Tempo de leitura: 21 minutos
A etapa brasileira da Série Mundial de Sevens Feminina foi um sucesso retumbante de organização e um festival de boas partidas em campo, pecando apenas em certa ausência de público, que, no entanto, também se repete em outros países que recebem o circuito. Quem pôde ir a Barueri e enfrentou a chuva intimidadora do fim da tarde paulista no sábado assistiu à vitória brasileira sobre a Irlanda – garantindo o 10º lugar às Tupis, que caíram para o 9º lugar na classificação da temporada – e jogos emocionantes nas finais da Taça Ouro, com a Nova Zelândia tirando o Canadá da final nos instantes final para depois ser derrotada pela Austrália, que encheu os olhos e garantiu seu segundo título na temporada e a liderança do circuito.
Brasil começa bem, mas erra contra a Espanha
Na primeira partida do dia, as Tupis começaram com tudo diante das espanholas, em ritmo elevado, com muita pressão e boa movimentação defensiva. O primeiro try foi das Tupis, com Zazá, recebendo na ponta após grande investida de Tatá. 5 x 0. Porém, a resposta das Leoas não tardou e Bárbara Pla quebrou a marcação para correr para o try vermelho, logo depois que Tatá brilhantemente havia salvado o Brasil do contra-ataque ibérico.
Com 7 x 5 de vantagem, a Espanha cresceu e dominou o segundo tempo e explorou muito bem os buracos defensivos do Brasil, criados após os rucks, sempre com mais jogadoras que o ideal. Patrícia Garcia, com dummy desconcertante encontrou o segundo try espanhol, e Bárbara Pla, a maestra, aproveitou outro erro brasileiro para dar números finais com o terceiro try, 21 x 5.
Tupis não seguram as vice-campeãs mundiais
No segundo jogo, o Brasil apostou em um início muito forte contra o Canadá, com tackles duros e marcação precisa. O primeiro try brasileiro não tardou, graças ao bom volume de jogo. Em rápido contra-ataque, Edna fez bela jogada na ponta e fez o try, levantando a Arena Barueri. Try convertido por Tatá, 7 x 0.
Contudo, o Canadá se impôs, mostrando superioridade nos rucks e abrindo as bolas com velocidade. Os tries foram se somando conforme a defesa brasileira foi cansando. Farella e Russel deixaram 2 tries cada, enquanto Paquin e Waters anotaram um cada. 40 x 7.
Em jogo equilibrado, mais uma vez deu Holanda
Brasil e Holanda travaram um duelo à parte na Série Mundial. As holandesas abriram o placar, seguidas de um belo try de Edna, em mais uma noite inspirada, adquirindo boa velocidade e arrancando dos 10m até o in-goal. O Brasil não conseguiu segurar a vantagem e a Holanda marcou novamente no fim. Na segunda etapa, o Brasil novamente demorou pra entrar no jogo e permitiu que o adversário ampliasse com dois tries seguidos, a defesa Tupi simplesmente não conseguiu conter a intensidade do jogo adversário, muito físico. No final, o Brasil encostou com mais um try de Edna, com muita visão de jogo penetrando no meio da linha laranja para cravar o try. O Brasil teve uma última posse de bola, mas acabou desperdiçando a chance de vitória.
Grupo C é o mais equilibrado da primeira fase
No primeiro dia de jogos em Barueri, o grupo do Brasil foi o mais parelho. O Canadá parecia que dominaria a chave, batendo Holanda e Brasil sem maiores problemas. As holandesas, por sua vez, depois de cairem diante das canadenses, fizeram um jogo excelente contra a Espanha, parando o positivo ataque das Leoas para vencer por 12 x 5. Precisando da vitórias, as espanholas fizeram um jogo de arrancar aplausos diante do Canadá e bateram as Canucks. Bianca Farella (artilheira do dia, com 6 tries) fez nada menos que 3 tries para o Canadá, mas as espanholas fizeram um total de 4 tries, com Elisabet Martinez marcando 2 e com Patricia Garcia sendo impecável nas conversões, com 100%, fazendo a diferença ao final.
O grupo mais desequilibrado se provou o Grupo B, com Austrália e Rússia dominando Japão e Argentina. A decisão esteve na partida final entre as das forças, e as Wallaroos falaram mais alto e atropelaram as russas, neutralizando as investidas de Khamidova. Turner e Cherry (vice-artilheira do dia) fizeram 2 tries cada e as aussie triunfaram por expressivos 34 x 0, fechando a sexta-feira com a melhor campanha do dia. No jogo das desesperadas, o técnico time japonês venceu as argentinas por incontestáveis 37 x 0, assegurando pelo saldo a vaga nas quartas-de-final.
No Grupo A, deu o esperado, com a Nova Zelândia fechando o dia na primeira posição. Depois de fazerem um jogo fraco contra os EUA, as Black Ferns fizeram um jogo emocionante contra a Inglaterra, decidida no fim a favor da Nova Zelândia: 17 x 14, com 2 tries decisivos de Sarah Goss. As inglesas ficaram com o segundo posto, batendo os EUA por 19 x 5. A Irlanda, com um time muito jovem, ficou em último.
Brasil lava a alma contra a Irlanda, mas cai diante dos EUA
Na primeira partida do Brasil no sábado, a seleção brasileira mostrou evolução e atropelou a Irlanda, vencendo as Verdes pela segunda vez consecutiva. As Tupis batalharam do início ao fim para fazer bonito perante a torcida, que chegou a mais de 2 mil pessoas. Paulinha, com 2 tries, Julia, Edna, Mari e Raquel: 30 x 0, e vaga na decisão Bronze.
Contra os Estados Unidos, valendo o 9º lugar, o Brasil não conseguiu repetir o desempenho que teve contra as irlandesas e caiu por 21 x 0. Com muita chuva, as Tupis voltaram a errar no ruck, abrindo espaço para o try americano pelo meio da marcação. O primeiro tempo terminou em apenas 7 x 0, mas os EUA voltaram a se impor no segundo tempo e completaram mais 2 tries, fechando 21 x 0. Potter, com 2 tries, e Ringgenberg fizeram os tentos estadunidenses.
Austrália bate Nova Zelândia em reta final emocionante
O segundo dia de jogos na Taça Ouro foi de grandes emoções, com uma reta final de torneio empolgante. Nas quartas-de-final, Austrália, Nova Zelândia e Canadá venceram Japão, Holanda e Espanha, respectivamente, com autoridade. O destaque ficou sem dúvida para dura vitória por 10 x 0 da Inglaterra sobre a Rússia, com tries de Waterman e Staniford, após Kazakova perder a cabeça e agredir inglesa, deixando as russas com uma atleta a menos.
A sequência da Taça Prata viu russas e espanholas falando mais alto contra japonesas e holandesas. Na decisão da taça, o quinto lugar, vitória da Espanha com try isolado de Schiavon, 5 x 0. Ja o Japão mostrou sua evolução e venceu a Holanda por 13 x 5 na briga pelo 7º lugar. Na decisão do último lugar, a Irlanda bateu a Argentina em jogo emocionante, com as Pumas perdendo a vitória histórica com um erro em try que seria decisivo no minuto final. 17 x 12.
A Taça Ouro deu início às semifinais com uma vitória contundente da Austrália sobre a Inglaterra: 31 x 0, com Emilee Cherry, a artilheira da etapa (com 41 pontos e 7 tries) deixando 2 tentos. E enquanto as Wallaroos venciam com folga, as Black Ferns sofriam para passar pelas Canucks canadenses. O jogo semifinal entre as duas forças foi épico, com a Nova Zelândia arrancando uma vitória inacreditável. Depois que Kayla McAllister abriu o placar para as Black Ferns, o Canadá reagiu com 2 tries de Paquin e 1 de Moleschi, fazendo 17 x 7. A vantagem se manteve até o minuto final, quando Broughton fez o try para dar esperanças às neozelandesas. Faltando segundos para o fim, as kiwis recuperaram a posse de bola e a trabalharam por longos 2 minutos até Sarah Goss cravar o try da vitória, novamente superando o Canadá (que já havia caída diante da Nova Zelândia em Moscou e em Atlanta).
As canadenses ainda deram a volta por cima vencendo o 3º lugar com vitória expressiva sobre a Inglaterra por 26 x 0, com Bianca Farella fazendo o try que a tornou a maior anotadora de tries do circuito, com 8, isoladamente.
Na finalíssima, diante de um já esvaziado estádio, Austrália e Nova Zelândia fizeram um jogo estupendo, com as Wallaroos assegurando o segundo triunfo na temporada sobre as Black Ferns. Charlotte Caslick, em dia inspirado, e Emma Tonegato, fizeram 12 x 0 para as aussies, que começaram o primeiro tempo com volume e controle do jogo, mostrando um time de passes rápidos e apoio constante e eficiente. A craque Emilee Cherry, eleita a melhor atleta do torneio, cravou o terceiro try logo no início do segundo tempo, em verdadeira aula de passes da Austrália, com bela triangulação antes da finalização. Porém, a Nova Zelândia cresceu, reagiu com try de Broughton e encostou no marcador com Portia Woodman dando outra aula: de side step, em lindo drible sobre duas aussies. Contudo, o dia era verde-e-amarelo, e a Austrália matou o jogo em contra-ataque fulminante finalizado por Caslick, fechando a vitória por 24 x 12 e o segundo título em 3 etapas, assegurando a liderança do circuito, empatada em pontos com a Nova Zelândia.
Bradesco Rugby Brasil Sevens – 3ª etapa da Série Mundial de Sevens Feminina 2013-14 – em Barueri, São Paulo, Brasil
Grupo A: Nova Zelândia, Inglaterra, Estados Unidos, Irlanda
Grupo B: Austrália, Rússia, Japão, Argentina
Grupo C: Canadá, Espanha, Holanda, Brasil
Sexta-feira, dia 21 de fevereiro
14h30 – Nova Zelândia 36 x 0 Irlanda
14h52 – Inglaterra 19 x 5 Estados Unidos
15h14 – Brasil 5 x 21 Espanha
15h36 – Canadá 17 x 5 Holanda
15h58 – Austrália 38 x 0 Argentina
16h20 – Rússia 17 x 0 Japão
17h14 – Nova Zelândia 17 x 0 Estados Unidos
17h36 – Inglaterra 29 x 7 Irlanda
17h58 – Canadá 40 x 7 Brasil
18h20 – Espanha 5 x 12 Holanda
18h42 – Austrália 24 x 7 Japão
19h04 – Rússia 29 x 0 Argentina
19h58 – Estados Unidos 22 x 0 Irlanda
20h20 – Nova Zelândia 21 x 14 Inglaterra
20h42 – Brasil 14 x 20 Holanda
21h04 – Canadá 26 x 28 Espanha
21h26 – Japão 34 x 0 Argentina
21h48 – Austrália 34 x 0 Rússia
Sábado, dia 22 de fevereiro
Quartas-de-final
14h30 – Austrália 27 x 0 Japão
14h52 – Inglaterra 10 x 0 Rússia
15h14 – Nova Zelândia 35 x 0 Holanda
15h36 – Canadá 22 x 0 Espanha
Semifinal Bronze
15h58 – Estados Unidos 35 x 0 Argentina
16h20 – Brasil 30 x 0 Irlanda
Semifinal Prata
17h36 – Japão 5 x 10 Rússia
17h58 – Holanda 0 x 19 Espanha
Semifinal Ouro
18h20 – Austrália 31 x 0 Inglaterra
18h42 – Nova Zelândia 21 x 17 Canadá
Disputa do 11º lugar
19h04 – Argentina 12 x 17 Irlanda
Final Bronze
19h26 – Brasil 0 x 21 Estados Unidos
Disputa do 7º lugar
20h20 – Japão 13 x 5 Holanda
Final Prata
20h42 – Rússia 0 x 5 Espanha
Decisão do 3º lugar
21h12 – Inglaterra 0 x 26 Canadá
Final Ouro
21h30 – Austrália 24 x 12 Nova Zelândia
Brasil:
Edna Santini – São José
Júlia Sardá – Desterro
Juliana “Juka” Esteves – Bandeirantes
Luiza Campos – Charrua
Mariana Ramalho – SPAC
Paula Ishibashi – SPAC
Tais “Tatá” Balconi (capitã) – Desterro
Thaís “Xuxu” Cruz – SPAC
Carla “Zaza” Barbosa – São José
Raquel Kochhann – Charrua
Thamara Rangel – Vitória
Angélica “Binha” Gevaerd – SPAC