manutenção da posse de bola é grande. Contando ainda com os cultuados Heaslip e Henry, a Irlanda tornará infernal a vida de Lapandry, Chouly (que ainda não se firmaram no time) e Picamoles (a grande esperança francesa, caso jogue o seu melhor rugby em resposta à suspensão recebida do próprio treinador). O fatoda FFrança ser o time que mais cedeu turnovers assusta seu torcedor contra a terceira linha que mais roubou bolas no torneio. Já na segunda linha, a vantagem parece irlandesa, com O’Connell dominando os ares, enquanto o embate na primeira linha dos trios Healy, Best e Ross, de verde, Mas, Szarzewski e Domingo, de azul, poderá ser também decisivo, sobretudo se a Irlanda levar vantagem, como é esperado pelo destempero mostrado pelos Bleus no scrum. 

Liberado pelo departamento médico, Conor Murray fará uma sólida parelha criativa com Jonny Sexton, ao passo que a França terá problemas nas camisas 9 e 10, com Saint-André apostando na troca de Plisson por Talès, que jogará ao lado de Machenaud (que, apesar de ter se saído bem quando entrou, ainda tem muito a provar). A batalha na linha será mais parelha, com a França mostrando grande qualidade, sobretudo com a entrada do jovem Fickou no centro e com o retorno de Médard à ponta, já que ambos farão de tudo para encerrarem o Six Nations em alta e com lugar no time titular. O maior perigo azul, contudo, vem de Yoann Huget, cada vez melhor e sempre muito oportunista, pronto para explorar qualquer vacilo do Trevo. Do lado irlandês, a dupla O’Driscoll e D’Arcy estará junta pela última vez e promete uma despedida de gala, contando ainda com a boa forma dos irmãos Kearney e de Trimble.

A Irlanda joga para coroar uma geração, a França para calar os críticos. Quem triunfará na Cidade Luz? Faça suas apostas, a sorte está lançada!

 

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RBS Six Nations Championship 2014 – Seis Nações

*Horários de Brasília

4ª rodada

Sábado, dia 15 de março

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09h30 – Itália x Inglaterra, em Roma

Árbitro: Pascal Gaüzère (França)

Itália: 15 Luke McLean, 14 Angelo Esposito, 13 Michele Campagnaro, 12 Gonzalo Garcia, 11 Leonardo Sarto, 10 Luciano Orquera, 9 Tito Tebaldi, 8 Sergio Parisse, 7 Robert Barbieri, 6 Joshua Furno, 5 Marco Bortolami, 4 Quintin Geldenhuys, 3 Lorenzo Cittadini, 2 Leonardo Ghiraldini, 1 Matias Aguero.

Suplentes: 16 Davide Giazzon, 17 Michele Rizzo, 18 Alberto de Marchi, 19 George Fabio Biagi, 20 Paul Derbyshire, 21 Edoardo Gori, 22 Tommaso Allan. 23 Andrea Masi.

Inglaterra: 15 Mike Brown, 14 Jack Nowell, 13 Luther Burrell, 12 Billy Twelvetrees, 11 Jonny May, 10 Owen Farrell, 9 Danny Care, 8 Ben Morgan, 7 Chris Robshaw, 6 Tom Wood, 5 Courtney Lawes, 4 Joe Launchbury, 3 David Wilson, 2 Dylan Hartley, 1 Joe Marler.

Suplentes: 16 Tom Youngs, 17 Mako Vunipola, 18 Henry Thomas, 19 David Attwood, 20 Tom Johnson, 21 Lee Dickson, 22 George Ford, 23 Manu Tuilagi.

Histórico: 19 jogos e 19 vitórias da Inglaterra. Último jogo: Inglaterra 18 x 11 Itália.

 

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11h45 – Gales x Escócia, em Cardiff

Árbitro: Jérôme Garcès (França)

Gales: 15 Liam Williams, 14 Alex Cuthbert, 13 Jonathan Davies, 12 Jamie Roberts, 11 George North, 10 Dan Biggar, 9 Mike Phillips, 8 Taulupe Faletau, 7 Sam Warburton, 6 Dan Lydiate, 5 Alun-Wyn Jones, 4 Luke Charteris, 3 Rhodri Jones, 2 Ken Owens, 1 Gethin Jenkins.

Suplentes: 16 Richard Hibbard, 17 Paul James, 18 Adam Jones, 19 Jake Ball, 20 Justin Tipuric, 21 Rhodri Williams, 22 Rhys Priestland, 23 James Hook.

Escócia: 15 Stuart Hogg, 14 Dougie Fife, 13 Alex Dunbar, 12 Matt Scott, 11 Max Evans, 10 Duncan Weir, 9 Greig Laidlaw, 8 Dave Denton, 7 Kelly Brown (c), 6 Ryan Wilson, 5 Jim Hamilton, 4 Richie Gray, 3 Geoff Cross, 2 Scott Lawson, 1 Ryan Grant

Suplentes: 16 Ross Ford, 17 Al Dickinson, 18 Euan Murray, 19 Tim Swinson, 20 Al Strokosch, 21 Chris Cusiter, 22 Duncan Taylor, 23 Jack Cuthbert

Histórico: 118 jogos, 67 vitórias de Gales, 48 vitórias da Escócia e 3 empates. Último jogo: Escócia 18 x 28 Gales.

 

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14h00 – França x Irlanda, em Paris

Árbitro: Steve Walsh (Austrália)

França: 15 Brice Dulin, 14 Yoann Huget, 13 Mathieu Bastareaud, 12 Gaël Fickou , 11 Maxime Médard, 10 Remi Tálès, 9 Maxime Machenaud, 8 Damien Chouly, 7 Alexandre Lapandry, 6 Louis Picamoles, 5 Yoann Maestri, 4 Pascal Papé, 3 Nicolas Mas, 2 Dimitri Szarzewski, 1 Thomas Domingo.

Suplentes: 16 Guilhem Guirado, 17 Vincent Debaty, 18 Rabah Slimani, 19 Alexandre Flanquart, 20 Sébastien Vahaamahina, 21 Wenceslas Lauret, 22 Jean-Marc Doussain, 23 Maxime Mermoz.

Irlanda: 15 Rob Kearney, 14 Andrew Trimble, 13 Brian O’Driscoll, 12 Gordon D’Arcy, 11 Dave Kearney, 10 Jonathan Sexton, 9 Conor Murray, 8 Jamie Heaslip, 7 Chris Henry, 6 Peter O’Mahony, 5 Paul O’Connell (c), 4 Devin Toner, 3 Mike Ross, 2 Rory Best, 1 Cian Healy.

Suplentes: 16 Sean Cronin, 17 Jack McGrath, 18 Martin Moore, 19 Iain Henderson, 20 Jordi Murphy, 21 Eoin Reddan, 22 Ian Madigan, 23 Fergus McFadden

Histórico: 91 jogos, 55 vitórias da França, 29 vitórias da Irlanda e 7 empates. Último jogo: França 17 x 17 Irlanda.

 

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