É ano olímpico! Em 2016, Fiji levou a melhor no Rio no torneio masculino. E agora em Tóquio?

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ARTIGO COM VÍDEOS – Recordes, tabus e jejuns quebrados. O rugby viveu de tudo neste 2016, ano de Jogos Olímpicos, que finalmente, depois de muitos anos de espera, voltaram a ter a ovalada em ação. Ano também de novidades nas Américas, com o lançamento do Americas Rugby Championship, a estreia dos Jaguares no Super Rugby e a primeira liga profissional dos Estados Unidos sendo criada (o PRO Rugby). Mas, muito mais rolou ainda nos gramados pelo mundo. Então, vamos à nossa Retrospectiva 2016 do Rugby Internacional em 10 tópicos?

 

Do inferno para o céu: a Inglaterra campeã e imbatível de Eddie Jones

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Se 2015 foi um ano terrível para a Inglaterra, que caiu na primeira fase da Copa do Mundo jogada em sua casa, 2016 foi um dos maiores anos da história da Rosa. Sob o comando do novo treinador Eddie Jones, a Inglaterra se tornou a primeira seleção europeia na era profissional do rugby a acabar um ano sem ser derrotada.

 

A história começou com o Six Nations e uma campanha irrepreensível que deu aos ingleses seu primeiro título desde 2011 e seu primeiro Grand Slam desde 2003. Depois, os ingleses viajaram à Austrália e pela primeira vez na história venceram todos os três jogos de uma série contra os Wallabies, impondo aos australianos a primeira tripla derrota em uma série de junho. Um troco com juros e correção depois da derrota para os Wallabies na Copa do Mundo. Para completar o ano imbatível, os ingleses fecharam 2016 com mais quatro vitórias em novembro (incluindo a quarta vitória sobre a Austrália no ano… isso porque Eddie Jones é australiano!).

 

Saracens: o outro time a ser batido na Europa

Outro inglês também viveu uma temporada perfeita: o Saracens. O gigante londrino cumpriu com as ambições que há muito o norteavam e comandado pelo técnico Mark McCall e guiado por uma geração brilhante de Owen Farrell, Maro Itoje, Brad Barritt, os irmãos Vunipola, entre outros, faturou pela primeira vez em sua história a Champions Cup, a Copa Europeia, vencendo na grande final o poderoso Racing, da França, de Dan Carter. Uma final sem tries em Lyon, mas com taça inglesa, 21 x 09.

 

Dois fins de semana depois (tudo em maio), o Saracens reafirmou sua superioridade e faturou pela terceira vez em sua história o título da Aviva Premiership, o Campeonato Inglês, vencendo por emocionantes 28 x 20 o Exeter Chiefs, que chegava à final pela primeira vez, com um conjunto jogando o fino da bola.

 

Racing e os 99 mil

Mas, e o Racing? Os parisienses também haviam investido pesado para a temporada e não saíram de mãos abanando não. O clube do melhor do mundo Dan Carter, do herói Joe Rokocoko (autor do único try da final) e do melhor do ano Johan Goosen (que viria a ser notícia no fim de ano…) conquistou seu primeiro título na era profissional – e o sexto de sua história, sendo o primeiro desde 1990 – com uma grande vitória sobre o Toulon, 29 x 21, em duelo de clubes milionários. Para chegar à decisão, o Racing havia derrotado na prorrogação, em jogo épico, o Clermont, melhor time da temporada regular na França, mas que naufragou de novo no mata-mata.

 

Contudo, o destaque maior talvez tenha ficado mesmo foi com o palco da decisão. Por conta do Campeonato Europeu de Futebol, sediado em junho na França, a final do Top 14 teve que ser fora de Paris. E o palco escolhido foi o grandioso Camp Nou, em Barcelona. E a Espanha entrou para a história do rugby com a quebra do recorde mundial de público para uma partida de clubes: 99.124 torcedores viram o duelo dos galáticos.

 

Connacht, o “Leicester City” do rugby

O PRO12, a Liga Ítalo-Celta, também ganhou as manchetes em maio e por um feito que poucos esperavam. Menor das quatro províncias da Irlanda, o Connacht tem uma história inteira na liga jogando sempre na parte de baixo da tabela, sem jamais sequer ter alcançado as semifinais da competição. Em 2015-16, a revolução verde aconteceu na Irlanda, com o Connacht, comandado pelo técnico neozelandês Pat Lam (que agora come de graça na região, certamente), alcançou a grande final do PRO12 e levantou a inédita taça vencendo na final o gigante irlandês Leinster, em um verdadeiro Davi contra Golias. Vitórias do Connacht por 20 x 10 e delírio em Galway para o novo “Leicester City” do rugby mundial (em alusão do título improvável do clube no futebol inglês).

 

Êta futuro promissor!

Em junho, o Mundial M20 ganhou espaço na Inglaterra e para reforçar um ano esplendoroso para o rugby da Terra da Rainha o título ficou com o time da casa, derrotando a Irlanda na grande final por 45 x 21. Era a primeira final da história da Irlanda na categoria, alcançada graças à primeira vitória da história do país sobre a Nova Zelândia, eliminando os Baby Blacks. No terceiro lugar, o assombro foi causado pela Argentina, que trucidou a África do Sul por 49 x 19. Sim, você está pensando, “hm, Irlanda vencendo Nova Zelândia e África do Sul naufragando? Era aperitivo para o adulto?”. Acabou sendo, sim.

 

Xô zica, Hurricanes finalmente campeão!

No Super Rugby, outro tabu chegou ao fim, com o Hurricanes, único time neozelandês que jamais havia sido campeão da grande liga do Hemisfério Sul, afastando a zica e festejando seu título inédito. Foi um campeonato quase perfeito da equipe da capital Wellington, que teve a melhor campanha da temporada regular, com 11 vitória e apenas 4 derrotas, e despachou no mata-mata o Sharks, por avassaladores 41 x 00, e o Chiefs, por irrepreensíveis 25 x 09, na semifinal, antes de encarar a sensação sul-africana do Lions, que voltava a uma decisão pela primeira vez na era profissional. Com Beauden Barrett, no fim do ano considerado o melhor jogador do mundo, em seu melhor, os ‘Canes bateram os Lions por 20 x 03 e soltaram um grito que estava entalado.

 

Uma temporada e tanto para o Super Rugby, que ainda viveu as estreias dos argentinos dos Jaguares e dos japoneses dos Sunwolves em sua primeira versão com 18 franquias.

 

Fiji e Austrália entram no Olimpo

E eis que chega agosto e o momento mais aguardado por todos no rugby mundial: a estreia do rugby sevens nos Jogos Olímpicos, com o épico Rio 2016, trazendo o Brasil o melhor do rugby mundial.

 

Entre dezembro e maio, Fiji, entre os homens, e a Austrália, entre as mulheres, haviam provado ao mundo que eram os melhores do seven-a-side, vencendo com muita categoria a Série Mundial de Sevens, masculina e feminina, respectivamente. Favoritos, ambos entraram em Deodoro com tudo para brilharem: e não desapontaram.

 

No feminino, Austrália, Nova Zelândia e Canadá fizeram jus ao favoritismo e conquistaram as medalhas. A grande final entre Austrália e Nova Zelândia foi épica, decidida no fim, e com Portia Woodman, ícone das neozelandesas, errando no fim da partida e caindo em comoventes lágrimas. Lágrimas aliás que marcaram um dos momentos mais lindos do Rio 2016, com a Nova Zelândia fazendo seu haka em meio ao choro, mas com muito orgulho. Charlotte Caslick, referência da Austrália, acabou levando o prêmio de melhor do mundo com muita justiça.

 

Depois, no masculino, Fiji passeou e não passou nem perto de tropeçar. Os comandados do técnico Ben Ryan foram perfeitos e a medalha de ouro, a primeira da história do país nos Jogos Olímpicos, foi arrebatada com vitória sobre a Grã-Bretanha. Já a medalha de bronze ficou com a África do Sul, do melhor do mundo Seabelo Senatla, vencendo a sensação Japão na decisão. É, os japoneses de novo chocaram o mundo, vencendo a Nova Zelândia na fase de grupos, em uma das grandes zebras da história do sevens mundial. Eles estão com tudo.


 

Caiu o tabu: dezoito vezes All Blacks!

Se no sevens o ano não foi bom para a Nova Zelândia, no XV foi de recordes! É difícil imaginar ser possível elevar o rugby para além do que os All Blacks já fazem, mas eles se superaram de novo, “deixando a camisa em um lugar mais alto de onde a pegou”, como pregam os neozelandeses. Neste ano, a Nova Zelândia quebrou sua própria marca e bateu o recorde mundial de vitórias consecutivas em jogos do primeiro escalão mundial, chegando a 18 vitórias. A marca de 17 vitórias foi igualada com a conquista do Rugby Championship, em campanha perfeita (pela primeira vez uma equipe venceu todos os 6 jogos do Rugby Championship fazendo bônus) e a superação veio na terceira partida da Bledisloe Cup contra a Austrália, no fim de outubro.

 

Verde em alta e verde em baixa

Entretanto, a invencibilidade dos All Blacks caiu quando chegou novembro. Em amistoso em Chicago, nos EUA, curiosamente logo após o Chicago Cubs quebrar seu jejum de mais de 100 anos sem títulos na Major League Baseball, os All Blacks encararam a Irlanda. E quem fez história foram os irlandeses, que pela primeira vez em sua existência (ou, como alguns preferem, pela primeira vez em 111 anos) conquistaram uma vitória sobre a Nova Zelândia, chocando o mundo ao fazer 40 x 29 sobre os recordistas e campeões mundiais. Tendo vencido ainda a África do Sul em junho e a Austrália em novembro, a Irlanda pela primeira vez conseguiu acabar uma temporada vencendo os três gigantes do Hemisfério Sul.

 

Enquanto isso, o outro verde grande do mundo lamentava aquele que talvez foi o pior ano de sua história. A África do Sul conheceu derrota atrás de derrota em 2016. No Rugby Championship, os Springboks perderam pela primeira vez na história para a Argentina em solo argentino, 26 x 24, e sofreram sua maior derrota na história para os All Blacks, embaraçosos 57 x 15 em casa. Depois, em novembro, para completar o drama, a África do Sul foi pela primeira vez derrota pela Itália, 20 x 18.


 

Mas tabu MESMO caiu no Rugby League!

Fechando a retrospectiva, uma olhadinha no que rolou no Rugby de 13 jogadores, porque lá também teve tabu MONSTRO sendo quebrado. Afinal, na NRL, o Campeonato Australiano de Rugby League, o Cronulla Sharks fez história e pela primeira vez em sua existência se sagrou campeão nacional, quebrando uma espera de mais de 50 anos de seu torcedor, o único dos clubes de Sydney que jamais havia levantado a taça da NRL. Pouca coisa?

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